29.7 C
São Paulo
sábado, abril 27, 2024

Do sacro ao clássico. Da música secular ao movimento gospel da atualidades.

Artigos Relacionados

Música do mundo, ou secular. O cristão pode ouvir?

É importante primeiramente entender exatamente o significado de “música...

Cosmos: A soberania de Deus que excede a todo o entendimento

No dia 21 de dezembro de 1968 os astronautas James...

Confrontando as “70 razões para se guardar o sábado”

Como Senhor do sábado, Jesus defendeu seus discípulos quando...

Curiosidades da Bíblia

Neste artigo, separamos algumas curiosidades que você (talvez) ainda...

A verdade sobre a criação através da Bíblia

“Estas são as origens dos céus e da terra,...
spot_imgspot_img

Introdução

A música cristã religiosa tem na sua formação uma história de pouco mais de quinze séculos quando o papa Gregório I institucionaliza o canto gregoriano, se tornando modelo para a Europa católica. Porém, foi no século XVI, com os reformadores Martinho Lutero na Alemanha, Úlrico Zuínglio na Suíça de língua alemã e João Calvino em Genebra com a chegada das assim chamada igrejas protestantes, começou a busca na valorização da música nos cultos, dando grande ênfase à educação musical. Nos séculos que se seguiram, vários compositores de diversos países e igrejas aperfeiçoaram a música religiosa, chegando até os nossos dias.

Para embasar nossa trajetória e compreender melhor a música na igreja, não podemos deixar de dar uma “pincelada”, uma visão panorâmica na história da música e sua relação com as principais religiões e culturas, dando maior foco na Europa, no Oriente e obviamente, na América do Norte e  no Brasil. Não trataremos em detalhes sobre a música como criação divina e os benefícios reais para a vida do homem com Deus (você pode conferir este outro artigo clicando aqui). Tão pouco iremos tratar das  técnicas e notação da música. Vamos tratar da música como um todo, destacando seus influênciadores na sociedade e os principais acontecimentos de cada época.

No primeiro momento, não questionaremos a qualidade ou estilo de cada música, até porque, ao longo deste estudo iremos disponibilizar vários áudios e vídeos para que o leitor possa acompanhar, conhecer e, mentalmente visualizar a “timeline” das modificações culturais e da evolução musical no mundo, principalmente no Brasil, Estados Unidos e Europa. Vamos mostrar trechos de diversos estilos de músicas dentro de suas épocas, fazendo com que o leitor faça uma “viagem no tempo” musical.

Veremos como a música que conhecemos hoje foi (em alguns casos) influenciada negativamente, trazendo grandes prejuízos para a vida espiritual de muitos. Porém, não significa que não nos utilizaremos da base bíblica em certos tópicos ao longo de nosso estudo, até porque seria impossível desassociar uma coisa da outra.

Este estudo finalizará com uma visão dos benefícios de se ouvir uma boa música e os malefícios da música ruim e direcionada, que destrói a alma e o espírito humano. Nosso objetivo é que, ao finalizar a leitura deste estudo, o leitor possa ter uma visão geral do que a música tem feito ao longo dos séculos, e então, fazer suas escolhas. Como o apostolo Paulo escreveu em I Coríntios 6:12, “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas“.
Como a música sempre é a expressão de uma cultura, é possível compreender o desenvolvimento da música refletindo nos vários estágios do desenvolvimento de vários povos nos tempos antigos.

Passaremos rapidamente pela idade antiga (4000 a.C. – 476 d.C.), período que acompanha todas as civilizações da Antiguidade, como os povos mesopotâmicos, hititas, fenícios, hebreus, persas, chineses, gregos e romanos, os povos considerados com maior avanço intelectual de toda a Antiguidade.

Inquisição na Idade Média, ou das trevas

Chegaremos na Idade Média (também conhecida como idade das trevas) que se estendeu de 476 a 1453, e o estabelecimento desse período considera a forma como a sociedade da Europa Ocidental desenvolveu-se.

 

A Idade Moderna (1453-1789) foi a fase de transição do feudalismo para o capitalismo. O “fechamento” de Constantinopla, quando a cidade foi conquistada pelos muçulmanos, levou os europeus a procurarem alternativas para seu comércio e disso veio, em parte, o impulso para as Grandes Navegações. Foi neste período que o poder da Igreja romana começou a ser questionada e a importância da razão começou a sobrepor-se em relação à fé.

A idade contemporânea, a partir de 1789 é a fase atual. Iniciou-se com a Revolução Francesa, acontecimento que transformou radicalmente a sociedade ocidental. As colônias europeias na América conquistaram sua independência, mas os europeus acabaram colonizando a África e Ásia quando a indústria surgiu. O desenvolvimento do capitalismo deu origem a movimentos de contestação que reuniam trabalhadores na defesa de seus interesses contra a intensa exploração realizada pelos burgueses. Isso deu origem a movimentos como o socialismo, que influenciou a humanidade ao ponto de revoluções comunistas acontecerem em várias partes do mundo no século XX, que também ficou marcado por duas grandes guerras mundiais. Porem, mesmo em meio a tudo isso, a música continuava a ter o seu papel importante na história.

A Música no Centro das Atenções

É interessante notar que a Palavra de Deus não nos forneceu um tratado ou um capítulo sobre música na Bíblia. Ela só nos dá um vislumbre do ponto de vista bíblico da música. É preciso recolher informações ao longo dos vários eventos e acontecimentos na história de Israel, por exemplo.

Precisamos desconstruir o conceito de que a música é apenas arte. Geralmente as pessoas colocam em uma mesma caixa mental: música, dança, pintura, escultura, teatro e toda forma de arte que esteja associada na sua memória. Porém, arte está ligado a criações do homem. Ninguém olha algo que Deus criou, como uma linda praia, o sol, as estrelas e chama isso de arte. Pois não foi o homem quem criou. Correto? Quando lemos as escrituras, encontramos algumas afirmações claras sobre quem criou os céus, a terra e tudo que nela há, como em Neemias 9:6, Salmos 24:1; 102:25, porém, existe um versículo que é chave para essa questão, encontra-se descrito no livro de Jó 38:4-7, quando Deus fala:

Jó questionando Deus

“Onde você estava quando lancei os alicerces da terra? Responda-me, se é que você sabe tanto. Quem marcou os limites das suas dimensões? Talvez você saiba! E quem estendeu sobre ela a linha de medir? E os seus fundamentos, sobre o que foram postos? E quem colocou sua pedra de esquina, enquanto as estrelas matutinas juntas cantavam e todos os anjos se regozijavam?
(Jó 38:4-7)

Deus diz que as estrelas cantavam? Se na criação, antes mesmo do homem existir, as estrelas cantavam, significa que já havia música no céu, antes de existir na terra. Esse entendimento, quebra completamente o conceito de que música é arte, pois nessa base bíblica entendemos que a música não nasceu do homem, mas sim de Deus.

Muitas pessoas subestimam o poder da música. A música tem o poder de tocar a alma, mexer com nossas emoções, ativar a nossa fé e mover o mundo espiritual. A música tem muito poder e não é por acaso que o mundo em nossa atualidade investe muito dinheiro neste segmento. A indústria fonográfica obteve no Brasil em 2021, lucro de R$ 2,1 bilhões, segundo a FPI (Federação das Indústrias Fonográficas). Os vídeos musicais em streaming com interatividade, e remunerados por publicidade, como o Youtube e Vevo entre outros, geraram recursos de aproximadamente R$ 403,7 milhões de reais em 2021, subindo 56,2% se comparadas a 2020. No mundo todo o lucro total chega perto dos US$ 400 bilhões (sim, bilhões de dólares que convertido, daria mais de R$ 1,7 trilhões de reais). Se o mundo investe tanto assim em música, e sabemos quem é o príncipe desse mundo, temos que ficar atentos e não podemos de forma alguma banalizar o poder que a música tem, principalmente sobre uma juventude tão fragilizada como a de nossos dias.

Nos Tempos Antigos

Por volta dos anos 2000 a.C. -331 a.C., surge no Oriente Médio instrumentos como lira, harpa, alaúde, flauta e trombeta. O conhecimento sobre a música da época resume-se ao que se pode deduzir da afinação e das escalas dos instrumentos encontrados, das figuras de tocadores e de rituais.

Durante o período patriarcal, os instrumentos musicais também eram formas importantes de comunicação. Exclamações ou aclamações eram usadas para celebrar, por exemplo, a descoberta de um poço (Números 21:17-18), ou para marcar um pacto com uma tribo, ou um chefe, ou uma causa (Êxodo 17:15; Juízes 7:18). Mais tarde, na história de Israel, durante a sua peregrinação pelo deserto, sinais dados pelas longas trombetas de prata (hatsotserah), feitas com o precioso metal trazido do Egito (Êxodo 12:35-36) e construídas de acordo com as instruções de Deus (Números 10:2), comunicavam as várias atividades do acampamento, tais como reuniões, montagem do acampamento, assembléias, guerra, bem como festas e celebrações (Números 10:3-10).

A música no Egito

No Egito Antigo, ainda em 4.000 a.C., a música era muito presente, configurando um importante elemento religioso. Os egípcios consideravam que essa forma de arte era uma invenção do deus Thoth e que outro deus, Osíris, a utilizou como uma maneira para civilizar o mundo.
A música era empregada para complementar os rituais sagrados em torno da agricultura, que era farta na região. Os instrumentos utilizados eram harpas, flautas, instrumentos de percussão e cítara – que é um instrumento de cordas derivado da lira.

A Música na Mesopotâmia, Ásia e Índia

Na região da Mesopotâmia, localizada entre os rios Tigre e Eufrates, habitavam os povos sumérios, assírios e babilônios. Foram encontradas harpas de 3 a 20 cordas na região onde os sumérios viviam e estima-se que sejam objetos com mais de 5 mil anos. Também foram descobertas cítaras que pertenceram ao povo assírio.
Na Ásia – em torno de 3.000 a.C. – a atividade musical prosperou na Índia e China. Nessas regiões, ela também estava fortemente relacionada à espiritualidade.
O instrumento mais popular entre os chineses era a cítara e o sistema musical utilizado era a escala de cinco tons – pentatônica.

Grécia e Roma

Podemos observar que a cultura musical na Grécia Antiga funcionava como uma espécie de elo entre os homens e as divindades. Tanto que a palavra “música” provém do termo grego mousikē, que significa “a arte das musas”. As musas eram as deusas que guiavam e inspiravam as ciências e as artes.
É importante ressaltar que Pitágoras, grande filósofo grego, foi o responsável por estabelecer relações entre a matemática e a música, descobrindo as notas e os intervalos musicais.
Sabe-se que na Roma Antiga, muitas manifestações artísticas foram heranças da cultura grega, como a pintura e a escultura. Supõe-se, dessa forma, que o mesmo ocorreu com a música. Entretanto, diferente dos gregos, os romanos usufruíam dessa arte de maneira mais ampla e cotidiana.

Na Lei mosaica, era permitido apenas aos sacerdotes tocarem as trombetas (Números 10:8). De forma semelhante, o uso do chifre de carneiro também era limitado a papéis específicos, tais como a sinalização da guerra e dos eventos de culto. O shofar ocupa um lugar de destaque entre os instrumentos de Israel. Cercado de simbolismo religioso e espiritual, a história de seu uso é traçada pela tradição até o sacrifício de Isaque. A primeira referência feita pelas Escrituras (Êxodo 19:19) conecta o shofar com o evento da promulgação da Lei sobre o Monte Sinai. Os dois tipos de trombetas (o shofar e as hatsotserah) tornar-se-iam para os profetas, assim como para a igreja do Novo Testamento, como símbolos do Dia do Senhor (Isaías 58:1; Jeremias 4:5; Ezequiel 33:3-4; Oséias 5:8; Joel 2:1; Amós 2:2; Zacarias 9:14. Veja também Apocalipse 8 e 9; I Crônicas 15:52) e freqüentemente eram associadas com a voz do próprio Senhor (I Tessalonicenses 4:16; Apocalipse 1:10).
Além dos sinais e aclamações, a Bíblia também menciona cânticos de triunfo (Êxodo 15:21) ou de vingança e lamentação (Gênesis 4:23-24), para acompanhar e guerra e a vitória. O livro de Números (21:14) faz inclusive referência a uma coleção de cânticos épicos, o “Livro das Guerras do Senhor”, que relata as vitórias do Senhor sobre os inimigos de Israel. Algumas manifestações poético-musicais também são encontradas na Bíblia, como podemos ver na descrição da orquestra de Nabucodonosor II feita por Daniel.

Música da antiguidade bíblica – a.C.

Sendo um povo que apreciava a música rítmica, era difícil um israelita ficar parado ao ouvi-la. Por natureza, eles eram agitados e gostavam de expressar livremente as emoções, tanto as alegrias como as tristezas.
Certa vez o rei Davi dançou perante o Senhor (2 Sm 6.14), e o mesmo fizeram Miriã e um grupo de mulheres (Êx 15.20). No passado, os israelitas costumavam dançar por ocasião dos festivais de colheita (Jz 21.19). Nos tempos neotestamentários, as crianças dançavam nas ruas (Lc 7.32). E, também houve dança na festa de comemoração da volta do Filho Pródigo (Lc 15.25).
Não se sabe exatamente como seriam essas danças, mas provavelmente eram como as danças folclóricas, e não como as de hoje, quando homens e mulheres formam pares para dançar.

Dos Séculos VI a.C aos Tempos de Jesus

Já no Século VI a.C., as referências à música aparecem nos escritos dos filósofos gregos. Há uma vasta produção musical ligada às festividades e ao teatro, e a notação musical é feita com a utilização de letras do alfabeto grego, o que possibilita a recuperação de algumas composições. Pitágoras demonstra proporções numéricas na formação das escalas musicais, na mais antiga menção a uma teoria da música na Grécia.
Nos Séculos V a.C.- IV a.C., período este da Antiguidade clássica, na Grécia, são cantados os ditirambos – coros em honra ao deus Dionísios. Aristogenos de Tarento funda uma nova teoria musical grega, para a qual a base deixa de ser numérica, como o era para os pitagóricos, e passa a levar em conta a experiência auditiva.
Por fim, nos Séculos IV a.C.- I a.C., a teoria e a música grega são compiladas pelos romanos. A tradição musical grega é difundida por escravos vindos da Grécia, que tomam parte em exibições de lutas e espetáculos em anfiteatros.

Já imaginou como era a música no tempo de Jesus? Baseados em anos de intenso estudo e pesquisa, Christopher Moroney e SAVAE (Sant Antonio Vocal Arts Ensemble) recriaram com brilhantismo e criatividade a música que Jesus pode ter ouvido nos templos e sinagogas do primeiro século. (…) A música foi recriada a partir de fragmentos de melodias Hebraicas, música Babilônico-Judaica e canções tradicionais que foram passadas através dos anos desde o tempo de Jesus. Ouçam um trecho:

Canção Grega dos tempos de Jesus, Século I – (Sant Antonio Vocal Arts Ensemble)

No auge do Império Romano, nos dois primeiros séculos da era cristã, muitos documentos relatam a existência de grandes coros e orquestras, grandes festivais e concursos de música. Muitos imperadores foram patronos da música. Com o declínio econômico do império, nos séculos III e parte IV d.C, a produção musical desaparece (GROUT; PALISCA, 2007).

A Idade Média, ou das Trevas

Cantores na Idade Média

A base da música da Idade Média começa com a proliferação das comunidades cristãs. Suas fontes são a música judaica (os salmos) e a música helênica sobrevivente na Roma antiga. As principais formas musicais são as salmodias e himnodias, cantadas numa única linha melódica, sem acompanhamento. A música não dispõe, então, de uma notação precisa. São utilizados signos fonéticos acompanhados de sinais que indicavam a movimentação melódica.
No século IV d.C, com a rápida expansão do cristianismo, o Vaticano unifica a prática litúrgica romana. Isto porque para a igreja católica a música estava em sua maioria, associada a práticas sociais e rituais pagãos que a Igreja primitiva julgava que deveriam ser eliminados. Assim, afastou-se essa música da Igreja, já que traria abominações ao espírito dos fiéis, e apagou-se por completo a memória dela. Contudo, alguns elementos da prática musical antiga sobreviveram durante a Idade Média e as teorias musicais foram as bases das teorias medievais, integradas à maior parte dos sistemas filosóficos. Vale ressaltar tambem que foi neste período que o papa Gregório I (São Gregório, o Magno) institucionaliza o canto gregoriano, que se torna modelo para a Europa católica.

 

Canto Bizantino – Alleluia, exapostilarion de l’Office du Mardi Saint.

A Era dos Mosteiros: 1000 - 1500

Não – o mundo não acabou no ano 1000; não houve nenhum julgamento final e nenhum apocalipse, embora estes eventos fossem previstos para ocorrerem 1000 anos após a morte de Cristo. Ao contrário disto, as pessoas tentavam se manter da melhor forma possível neste mundo.

Durante a Alta idade Média, particularmente no período Romântico, os mosteiros lideraram o desenvolvimento das artes. O oriente Cristão teve uma influência incontestável sobre a arte em toda a Europa, na decoração de paredes e paineis, na arquitetura, pintura, ilustração de livros e nas esculturas de marfim. Na Alemanha, a casa da Floresta Negra de Hirsau liderou o caminho da arquitetura monástica.

Era um período importante, principalmente na literatura comum que era em latim, a língua da igreja. A poesia repleta de fervor religioso estava em alta, o que não foi difícil para concatenar a linguagem universal da música com os versos líricos da igreja cristã. Não podemos deixar de alertar que havia também o contraponto. Monges que tinham fugido, padres e estudiosos que celebravam “vinhos, mulheres e canções” por meio de versos festivos (como “Carmina Burana”, popular até os dias de hoje). O ambiente eclesiástico era ideal para o estudo da música, que tambem florescia nas escolas das catedrais, como Aachen e Worms. Os coros cantavam as antífonas dos Cantos Gregorianos, que proviam riqueza melódica para os dias da semana, domingos e feriados sagrados. A teoria musical desenvolveu-se neste período e foi escrita em tratados, como o antigo “De harmônica institutione”, do monge Flamengo H de St. Armand, que apresenta a teoria da música adaptada à pratica do cantochão, ou da “Musica enchiriadis”, o mais antigo documento sobre polifonia.

Alleluia, Inclite Dux Benedicte Benedicte Merita

Em 1026, Guido de Arezzo foi convocado ao Vaticano para organizar o ensino da música de forma sistemática, originando as primeiras silabas das notas musicais que mais tarde foi aprimorada.
Podemos traças a origem da polifonia ao início do século X, quando o Canto Gregoriano era cantado em uníssono; foi provavelmente o Abade Hoger de Werden que desenvolveu a teoria de Organum de duas-partes, designando uma voz acompanhando a melodia gregoriana, em movimentos paralelos, em intervalos de um oitavo, quinta ou quarta (não vamos nos atentar nas técnicas musicais aqui neste artigo, que é mais focado nos acontecimentos históricos).

É importante salientar que não era só os monges que louvavam a Deus com suas vozes. As freiras também praticavam esta arte. No século XII, St. Hildergard von Bingen foi o expoente feminino mais destacado da música sagrada medieval. Notre-Dame em Paris, também se tornou um centro da arte polifônica.

Alma Redemptoris Mater

Eventos políticos dramáticos e a peste negra moldaram a época. Os anos de 1304-1307 marcaram a subida ao poder de Fra Dolcino, no norte da Itália, e em 1309 a cadeira papal mudou-se para Avignon e em 1339 iniciou-se a guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra. A peste negra veio logo depois em 1348-1350 devastando a Europa.

Mesmo em meio a tudo isso, este foi um período em que a música era crescente e chamava a atenção de muita gente. As mais importantes personalidades da vida musical do século XIV foram Philippe de Vitry, seu compatriota francês Guillaume de Machaut e o italiano Francesco Landino. Porém, foi Johannes Ciconia (1370-1412) que ao produzir sua obra em Pádua, simbolizou a transição para a grande era Franco-Flamenga do século XV, a famosa era de ouro dos compositores italianos se aproximava.

A tradições francesa, italiana e inglesa estavam se misturando e se fundindo principalmente no norte da França. Missas, hinos e motetos eram as formas preferidas e a corte de Burgos durante o reinado de Felipe, o Bom (1419-1467) e de Carlos, o Corajoso era um verdadeiro ponto de encontro entre músicos da época. Estes músicos por onde passavam estimulavam a vida musical e absorviam novas ideias, especialmente na Itália. A música sagrada e a secular permaneciam equilibradas.
Na Itália, o vigor da música popular influenciou muitas canções populares. A corte de Médici por exemplo, vibrava com suaves canções de Carnaval, laudes sagradas e pomposos acompanhamentos para as danças e procissões. As músicas das outras cortes eram igualmente sensuais.

Anon- Up I Arose In Verno Tempore

A partir do século XI quando muitos experimentos foram feitos, criou-se a polifonia e Guido d’Arezzo era um dos principais responsáveis pelo processo de aprendizagem e ensino da música formal. Já no sul da França começaram a aparecer os primeiros trovadores.

No século XII a prática polifônica dá um salto com a música escrita por compositores que atuam na Catedral de Notre-Dame. Eles dispõem de uma notação musical evoluída, em que não só as notas vêm grafadas mas também os ritmos. Destacam-se compositores como Léonin e Pérotin.

Cantiga do Século XII

Já nos séculos XIII a XIV, surge na França a Ars Antiqua (arte antiga) caracterizada pela independência rítmica das melodias e a preocupação de compor uma música sem dissonância.

As obras passam a ser assinadas e surge a figura do compositor. Os principais são Petrus de Cruce e Adam de la Halle (1250-1306). No século XIV, desenvolve-se a ars nova (arte nova), movimento que busca romper com as regras até então aceitas. Em plena crise da Igreja, a música secular predomina sobre a sacra e a atividade de compositores profanos desse período é marcada pelos minnesangers e meistersangers germânicos e pelos trovadores franceses. Suas composições, de cunho popular, incluem canções de amor, canções de cruzadas, lamentações, duelos poético-musicais e baladas. Com maior liberdade de ritmo, aparecem novas formas vocais, como o rondó e o madrigal. Na área religiosa, a novidade são as missas. Um dos principais compositores é Guillaume de Machaut (1300-1377), autor da missa polifônica mais antiga que se conhece: Missa de Notre Dame (1364).
Neste período, surge a polifonia, que consiste na produção de mais sons dentro de uma mesmo música.

Missa de Notre Dame (Kyrie)

As Primeiras Orquestras

O termo orquestra tem origem na Grécia Antiga e remete ao espaço semicircular localizado em frente aos estádios gregos, entre o cenário e a plateia, onde o coro apresentava-se. Mas desde esse período até meados do século XV, pode-se dizer que as apresentações musicais eram performadas por pequenos grupos para entreter a realeza e a nobreza da Idade Média.
A orquestra sinfônica, ou filarmônica como conhecemos atualmente, tem suas origens somente no período renascentista. A primeira fase, chamada de orquestra barroca, começou na segunda metade do século XVI e século XVII foi bastante influenciada pelos italianos.

Antonio Vivaldi | Concerto No. 4 em Fá menor, op. 8

Ela apresentou as primeiras tentativas de formação de grupos instrumentais autônomos e com padronização da formação, com composições feitas para um número específico de instrumentos como, por exemplo, as orquestras de Giovani Gabrielli e Antônio Vivaldi em Veneza e de Claudio Monteverdi em Florença. Aos poucos, importantes cidades europeias criaram seus próprios teatros e casas de ópera, onde compositores renomados reuniam os melhores talentos da região.

Já no final do século XVIII surgiu a orquestra clássica que introduziu a formação atual das orquestras, bem como novos conceitos de criação dos instrumentos musicais e da forma de tocar em grupos. Esse período também marcou a emergência dos violinos como protagonistas e de compositores famosos como Bach, Handel.
Desde então, as orquestras sofreram poucas alterações substanciais. Durante o século XIX, os instrumentos de sopro tornaram-se bastante populares e houve um aumento na quantidade de instrumentistas participando das orquestras. Já no século XX, o número de membros diminuiu novamente, predominou então a experimentação, ao passo que a participação da percussão cresceu.

O Século XV

O renascimento Científico deve ser entendido dentro do contexto do renascimento Cultural, ocorrido na Europa entre os séculos XV e XVI. Foi um período marcado por grandes avanços nas ciências, possibilitados pelos estudos e experimentos de grandes cientistas. Contudo, o Renascimento também é compreendido pelo período da história europeia caracterizado por um renovado interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte. O Renascimento começou na Itália, no século XIV, e difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI.
Uma das marca do Renascimento em musica foi à inversão da impressão das partituras, a partir de 1473 vários escritores passaram à partitura a técnica inventada por Rothenberg. Em 1468 Ottaviano dei Petrucci tornou-se o primeiro editor de musica tornando assim, a rápida difusão das obras musicais. Música renascentista refere-se à música europeia escrita durante a renascença, ou seja, no período que vai, aproximadamente do ano de 1400 d.C a 1600 d.C. A definição do início do período renascentista é difícil devido à falta de mudanças abruptas no pensamento musical do século XV.  Adicionalmente, o processo pelo qual a música adquiriu características renascentistas foi gradual, não havendo um consenso entre os musicólogos, que têm demarcado seu começo.
A escola romana retoma o canto gregoriano na composição polifônica, atendendo às exigências da Contra-Reforma. Seu principal representante é Giovanni Pierluigi da Palestrina, cuja obra é modelo para as escolas posteriores. A independência e o equilíbrio entre as vozes melódicas e a melodia agradável são ressaltados nos tratados de contraponto polifônico de Berardi, no século XVII, e de Fux, já no século XVIII.

Séculos XVI e XVII

Jacopo Peri

Desenvolve-se neste período o madrigal italiano, conjunção perfeita entre música e texto. O madrigal é herdeiro direto das chansons francesas, que já possuíam caráter descritivo e usavam cantos de pássaros, gritos de pregão nas ruas e a narração de batalhas como temática. Baseia-se na prática polifônica e na homofonia nascente. A música, inspirada pelo texto, utiliza-se de recursos sonoros para descrever as cenas que o texto narra. Por seu caráter dramático, o madrigal é o elo entre a música modal medieval e renascentista e a música tonal do barroco, classicismo e romantismo. Seus principais compositores são Luca Marenzio, Andrea Gabrieli, Carlo Gesualdo di Venosa, Claudio Monteverdi e Heinrich Ignaz Franz von Biber. Refletindo a preocupação dos membros da Camerata de Florença em recriar o drama grego antigo com música, Jacopo Peri compõe a primeira ópera -Dafne (1598, partitura extraviada).

Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704) “Missa Alleluja, Kyrie”

Os anos de  1660-1750 foi o período de auge do barroco. Predominava a música vocal-instrumental voltada ao texto a ser cantado. É a época das primeiras óperas, das grandes cantatas e oratórios e da fuga, definindo o início da música tonal.

Johann Sebastian Bach

A polifonia, com as vozes melódicas independentes do coro, cede lugar à homofonia. As melodias são simples, acompanhadas, facilitando a compreensão do texto. A música instrumental, além de pontuar as óperas com passagens instrumentais, surge como linguagem independente, favorecendo o virtuosismo técnico. Floresce a música para órgão, cravo e espineta: O Cravo Bem Temperado e Prelúdios e Fugas para Órgão, de Johann Sebastian Bach; as Sonatas de Domenico Scarlatti.
A música modal medieval e suas variantes dão espaço aos dois modos tonais: o maior e o menor. As alturas – notas – são organizadas em um desses dois modos, a partir de uma das 12 alturas cromáticas (as sete notas mais suas alterações, sustenido ou bemol), as quais dão nome às tonalidades: dó menor, dó maior, ré maior etc.

J.S. Bach : Toccata and Fugue in D minor, Liene Andreta Kalnciema live at Riga Cathedral

Veja neste vídeo 5 estilos de músicas dos séculos XV ao XVII.

Ave Maria (J.S Bach/Gounod) 1685-1750

A peça é composta por uma melodia do compositor romântico francês Charles Gounod especialmente projetada para se sobrepor ao Prelúdio No. 1 em C maior, BWV 846, do Livro I de J.S. Bach, O Cravo Bem Temperado, escrito cerca de 137 anos antes. Embora publicado em versões instrumentais e equipado para vários textos durante a vida de Gounod, a alegação de que ele nunca a escreveu realmente parece ser literalmente verdade.
Ao lado da Ave Maria de Schubert e Offenbach, a Ave Maria de Bach/Gounod se tornou um ponto de encontro em funerais e missas de casamento.

J.S Bach/Gounod, Ave Maria. André Rieu & K. Skota

Johann Sebastian Bach foi um compositor, cravista, Kapellmeister, regente, organista, professor, violinista e violista oriundo do Sacro Império Romano-Germânico, atual Alemanha. Nascido numa família de longa tradição musical, cedo mostrou possuir talento e logo tornou-se um músico completo.

Ave Maria (Franz Schubert) 1797-1828

A letra da música da versão de Schubert não contempla exatamente a oração Ave Maria, mas sim para parte do Opus 25 do poema “A Dama do Lago, de Walter Scott”, onde a personagem Ellen canta e pede proteção depois de se esconder em uma caverna junto de seu pai para escapar da vingança do rei.
Por conta das palavras de abertura, houve um equívoco de relacionar que Schubert teria feito uma melodia para a oração católica.
O que acabou acontecendo é que a melodia de Schubert foi utilizada em adaptações da oração em latim e assim ficou conhecida. Essa melodia foi aproveitada por grandes nomes da música mundial atual, como Maria Callas, José Carreras, Andrea Bocelli Karen Carpenter e por Luciano Pavarotti.

Franz Schubert, Ave Maria. André Rieu & Mirusia

Franz Peter Schubert foi um compositor austríaco do fim do classicismo, com um estilo marcante, inovador e poético do romanticismo. Escreveu cerca de seiscentas peças musicais, bem como óperas, sinfonias, incluindo a “Sinfonia Incompleta”, sonatas entre outros trabalhos

Século XVIII – O Século das Luzes

Chega a vez do período clássico. O termo “clássico” aqui se aplica ao período da música ocidental entre a segunda metade do século XVIII e o início do século XIX. Nesse contexto, a música dita clássica está diretamente ligada aos ideais da antiga Grécia, quais sejam: a objetividade, o controle emocional, a clareza formal e o respeito pelos princípios estruturais no discurso musical. O Classicismo nasceu a partir de um movimento de ideias vindas do período da Renascença, que teve como princípio a exaltação da beleza antiga.

Gioachino Rossini

Um dos mais bem-sucedidos compositores da história, Gioacchino Rossini (1792-1868) surgiu no início do século XIX como o “salvador” da ópera italiana. Lembrado sobretudo por suas célebres aberturas e pelo “Fígaro lá, Fígaro cá” de seu Barbeiro de Sevilha, a importância dele vai muito além desta que é considerada a mais perfeita comédia dos palcos operísticos. A profunda admiração de Rossini pelo compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) levou alguns dos primeiros críticos a considerá-lo “demasiado germânico”. Mas esse tipo de ressalva logo seria esquecido, ante os ritmos saltitantes, a colorida orquestração, as melodias irresistíveis e as árias floreadas: seu som era, acima de tudo, italiano. Rossini compôs 35 óperas em duas décadas, deixando uma identidade musical tão própria e única que é conhecida simplesmente como rossiniana. Em 1829 Rossini produziu sua última ópera, Guillerme Tell.

Rossini, Abertura Guillerme Tell (final).

Rossini, Fígaro Cavatina, André Rieu

O movimento iluminista, com seu foco nos ideais humanos e racionais, teve grande influência nessa mudança de valores estéticos, assim como o interesse pela elegância sóbria da arte e arquitetura greco-romana, inspirado em parte pela descoberta das ruínas de Pompéia em 1748. Era uma época de grandes mudanças sociopolíticas, com os efeitos da Revolução Industrial. Surgia uma ampla classe média ávida por consumir arte. As aristocracias da Europa, vítimas das devastações das Guerras Napoleônicas, tinham menos recursos para sustentar músicos, e o velho sistema do mecenato começou a se desintegrar.

Mozart

Tradicionalmente, os músicos contratados pelas cortes aristocráticas eram considerados servos. Porém, com a difusão dos concertos públicos, passaram a receber dinheiro por suas apresentações, bem como a publicar suas composições, garantindo renda extra. Haydn, por exemplo, era contratado pela nobre família húngara dos Esterházy, mas tinha licença para viajar. Mozart, que era músico do arcebispo de Salzburgo, não gozou dessas benesses e, desmotivado com sua posição servil, mudou-se para Viena e pediu demissão, tornando-se um dos primeiros músicos freelance. Contudo, o mundo da música ainda não podia custear tal ambição, e ele passou por consideráveis dificuldades financeiras. Quando Beethoven mudou-se para Viena em 1794, viveu da riqueza de seus patronos, nunca se vendo obrigado a exercer cargo oficial.

À medida que a música instrumental tornava-se mais popular que a vocal, os compositores foram criando estruturas maiores e capazes de suportar uma audição mais intensa. O resultado foi o “princípio da sonata” (mais conhecido como “forma sonata”), estrutura musical dividida em três seções: a exposição do tema, o desenvolvimento e a recapitulação. O uso desse modelo de composição tornou-se quase sinônimo dos primeiros movimentos não apenas de sonatas, mas também de sinfonias e da maior parte da música instrumental do período. Permanece em uso até hoje. A sinfonia evoluiu da dimensão barroca, em pequena escala, para um imponente gênero musical. Geralmente em quatro movimentos, começa com um majestoso movimento, seguido por um lento. O terceiro movimento, em geral um elegante minueto, evoluiu para um scherzo, que pode ser jovial ou expressar paixão mais irônica e elementar. O finale era um rondó, entremeado, na melodia, em tempos fracos de suas cativantes repetições, por temas contrastantes.

Beethoven, Moonlight Sonata, Piano & Orchestra

 

Outros gêneros também foram redefinidos. O concerto em três movimentos tornou-se veículo para um solista único, aliando os ideais de equilíbrio e elegância ao virtuosismo no instrumento, enquanto a sonata desenvolveu-se como composição mais formal para um ou dois instrumentos. A ascensão da música doméstica criou um mercado para novas formas de música de câmara, como o quarteto de cordas – criado por Haydn – e o trio com piano entre outros temas.

As orquestras tornaram-se amplamente padronizada: menores, mas não muito distintas das orquestras de hoje. Com o som mais cheio da orquestra, o papel do baixo contínuo morreu gradualmente; no lugar dele, o primeiro-violino passou a reger a orquestra até ser finalmente substituído por um maestro especialista. As orquestras atuais possuem uma extensão dinâmica bem maior. Nos anos 1740, os recursos sonoros da orquestra de Mannheim, a mais importante da época, causaram sensação, tornando-se um exemplo para toda a escrita sinfônica.

Compositores de Destaque dos Séculos XVII e XVIII

Christoph W. Gluck

Embora sem a versatilidade musical de seus rivais, Christoph Willibald Gluck (1714-1787) ganhou notável lugar na história da música com as reformas que introduziu na ópera. Ao adotar uma estrutura mais contínua, em que a música obedecia mais à poesia do que ao virtuosismo do cantor, usou caracterização expressiva, enredos simples e planos musicais de grande escala, dando vida a temas e emoções humanas universais. Começando com Orfeo ed Euridice, a obra de Gluck mudou permanentemente as normas líricas, ao mesmo tempo em que causou certa controvérsia, sobretudo na conservadora Paris. Seu grande triunfo veio em 1779, com a ópera Iphigénie en Tauride e sua música profundamente dramática e expressiva.

Franz Joseph Haydn

Nascido na era barroca, e ainda vivo quando Beethoven compôs sua Sinfonia PastoralFranz Joseph Haydn (1732-1809) foi uma figura-chave na evolução do estilo clássico. Ao compor uma vasta obra nos limites protetores da corte dos Esterházy e estabelecer formas-padrão para a sinfonia, a sonata e o quarteto de cordas, despontou como uma personalidade internacional que influenciou Mozart e ensinou Beethoven. Rica em efeitos audaciosos, a música de Haydn não deixava de mostrar um lirismo íntimo, como se pode perceber em seu oratório A criação. Compôs o primeiro concerto da história para o recém-inventado trompete de válvulas. Pedra angular para o violoncelo, o Concerto nº 1 é grandioso do começo ao fim, exigindo extrema agilidade nos movimentos externos. Sua monumental Missa Nelson homenageia Lord Nelson, almirante inglês que o compositor conheceu em 1800. Criador do quarteto de cordas, o de nº 63 recebe o título Aurora devido ao violino ascendente que abre a peça. Haydn inovou no gênero sinfônico, sendo famosa a Sinfonia nº 104 em Ré maior, de suas doze Sinfonias de Londres.

Amadeus, Rondo Alla Turca, Wolfgang Amadeus Mozart (Clip do filme Amadeus de 1984 – Youtube)

 

Mozart

Provavelmente o mais prodigioso músico de todos os tempos, as primeiras turnês de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) pela Europa não apenas o tornaram famoso, como o familiarizaram com diversos estilos musicais que ele sintetizou em suas próprias obras cosmopolitas. Único na história da música pela excelência em todas as formas e gêneros e dono de espantosa fluência produtiva, nenhum outro compositor foi tão bem-sucedido em veículos tão distintos e foi o primeiro músico a tentar se firmar como freelance. Embora sua grande paixão tenha sido a ópera, terreno em que deixou importantes inovações, como em sua Flauta Mágica, a primeira ópera genuinamente alemã, Mozart foi o mais brilhante pianista de sua época. Ele levou o concerto para piano a novos patamares de riqueza e virtuosismo, com efeito de longo alcance no século XIX.
Na ópera, a partir das reformas líricas de Gluck, Mozart combinou vigorosa caracterização vocal e seus supremos dons melódicos com uma ênfase na cor e expressividade orquestrais para realizar uma concepção dramática jamais imaginada. Suas descrições de caráter, psicologia e interação humana revelam uma complexidade sutil que confunde as linhas entre opera seria e opera buffa, particularmente em As bodas de FígaroDon Giovanni e Così fan tutte. Mozart também escreveu muitas músicas solo e corais, que vão desde o curto moteto Ave verum corpus, peça de serena beleza, ao jubiloso Exsultate, jubilate para soprano e orquestra. Entre as obras corais de grande escala, a Grande Missa em Dó menor e o Requiem exalam atmosfera séria e mais escura. As sinfonias, concertos e obras de câmara de Mozart dão especial atenção ao timbre instrumental, associando-o a sutilezas orquestrais, particularmente ao uso dos sopros. A obra mais famosa de Mozart é a serenata Eine kleine Nachtmusik, mas o ápice de sua evolução sinfônica é representado pela Sinfonia Júpiter.

Beethoven

Ícone da música ocidental, Ludwig van Beethoven (1770-1827) consolidou o conceito popular do artista que, isolado da sociedade, supera a tragédia pessoal para realizar sua missão. Designando-se como Tondichter (em alemão, “poeta do som”), sua música espelhava sua crença no espírito superior do individualismo, ao fazer a expressão pessoal prevalecer sobre a forma tradicional e, assim, pavimentar o caminho para o Romantismo musical. A música invariavelmente intensa de Beethoven toca em todos os pontos da escala emocional, indo da melancolia mais soturna à celebração mais exultante. Sua luta para compor era árdua, com algumas obras levando vários anos em laboriosa gestação. A produção de Beethoven é geralmente divida em três períodos. O primeiro começou depois de sua chegada a Viena, aos 22 anos, e incluem seus Quartetos de cordas op. 18, três concertos para piano, duas sinfonias e as sonatas Ao luar e Patética. A fase intermediária começa em 1803 – um ano depois de ter compreendido a seriedade de sua surdez e ter rejeitado o suicídio para dar ao mundo, como disse, “toda a música que sinto dentro de mim”. Sua primeira manifestação foi a épica Sinfonia Heroica, obra de colossal energia e a mais longa sinfonia até então já escrita. Desse período vêm mais quatro sinfonias, o Concerto para violino, os Concertos para piano nº 4 e 5 e uma ópera, Fidelio. Contudo, seu crescente isolamento pela surdez marcou a mudança para a última fase, explorando modos mais pessoais de expressão. Coroando a produção de Beethoven, a Missa solemnis e a Nona Sinfonia foram inovadoras, combinando escrita sinfônica e coral como nunca antes.

Beethoven – Sinfonia n.º 9 – “À Alegria”

O vídeo acima é um trecho do filme americano “Copying Beethoven” (aqui dublado em italiano) produzido por Michael Taylor e estrelado por Ed Harris (Beethoven) e Diane Kruger (Anna Holtz). Neste trecho Beethoven é o maestro e já surdo rege a orquestra com a ajuda de Anna Holtz que faz mímicas para que ele possa repetir e assim conduzir a orquestra. Assista até o fim. Emocionante!!!

Vivaldi

Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741) era o mais velho de sete irmãos. Seu pai, um barbeiro, mas também um talentoso violinista, depois de iniciá-lo na música, matriculou-o, ainda pequeno, na Capela Ducal de São Marcos, para aperfeiçoar seus conhecimentos musicais, e foi também responsável pela sua admissão na orquestra da Basílica de São Marcos, onde Vivaldi despontou como o maior violinista do seu tempo.
Em 1703, Vivaldi foi ordenado padre. Em 1704, foi-lhe dada dispensa da celebração da Eucaristia devido à sua saúde fragilizada (aparentemente sofria de asma), e ele se voltou para o ensino de violino num orfanato de moças – o Ospedale della Pietà, em Veneza. Pouco tempo após assumir suas novas funções, as meninas ganharam seu apreço e sua estima. Vivaldi compôs para elas a maioria dos seus concertos, cantatas e músicas sagradas.

É durante esses anos que Vivaldi escreve grande parte da sua música. Em 1705 é publicada a sua primeira coletânea – as Doze sonatas (Opus 1). Em 1708 é publicada uma segunda coletânea de 12 sonatas para violino e baixo contínuo (Opus 2), mas a fama internacional só seria alcançada com a publicação, em Amsterdam no ano de 1711, de uma coletânea de 12 concertos – “L’estro armonico” (Opus 3), graças ao editor Estienne Roger, com suas novas técnicas de impressão bem mais avançadas do que as dos editores venezianos. L’estro armonico repercutiu por toda a Europa.

Em 1723 Vivaldi publicou seu Opus 8, Il cimento dell’armonia e dell’inventione, coletânea que inclui “As Quatro Estações” e que consistia de doze concertos. Sete desses concertos são descritivos: os quatro primeiros (“La primavera”, “L’estate”, “L’autunno”, “L’inverno”) e mais “La tempesta di mare”, “Il piacere” e “La caccia”. Vivaldi transformou a tradição da música descritiva em um estilo tipicamente italiano, com seu timbre inconfundível, no qual as cordas têm um papel central.
Veja abaixo um trecho de cada estação (primavera, verão, outono e inverno).

 

Outros mestres merecem destaque na era clássica pela excepcional qualidade de seu legado, como Johann Adolph Hasse (alemão, 1699-1783), Johann Joachim Quantz (alemão, 1697-1773), Johann Christian Bach (alemão, 1735-1782), Johann Albrechtsberger (austríaco, 1736-1809), Karl Ditters von Dittersdorf (austríaco, 1739-1799), Giovanni Paisiello (italiano, 1740-1816), Luigi Boccherini (italiano, 1743-1805), Carl Stamitz (alemão, 1745-1801), Domenico Cimarosa (italiano, 1749-1801), Muzio Clementi (italiano, 1752-1832), Antonio Salieri (italiano, 1750-1825), Luigi Cherubini (italiano, 1760-1842) e Louis Spohr (alemão, 1784-1859).

Mas afinal, onde estava Deus?

Aparente Decadência Espiritual

Parecia que a vida cristã tinha desaparecido e a sociedade estava em transformação. Uma transformação constante e rápida. As pessoas pareciam se desapegar dos ensinamentos bíblicos e havia um sentimento de inercia espiritual na sociedade. De fato, era um período em que as grandes cidades estavam mais focadas no crescimento e aparentemente não havia nada que indicasse uma fé genuína (eu disse aparentemente).
Enquanto os nobres e a realiza desfrutavam das benécies da vida palaciana, nas vilas e nos campos Deus continuou operando seus milagres e salvando vidas.
A igreja Católica estava no seu auge e dominava toda a liturgia da igreja. As pessoas simples da sociedade não eram alcançadas por estas mudanças e não tiveram o privilegio de ver a evolução musical que ocorria nas grandes catedrais e teatros da época. Isto só veio a acontecer com a reforma protestante e,  séculos depois, com a chegada o rádio e depois da TV.

A música sacra é um gênero musical caracterizado por composições eruditas criadas para a cultura religiosa ou sob influência da religião. No entendimento mais restrito, está associada principalmente às tradições cristã e judaica. Muito antiga, a música sacra mescla instrumentos musicais com canto e tem o objetivo de elevar a alma (e o coração) de quem escuta. Além disso, grandes compositores criaram obras com nítida influência dessa vertente, como Bach, Handel, Mozart e Haydn.

No sentido abrangente, a história da música sacra mistura-se à própria história das civilizações. Mas no sentido limitado, ela remete especificamente à Idade Média, uma época na qual a Igreja Católica exercia domínio sobre as leis, a moral e a cultura da sociedade. Consequentemente, a música que se praticava era a música cristã – com raras exceções de estilos boêmios cantados nas ruas.

A Grande Mudança –  Deus Sempre no Controle

Martinho Lutero

Com a reforma protestante, Lutero possibilitou que a música e o canto comunitário, uma atividade que era apenas tolerada e aparecia em raríssimas ocasiões na Igreja medieval, adquirisse um novo status, o status de elemento central e indispensável no culto da Reforma Luterana. Assim Lutero o fez, porque estava convicto que não era suficiente que as pessoas estivessem apenas presentes às missas (cultos), mas as suas súplicas deveriam ressoar dos seus próprios lábios por meio de canções que pudessem traduzir o arrependimento e a contrição das suas almas e a sua fé e o seu louvor irromperem jubilosos em canto e música. Martim Lutero vislumbrou isso de modo especial por meio do que mais tarde foi denominado Coral Luterano, colocando em textos poéticos, na língua comum e em melodias cantáveis e bem compostas, a Palavra e a fé evangélica. Rapidamente, os hinos da Reforma espalharam-se pela cultura oral da Alemanha do século XVI.

Interessante notar que, para disseminar os pilares teológicos defendidos pela Reforma, Lutero recorreu à melodias profanas, que já eram conhecidas e cantadas pelo povo, dando-lhes novos textos. Posteriormente, o próprio Lutero e outros compositores criaram músicas originalmente escritas para o ambiente sacro, mas o uso de música profana tornou o processo inicialmente mais prático e mais rápido de assimilar.

Lutero na Dieta de Worms, uma assembleia oficial do Sacro Império Romano Germânico, que marcou ruptura com o catolicismo

Lutero teve importância não só por ser o ponto central de um novo movimento teológico, mas também por movimentar o âmbito musical. Ele não hesitou em deixar registrada a sua admiração pela música:

“A música é uma esplêndida dádiva de Deus e eu gostaria de exaltá-la com  todo o meu coração e recomendá-la a todos. Mas eu estou tão dominado pela diversidade e magnitude de suas virtudes e benefícios que, por mais que eu queira exaltá-la, minha exaltação será insuficiente e inadequada. Se queres confortar os tristes, aterrorizar os felizes, encorajar os desesperados,  tornar humildes os orgulhosos, acalmar os inquietos ou tranquilizar os que estão tomados por ódio, que meio mais efetivo que a música poderias encontrar?”

Nem todos os reformadores adotaram a mesma visão de Lutero; Calvino restringiu o uso da música, Zwínglio a excluiu totalmente, mas Lutero a colocava em segundo lugar, vindo atrás apenas da própria Palavra.

Lutero, autor de trinta e sete hinos, teria composto “Castelo Forte”, baseado no Salmo 46, que se inicia assim: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza”.

Castelo Forte – Martinho Lutero

Conta-se que Lutero cantou este hino quando avistou as torres das igrejas em Worms, também em 1523, quando soube que dois jovens haviam sido queimados em Bruxelas por seguirem doutrinas da Reforma Protestante; e em 1527, ao saber da execução do seu amigo Leonhard Kaiser.

A qualidade musical de “Castelo Forte” é atestada pelo uso que se fez da obra no decurso da história. John Sebastian Bach (1685-1750) a usou para criar a sua cantata em homenagem à Reforma. Por sua vez, o compositor Felix Mendelssohn (1809-1847) usou o hino na Sinfonia nº 5, intitulada A Reforma, considerada por alguns como uma obra-prima. Outros músicos importantes como Giacomo Meyerbeer (1791-1864), Wagner (1813-1883) e Strauss (1864-1949) também utilizaram o hino de Lutero em suas composições.

Das Profundezas (Salmo 130) Martinho Lutero, Tradução Mota Sobrinho.

No Brasil, hino foi introduzido no hinário batista “Cantor Cristão”, hino 523, e posteriormente no hinário utilizado pelas Assembleias de Deus “Harpa Cristã”, hino 581. Foi também gravado pelo grupo Vencedores por Cristo, no álbum “Louvor VIII”.

Século XIX

O movimento cultural que surgiu na Europa foi o Romantismo. A música predominante tinha como qualidades a liberdade e a fluidez, e primava também pela intensidade e vigor emocional. Esse período musical é inaugurado pelo compositor alemão Beethoven – com a Sinfonia nº3 – e passa por nomes como Chopin, Schumann e sua esposa Clara Shumann, Wagner, Verdi, Tchaikovsky, R. Strauss e muitos outros.

Porem, nenhum século alterou tanto as condições de vida na Europa Ocidental quanto o século XIX. No seu inicio um imperador autonomeado levou toda a Europa a um estado de terror. Seu nome, Napoleão Bonaparte.
Embora os monarcas europeus tenham sobrevivido a este imperador, eles não sentavam mais tão confortavelmente em seus tronos como no passado.

Enquanto o século XVIII fora marcado por um relaxamento religioso, o inicio do século XIX presenciou o nascimento de uma nova religiosidade, intensificada pelo Pietismo alemão. Este movimento produziria uma percepção mais cética e materialista, mais precisamente na segunda metade do século, após o estabelecimento da Revolução Industrial no continente.
Em 1815, após a queda de Napoleão, as monarquias da Rússia, Áustria e Prússia construíram a “Sagrada Aliança” para preservar a ordem restaurada e a forma patriarcal de governo. As tendências intelectuais do movimento romântico vinham de encontro aos interesses da Igreja Católica, que observou uma ascendência papal depois da libertação do Papa Pio VII da prisão francesa. Após a restauração da igreja – dissolvida durante a Revolução Francesa – a liderança papal combatia todos os movimentos que questionavam a ordem restaurada.

Tchaikovski (1840 —1893  foi um compositor russo do período romântico, cujas obras estão entre as mais populares do repertório clássico. Primeiro compositor russo a conquistar fama internacional, sua carreira foi impulsionada por sua participação como regente convidado em outros países da Europa e nos Estados Unidos.

Inicialmente as opiniões da crítica a respeito da música de Tchaikovski foram contraditórias. Embora desde cedo ele tivesse encontrado apoiadores, parte da crítica russa considerava a sua música insuficientemente representativa dos valores musicais nativos russos, e expressava a suspeita de que os europeus a apreciavam por conta de seus elementos ocidentais.
Suas obras mais conhecidas incluem os balés O Lago dos CisnesO Quebra-Nozes e A Bela Adormecida; a Abertura 1812 e a abertura-fantasia Romeu e Julieta; seus concertos para piano e orquestra e para violino e orquestra; suas quartaquinta e sexta sinfonias; sua Marcha Eslava; e suas óperas Ievguêni Oniéguin e A Dama de Espadas.

Tchaykovsky

Em meados de 1880 Tchaikovsky fez a abertura de 1812, música em que homenageia os soldados russos que venceram e expulsaram da Rússia o exército de Napoleão em 1812. Foi a 1ª música onde foram introduzidos canhões, sendo assim, à época, só era possível executar essa obra em locais abertos.
Ele a concebeu para que fosse estreada com orquestra, banda de metais, coro e canhões na Praça Vermelha. Uma salva de 16 tiros de canhão encerraria a obra ao repique dos sinos do Kremlin e da Catedral de Cristo Salvador.

Orquestra Sinfônica Heliópolis, Tchaikovsky Overture 1812 (final)

Esta foi a primeira orquestra no mundo que surgiu em uma favela. Nasceu como uma orquestra de cordas a partir da iniciativa solidária do maestro Silvio Baccarelli e, hoje, é um dos principais grupos sinfônicos jovens do país. É reconhecida internacionalmente por sua qualidade artística, sendo a única orquestra da América do Sul que teve a oportunidade e a honra de ser regida pelo Maestro Zubin Mehta, patrono do Instituto Baccarelli desde 2005.

A evolução multifacetada nas artes, durante o século XVIII pode ser bem observada no campo musical. A figura de grandes compositores como Beethoven formou um verdadeiro portal para o século XIX especialmente influenciado por Mozart, Haydn e Shubert.

Richard Wagner

Robert Shummann (1810-1856) e Felix Mendelssohn (1809-1847) representaram o verdadeiro modelo da música romântica. Brahms (1833-1897) deu continuidade à tradição. Paralela a Brahms, entretanto, estava a chamada “nova escola alemã”, exemplificada por Fransz List (1811-1886), Hugo Wolf (1860-1903) e, particularmente, Richard Wagner (1813-1883). A “arte completa” de Wagner, unia todas as artes sob a supremacia do “princípio dramático”. Ele substituiu as formas tradicionais por uma linguagem orquestral de fluxo sinfônico, a “melodia sem fim”, que germinaria de motivos musicais tocados pela orquestra.

Com o advento de Wagner e dos “novos alemães”, um conflito geral desencadeou-se na imprensa musical e entre o publico que advogava as composições convencionais. Ao mesmo tempo, em vários países do leste europeu estava nascendo estilos nacionais baseado na música folclórica local. Muitos compositores importantes formaram seus próprios idiomas musicais baseando-se nas tradições de seus respectivos países. Alguns exemplos são o russo Alexander Borodin (1833-1887) e o Tcheco Antonin Dvorak (1841-1904). Porem, foi Arnold Schoenberg (1874-…) que colocou em prática aquilo que Wagner e outros compositores do século XIX tinham iniciado: a dissolução da tonalidade. Algo que talvez Beethoven acharia improvável.

Richard Strauss

Não podemos deixar de falar tambem de Richard G. Strauss (1864-1949) compositor e maestro alemão. É considerado como um dos mais destacados representantes da música entre o final da Era Romântica e a primeira metade do século XX. Strauss se notabilizou como maestro na Alemanha e na Áustria. Com Gustav Mahler, é um dos principais representantes do Romantismo alemão tardio, depois de Richard Wagner.

Sua obra mais popular é o poema sinfônico Also sprach Zarathustra (Assim falou Zaratustra, Opus 30, de 1891), inspirado no livro de mesmo nome, do filósofo Friedrich Nietzsche, e cuja introdução foi utilizada pelo cineasta e diretor Stanley Kubrick como tema central do filme 2001: Odisseia no Espaço (1968), hoje muito tocada em casamentos juntamente com a tradicional marcha nupcial de Felix Mendelssohn.

Richard Strauss, Also Sprach Zarathustra, Op. 30 Prelude, do filme 2001 Odisseia no Espaço 1968.

 

Felix Mendelssohn

Obviamente e não menos importante, Felix Mendelssohn (1809-1847) teve sua participação importantíssima neste período. Vale portanto ressaltar que em 1826, aos dezessete anos, Mendelssohn escreveu a abertura do “Concerto Op. 21 (Sonho de uma Noite de Verão)“. Quinze anos mais tarde, em 1843, ele acrescentaria à abertura que escrevera anos antes treze peças, incluindo uma importante música de cena, muito conhecida como a famosa “Marcha Nupcial”.

 

Felix Mendelssohn – Marcha Nupcial (de “Sonhos de uma Noite de Verão”)

 

Século XX – A explosão de novos ritmos

No século XX, a música ganha nova roupagem e uma grande transformação ocorre com o surgimento do rádio e depois da TV. Novas tecnologias e suportes para a gravação e divulgação musical ajudam a popularizar essa linguagem artística e projetar cantores e compositores, já que eles não dependiam somente dos concertos musicais. Com uma cartela de opções mais variadas, o público começa a ter contato com outros tipos de música. Logo artistas e compositores passam a incorporar novos elementos em suas produções, como instrumentos até então pouco explorados e objetos sonoros. Podemos citar como grandes nomes da música do século XX o brasileiro Heitor Villa-Lobos e o russo Igor Stravinsky entre outros.

A música, o cristianismo e a nova sociedade

Como já vimos que a idade média foi um período muito profundo para o cristianismo, principalmente na música e na liturgia dos cultos. Parecia que Deus estava muito distante do mundo. Era um período de guerras, lutas por poder dentro da igreja, engano, traições, assassinatos, orgias no meio papal, além das incontáveis seitas que se apresentavam como alternativa ao cristianismo. O povo como um todo ainda não tinha acesso a leitura de Bíblia e tampouco estava atualizado das mudanças culturais, religiosas que ocorriam dentro dos portões dos castelos e mosteiros da igreja Católica. Foi um período sombrio. Porém, Deus sempre esteve no controle. Ele não tinha se esquecido de seu povo e, aos poucos, dentro de Sua infinita bondade, preparava o mundo para as novas mudanças que se surgiria. Mudanças estas que nos atingiria, dando base para o nosso mundo moderno. Isso ocorreu inclusive no meio musical, foco nosso aqui neste estudo.

Os séculos que se seguiram foram de grande polpa principalmente para a música clássica. Surgiram grandes compositores, grandes orquestras (como já vimos acima) e com elas, uma sociedade (as vezes) hipócrita, principalmente na Europa, onde só quem tinha muitas posses participavam dos consertos grandiosos que ocorriam nos teatros das grandes capitais. Foi neste período que os grandes compositores cristãos puderam compor um vasto acervo de hinos para coral e orquestra, dando base à da nova nova igreja que se surgiria pós Martinho Lutero, a Reforma Protestante e a conquista de novos continentes como as américas. Surge os hinários e os novos estilos de cultos nas igrejas cristãs, diferenciando-as definitivamente da igreja católica.

Veremos mais adiante que com a chegada o rádio e da tv e depois a internet, uma mudança drástica fará com que a sociedade como um todo, ditará as regras no mundo musical. Isso culminara em novos ritmos, estilos e tecnologia. Estas novas tecnologias vão redefinir musicalmente e mundialmente a música cristã. Nos EUA o termo “gospel” nasce.
Nascerá novas seitas – principalmente a Nova Era, grupos e cantores que se utilizarão da música como instrumento de persuasão de seus seguidores (anos 70 com o movimento Hippie entre outros) e a música será mais do que nunca, usada para influenciar negativamente uma sociedade jovem e indefesa. No Brasil, cresce o movimento popular e a música se torna centro das atenções com os grandes festivais, juntamente com a crítica à ditadura.

A música no entanto, continua e continuará sendo criação divina e, mesmo em tempos sombrios como os atuais, ela levará vidas para Cristo por meio das belas letras e canções inspiradoras vindas do Trono da Graça de Deus. Grandes nomes como os Vencedores por Cristo, Conjunto Novo Alvorecer, Asaph Borba entre outros, vão impulsionar a nova música cristã que conhecemos hoje, levando milhões de jovens a Cristo. Gloria a Deus!

A Era de ouro dos musicais

Em 1927, a mudança do cinema mudo para o cinema falado foi o pontapé inicial para um período em que o gênero musical reinou absoluto na preferência do grande público, a chamada Era de Ouro, que se estendeu até o final dos anos 60. Nesse período, surgiram obras como “Cantando na Chuva”“Amor, Sublime Amor” e “A Noviça Rebelde”. Além destes, “Mary Poppins” também foi um grande sucesso que marcou época, e aproveitando a estreia de “O Retorno de Mary Poppins”, sequência do clássico, segue abaixo uma lista dos mais célebres musicais produzidos para o cinema em sua famosa Era de Ouro.

Baseado no livro infantil homônimo de L. Frank Baum, “O Mágico de Oz” conta a história da jovem Dorothy (Judy Garland), que é capturada por um tornado no Kansas e levada a uma terra fantástica de fadas, bruxas, anões, leões covardes, espantalhos falantes e homens de lata. No período de seu lançamento, a produção da MGM não foi tão bem-sucedida, mas, com o passar dos anos, a obra tornou-se um clássico absoluto.

O Mágico de Oz – Dorothy canta ‘Over the Rainbow’

 

O clássico dos clássicos! Tratando-se de musicais, essa é a sentença que melhor define a obra-prima Cantando na Chuva, mais um produto da MGM. Protagonizada por um já experiente Gene Kelly, junto a Donald O’Connor e Debbie Reynolds – mãe da atriz Carrie Fisher -, a comédia aborda o processo de transição, no final dos anos 20, entre o cinema mudo e o cinema falado. Quase todas as músicas da película não foram exatamente compostas para esse filme, pois tais canções foram selecionadas de produções que as haviam descartado anteriormente, e o roteiro foi escrito a partir delas.

Gene Kelly – Cena do Filme ”Cantando na Chuva” – 1952.

 

O Rei e Eu” conta a história verídica de Anna Leonowens (Deborah Kerr), que viaja a Sião (atual Tailândia) contratada como preceptora e professora dos filhos do rei local (Yul Brynner). Apesar de, no princípio, haver um certo choque de culturas e hábitos, eles acabam por se aceitar na sua diversidade.

Mary Poppins” traz a ótima Julie Andrews na pele da personagem-título, uma adorável babá mágica, nesse que é um grande clássico da fantasia e do gênero musical. Baseado na série homônima de livros da escritora australiana P. L. Travers, o filme também é um dos primeiros musicais live-action da Disney.

Em 1965, Julie Andrews, que no ano anterior havia encantado o mundo com “Mary Poppins”, tornou-se praticamente a grande dama da Era de Ouro dos musicais ao dar vida à personagem Maria von Trapp. “A Noviça Rebelde” foi baseado no livro de memórias The Story of the Trapp Family Singers”, de Maria von Trapp, e na peça homônima.

Andrew Lloyd Webber, (1948) é um compositor e produtor musical britânico, oriundo de uma família de músicos, e por muitos considerado um dos compositores teatrais de maior renome do fim do século XX.
Durante a sua carreira, produziu quinze musicais, dois filmes, entre outras obras, tendo acumulado ainda um número de honras e prémios, incluindo sete Tony Awards, três Grammy Awards, um Oscar, um Emmy Award, seis Olivier Awards, e um Golden Globe Award. Seus musicais mais famosos são Jesus Christ Superstar, Evita, Cats, O Fantasma da Ópera e Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat que é baseado na história bíblica de Genesis da vida de José do Egito. Vale a pena conhecer esta última. Veja um trecho (os irmãos invejosos):

Joseph’s Coat – Maria Friedman, Donny Osmond | Joseph And The Amazing Technicolor Dreamcoat

As orquestras populares e a influência dos seus maestros

A música clássica como já vimos nunca acabou e perdura até nossos dias, sempre com sua elegância e a classe de uma grande orquestra com corais, muitos instrumentos e muita gente elegante. Porém, nos anos 20, 30 e 40 em todo o mundo, começa a conquistar o público o som das chamadas Big Bands. As grandes orquestras comandaram o ritmo em centenas de salões de bailes de todo o planeta, consagraram junto ao grande público uma música nascida nos guetos negros norte-americanos no final do século XIX e proporcionaram a centenas de artistas suas primeiras experiências profissionais. Dos palcos dos grandes clubes e dos shows das rádios nasceram estrelas como Duke Ellington, Glenn Miller, Bemny Goodman, Tommy Dorsey, Artie Shaw e Frank Sinatra – estrelas maiores de uma época de ouro do jazz, conhecida como a era do swing. No Brasil a Orquestra Tabajara esta até hoje em atividade, se tornando a maior referência do gênero no país, e incentivo para a formação de novas gerações de big-bands.
Percy Faith & His Orchestra “A summer place theme”

Neste período nasce tambem as grandes orquestras, também chamada big-bands com seus grandes maestros. Nomes como James LastRay ConniffFrank Poucel, Percy Faith, Paul MouriatAntony Ventura e muitos outros se destacaram com suas big-bands tocando musicas populares e temas de filmes com arranjos adaptados para suas orquestras.

James Last & Orchester, “Can’t Stop The Music & Xanadu” 1980

 

Em 1935, a parceria entre Laurens Hammond e John M. Hanert fez surgir o órgão Hammond. Desde então, esse instrumento eletromecânico substituiu o órgão de tubos nas igrejas. E, nas décadas seguintes, o equipamento passou a ser usado por artistas de Jazz, Blues, Rock e Reggae.

Entretanto, nas décadas de 70/80 surge dois nomes de destaque que ainda hoje tem grande repercussão e admiração de um público cada vez maior. Com suas interpretações diferenciadas e em muitos casos, bem alegres e descontraída, tem produzido um interesse na música clássica que até então não houvera. André Rieu e Yanni.
André Rieu, por conta de sua grande atuação cultural, foi condecorado, em 2002, com o título de “Cavaleiro da Ordem do Leão Holandês” e em 5 de março de 2009 ele foi nomeado, na França, com o título de “Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras” por causa de propagação e popularização da música clássica no mundo e, especialmente naquele país.
Em 2009, foi lançado no Brasil o DVD André Rieu Live in Austrália, com os melhores momentos do espetáculo. Já se apresentou no Domingão do Faustão, quando surpreendeu o público ao executar, com coro e orquestra, a canção “Ai se eu te pego”, sucesso do cantor sertanejo Michel Teló.

André Rieu, “Song of Olympia” Live in São Paulo, Soprano Brasileira Carla Maffioletti

 

Considerado um dos nomes de maior destaque no segmento instrumental, a fama de Yanni aumentou a partir do seu relacionamento com a atriz americana Linda Evans, no início da década de 1990. Por ser muito popular nos Estados Unidos na época, Evans foi a maior responsável pelo grande interesse da mídia pelo tecladista.
Por ser autodidata, Yanni não sabe ler ou escrever músicas do modo tradicional. Ao invés disso, inventou uma maneira própria de compor ainda na infância e continua criando suas músicas usando a mesma técnica até hoje, depois de quase vinte anos de carreira e mais de vinte e dois discos. As composições de Yanni também ficaram famosas nos Estados Unidos após terem sido usadas em programas de televisão e na abertura dos Jogos Olímpicos.
Em 2010 esteve no Brasil, onde se apaixonou completamente pelo público. Foram shows com ingressos esgotados. Dessa experiência o próprio Yanni disse em entrevista que se surpreendeu com o show no Rio de Janeiro, quando o público se levantou e ficou em pé em frente ao palco.

“Yanni Live! The Concert Event”

A Música Italiana e a Francesa

Nomes clássicos como Claude Debussy até artistas mais recentes como Charles Aznavour e Edith Piaf fizeram da França um sucesso na música. Com um estilo e letras mais sensuais, a França atingiu ao seu auge nos anos 60/70.
Além disso, a riqueza dos espetáculos musicais franceses, assim como Moulin Rouge Les Misérables, mantém há décadas um público cativo em todo o mundo. Tanto em suas versões originais quanto em suas adaptações em língua estrangeira são um sucesso.

Salvatore Adamo, “F…-Comme-Femme”

Diferentemente da França, a Itália dos anos 60 e 70 alcança o mundo moderno com músicas mais românticas escondendo mais a conotação sensual e prezando mais o amor, a saudade e o que tem de melhor no amor, traduzido em letras boas e inesquecíveis. Sem contar as músicas de filmes que foram um grande sucesso no cinema italiano e mundial. Podemos destacar os seguintes cantores(as) deste período Gigliola Cinquetti, Sergio Endrigo, I Santo Califórnia, Eros Ramazzoti entre outros.

Gigliola Cinquetti, “Non ho L’età”

 

Torneró – I Santo California

No Brasil o século XX foi também um século de ouro para a música brasileira. Após o período pós-guerra, o cenário artístico se preparava para um novo mundo com novos costumes. Com a evolução da tecnologia que nos trouxe vários novos utensílios e instrumentos musicais, como o sintetizador e o início de gravações elétricas, novas formas de criar e experimentar musicalmente também foi possível. Também surgiu a possibilidade de fundir ritmos de diversos outros lugares, como por exemplo, músicas da Europa com os brasileiros, que deram origens a outros novos ritmos como a Tropicália, Manguebeat, entre outros.

 

Trecho de “Tropicália” (Remasterizado), Caetano Veloso

 

A popularização da música no Brasil, se deu com a chegada da rádio, na década de 20, pois assim, era mais fácil a socialização dos diversos ritmos que existe no país, que antes era consumido através de nichos. Mas pouco se fala do que era consumido no país no início do século XX.
Como já citamos anteriormente, a música era consumida através de nichos, em lugares específicos. O Samba, Maxixe, Lundu, Xote entre vários outros, eram cultivados pelos povos de classe média, nos grandes salões de festas, sendo considerados pioneiros na música popular brasileira. As mulheres tinham seus espaços no cenário musical aprendendo a tocar piano, por influência da música clássica europeia e muitos desses ritmos surgiram por influência dos descendentes de africanos que viviam no país.

Chiquinha Gonzaga

A classe popular não satisfeita por não poder frequentar os lugares apropriados, garantiu seu direito do consumo cultural os adaptando. No Rio de Janeiro, houve uma grande popularização do ritmo “chorinho”, que com grupos instrumentais de pau e corda, era executado com violões, flautas e cavaquinhos, prevalecendo por volta de até os anos de 1917. O frevo também foi adaptado para a comemoração do carnaval de rua, que antes era festejado como nos costumes europeus, com roupas de luxo e máscaras.

Tem-se como grandes referências do início do século grandes nomes, como Chiquinha Gonzaga, primeira pianista do choro, instrumentista e maestra brasileira, que também passeava pelos outros ritmos citados, e Pixinguinha, referência no chorinho carioca.

Chiquinha Gonzaga, “Atraente” (Maria Teresa Madeira, piano)

Nos anos 50 o rádio ainda era o principal veículo de divulgação de músicas e artistas. Sambas-canções, boleros e vozeirões imperavam. Mas o samba, forjado como o símbolo de brasilidade, ainda estava em alta também. Luiz Gonzaga, que começou a década ainda como uma febre com seu Baião e sua sanfona e  Dorival Caymmi já se destacavam neste cenário.

A origem do samba no Brasil

As primeiras manifestações que dariam origem ao samba datam do século XVI com negros de Angola e do Congo que chegaram no Brasil como escravos. Eles trouxeram a semente daquele que viria a se tornar um dos mais importantes ritmos do nosso país.
Um dos antecessores mais importantes do samba foi o lundu (dança e canto de origem africana), que era feito nas senzalas. As senzalas eram os alojamentos onde os escravos viviam durante o período da escravatura.
O ritmo era dado pela batida com os pés e com as mãos no chão ou no próprio corpo porque não havia tambor ou qualquer outro instrumento musical disponível.
Com movimentos corporais muito parecidos com o que conhecemos como samba, e com uma cadência rítmica também semelhante, o lundu é considerado por uma série de estudiosos como o principal ancestral do samba.
Outro embrião do samba foi a chula, que veio para o Rio de Janeiro da Bahia com a mudança de um grupo de pessoas mais humildes. Na chula se dançava em forma de roda, se improvisava e se cantava em grupo.
Com a assinatura da Lei Áurea em 1888, muitos escravos libertos se dirigiram para a capital do país, que estava situada no Rio de Janeiro, em busca de oportunidades de trabalho. Foram essas pessoas, antigos escravos agora livres, que levaram o ritmo embrionário da Bahia para o Rio de Janeiro. Foi na casa nova, na capital do país, portanto, que o samba se desenvolveu no final do século XIX.

Esse samba que despontou na cidade é uma forma musical basicamente urbana, que ganhou corpo e voz principalmente nos morros cariocas entre a população originalmente mais carenciada.
O ritmo animado e espontâneo – muitas vezes acompanhado com palmas – que era cantado nas festas, acabou sendo incorporado mais tarde nos carnavais, que era composto inicialmente por cordões.
Os sambas geralmente ocorriam nas casas e terreiros das negras mais velhas, que vinham da Bahia (chamadas popularmente de tias), e contavam com muita bebida, comida e música. Estas festas – duravam a noite inteira e eram, em geral, frequentados por boêmios, operários do cais do porto, ex-cativos, capoeiristas, descendentes de escravos, um grupo bastante variado.
A casa mais importante da região, que reuniu a nata do samba da sua geração, foi a da Tia Ciata. Nela passaram grandes nomes como Pixinguinha e Donga.
Na casa de outra baiana negra importante – Tia Perciliana, de Santo Amaro – alguns instrumentos começaram a ser introduzidos na roda de samba como o pandeiro, que passou a ser usado em 1889.
Era nessas casas que aqueles que eram, de certa forma, excluídos, encontravam os seus pares num espaço que servia de porto-seguro para se divertirem e se relacionarem com outras pessoas em condições semelhantes. Nesses encontros havia também a prática do candomblé e outros rituais religiosos.

Trecho de “Pelo Telefone” (1916), considerado o primeiro samba gravado.

Com as reformas urbanísticas que aconteceram na cidade, essa população mais pobre foi empurrada para locais na periferia, mais distantes do centro, e acabaram levando essa cultura para as novas regiões espalhando as festas.
O samba, nesse momento, era visto ainda como uma cultura do “morro”. Pela conjuntura política do momento o samba foi profundamente marginalizado inclusive com muita perseguição da polícia.
O samba formalmente foi passando com o tempo a ser visto com outros olhos. Um dos fatores que ajudou a popularizar a cultura do samba foram os primeiros desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro, que aconteceram no princípio da década de 1930.
O cenário mudou também com a participação de Getúlio Vargas, então presidente da República, que permitiu que o samba existisse desde que ele louvasse os atributos da nossa terra, que fosse patriótico.
Foi, portanto, a partir da década de 30, que o samba passou a ter uma abrangência mais comunitária, deixando de ficar restrita a um grupo menor de pessoas. Em 2005, a Unesco reconheceu o samba como patrimônio imaterial da humanidade.

Extraído do site: cultura genial

Contudo, na metade da década, o Rock’n’Roll que recém-surgira nos Estados Unidos começou a se fazer ouvir por aqui. Os primeiros sucessos internacionais vieram através de Bill Haley, Elvis Presley, Chuck Berry, Little Richard entre outros.
Quase que paralelamente, no ano de 1959, Celly Campello estourou com “Estúpido Cupido”, de N. Sedaka e H. Greenfield, numa versão de Fred Jorge. Celly tambem gravou outros sucessos juntamente com seu irmão Tony, como por exemplo, “Canário” e “Tempo de amar”. Pode-se dizer que, nascia assim, o interesse da indústria musical pelos jovens no Brasil.
Quatro anos antes, especificamente em 1956, quando Tom Jobim se juntou ao poeta Vinicius de Moraes, ao ser convidado para compor a trilha da peça Orfeu da Conceição, a música brasileira deu o seu primeiro sinal de grande mudança. A parceria deu certo e a partir daí eles empreenderam uma renovação na música popular brasileira. Mas o apogeu dos bossanovistas seria mesmo no início da década seguinte. Em 1959, João Gilberto ainda estava apenas se firmando como uma grande estrela. Logo passaria a astro-rei. E além de João Gilberto, outras grandes revelações masculinas na década foram Cauby Peixoto, um verdadeiro fenômeno no mundo das celebridades. E Jhonny Alf, compositor e cantor que fez pérolas consideradas precursoras da Bossa Nova. Sobre o rock brasileiro, ele seguiu com uma crescente na preferência dos jovens e o principal nome que despontou foi o de Roberto Carlos.

Roberto Carlos e a Jovem Guarda

Roberto Carlos é de longe o artista mais bem sucedido da década de 1960. Em alguns momentos chegavam perto, como Wilson Simonal em popularidade, Elis Regina em influência ou Chico Buarque em tietagem. Mesmo assim, Roberto foi um verdadeiro fenômeno. Em menos de 10 anos, foi de artista relegado pela turma da Bossa Nova a maior vendedor de discos do Brasil e Rei da Juventude, coroado no programa do Chacrinha. Sem falar na aclamação pela vitória no Festival de Sanremo, na Itália, em 1968, cantando em italiano.
Ele já vinha conquistando muita fama antes mesmo de ser convidado pela TV Record para apresentar o programa “Jovem Guarda”. Mas, claro que com a audiência dominical de uma grande rede de televisão, a consagração foi definitiva.

Roberto Carlos

 

O programa durou de 1965 a 1968, quando Roberto deixou a atração. Erasmo Carlos e Wanderléa dividiam a liderança do programa com ele. Porém, outros artistas também ficaram marcados pelas jovens tardes de domingo da Jovem Guarda, como Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Martinha, Vanusa, Leno e Lílian, Golden Boys, Renato e Seus Blue Caps, Os Vips e muitos outros. Sem falar de Ronnie Von e Rosemary, que não eram convidados ao programa, mas se destacavam em outros canais.

Os Festivais de Música Popular Brasileira e o surgimento da MPB

A moral de Roberto Carlos era tamanha que ele podia participar dos Festivais de Música Popular Brasileira. Porém, ele precisava dar uma pausa em seu estilo roqueiro e cantar músicas condizentes com o evento. Isso porque os artistas dos festivais abominavam o que era feito na Jovem Guarda, acreditavam que eram uns alienados que faziam músicas meramente comerciais, com forte influência cultural dos Estados Unidos (corresponsáveis pela ditadura).
Os Festivais de Música Brasileira começaram, de fato, em 1965 e avançaram pelos anos iniciais da década seguinte. TV Excelsior, TV Record e TV Globo tiveram um festival pra chamar de seu no período. As competições eram acirradas, agitavam a opinião pública, formavam-se torcidas e consagravam jovens artistas.
Os compositores mais marcantes em seguidas participações dos Festivais foram Chico Buarque, Edu Lobo, Geraldo Vandré, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Capinam, Nelson Motta, Dori Caymmi, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Milton Nascimento, por exemplo. E dentre os intérpretes, houve grandes momentos de Elis Regina, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Elza Soares, Claudia, entre outros.
Além dos Festivais, muitos desses artistas participavam de outros programas de televisão, como o Fino da Bossa, liderado por Jair Rodrigues e Elis Regina. Na briga pela audiência, o principal rival era Roberto e a galera da Jovem Guarda.
Foi por conta dessa rivalidade “engajados x alienados” que surgiu a sigla MPB. Afinal, em tese, o que os roqueiros do iê-iê-iê faziam também era música popular brasileira. Mas os engajados procuravam criar uma arte genuinamente brasileira. Moderna, mas atenta às tradições culturais e às raízes regionais de expressão popular do nosso país. Era preciso, então, marcar uma posição, algo que os diferenciasse. Assim, foi surgindo a ideia de dizer MPB, em caixa-alta, como a sigla de um partido político. MPB era sinônimo de Música Popular Brasileira de verdade, com letra maiúscula. O termo pegou, e, hoje em dia, quando se fala de música popular brasileira, nos remetemos somente a MPB. O que entendemos ser um terrível equívoco.

Tropicalismo

Em termos dialéticos, a síntese do impasse viria com o Tropicalismo. Caetano e Gil, também determinantemente influenciados pela Bossa Nova, lideraram um movimento que pretendia subverter as normas estéticas da MPB tradicional. Tudo sem negar os cânones brasileiros e enaltecendo o papel de João Gilberto. Mas legitimando a obra de um Roberto Carlos, ou mesmo do que era considerado “cringe” (vergonhoso) à época. Incluindo tudo mais que vinha de fora, inclusive da cultura pop norte-americana. Era um acinte, pois pra termos uma ideia, não podia nem ter guitarra num Festival de MPB.
Juntaram-se a Gil e Caetano, Gal Costa, Tom Zé, Os Mutantes (Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias) Capinan, Torquato Neto, Radamés Gnattali, e até mesmo Nara Leão, avalizando as propostas do grupo. A repercussão das atitudes, das músicas e das apresentações/performances dos tropicalistas foi grande. Entre polêmicas e desafetos, não deu tempo de saber o que viria pela frente. Depois do Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968 (o golpe militar dentro do golpe), a Ditadura prendeu Caetano e Gil. Depois eles foram exilados e só voltariam ao país em 1972.

A música “brega”

Enquanto isso, havia aqueles que não sentiam a diferença entre um regime ditatorial e um democrático. Não disputavam os holofotes com os artistas engajados, mas buscavam um espaço na Jovem Guarda. Eles eram ignorados pelas classes média e alta e por conta disso passaram a ser chamados de bregas. Foi o caso de Waldick Soriano, Sérgio Reis, Reginaldo Rossi, Jane e Herondy, Nelson Ned e tantos outros que se lançaram para o sucesso em diferentes momentos nos anos 60 e 70.

Trecho de “Não se Vá”, Jane e Herondy

A música caipira-sertaneja

Foi em 1929 que surgiu a primeira música sertaneja como se conhece hoje. Ela nasceu a partir de gravações feitas pelo jornalista e escritor Cornélio Pires de “causos” e fragmentos de cantos tradicionais rurais do interior paulista, sul e triângulo mineiros, sudeste goiano e mato grossense.
Ela utilizada a viola caipira, gaita e também instrumentos regionais. Assim, os seus temas englobavam um Brasil rural, assim como a vida do homem caipira e a beleza das paisagens.

A partir disso o gênero continuou crescendo, e com o surgimento do rádio ele se expandiu por todo o Brasil. Diante disso grandes nomes foram criados como Tonico e Tinoco, Vieira e Vieirinha e Alvarenga e Ranchinho.
A partir da segunda metade dos anos 60,  música caipira começou a ter traços mais românticos bem como começou a ficar mais parecida com o que conhecemos hoje como sertanejo. O estilo começou a evoluir com a introdução de elementos harmônicos da guarânia, polca paraguaia e o mariachi mexicano. Além dos instrumentos que compõem outros ritmos como a harpa e o acordeão. Os nomes mais conhecidos desta faze são as Irmãs Galvão, Irmãs Castro, Sergio Reis (que migrou da Jovem Guarda), bem como os famosos João Mineiro e Marciano, Trio Parada Dura, Milionário e José Rico entre outros.

Trecho de “Viva a Vida”, Milionário e José Rico

Já dos anos 80 em diante, a música sertaneja foi marcada pela introdução da Guitarra Elétrica.
Base de orquestra bem como o rock, foram incorporadas ao estilo. Além da alternação de solos e duetos com canções em ritmos de balada que falavam sobre o amor. E dentre os nomes mais famosos pela popularização desta fase foi Leandro e Leonardo, Chitãozinho e Xororó, Zezé Di Camargo e Luciano, Rick e Renner entre muitos outros.

Trecho de “Ainda ontem chorei de Saudade”, João Mineiro e Marciano

Com a crescente popularização da música sertaneja o ritmo ganhou novos moldes como a “sofrencia” e cantores(as) solos, alcançando os jovens universitários. Como resultado ele foi chamado de sertanejo universitário, ou basicamente o sertanejo do século XXI.
Entre os principais nomes estão a dupla Jorge e Mateus, Marilia Mendonça, Fernando e Sorocaba, Luan Santana, Gustavo Lima e outros.

Músicas Infantis

Os grupos de música infantil, embalados pelo sucesso dos programas de TV do gênero e dos desenhos animados, acompanhados pela indústria de brinquedos e sob grande influência do New Wave, como Balão Mágico, Trem da Alegria e Xuxa, também deixaram sua marca, são lembrados até hoje pela geração anos 80/90.

A lambada e o Axé Music

Lambada é a mistura do Carimbó paraense com a música metálica e eletrônica do Caribe. O grupo Kaoma lançou, em 1989, o hit “Lambada (Chorando se foi)”, considerado o boom do gênero, sendo sucesso em diversas partes do mundo. Aqui no Brasil o cantor Beto Barbosa se tornou um dos mais representativos emplacando vários hits do gênero.
A lambada tinha, como principal característica, os casais abraçados dançando um ritmo acelerado com giros e acrobacias, o que gerou muitos shows e concursos de dança pelo mundo.

Axé Music surgiu na Bahia, diretamente ligado ao carnaval de Salvador, e se espalhou pelo país no final da década de 80. É uma mistura de ritmos e, dentre eles podemos citar o frevo pernambucano, ritmos afro-brasileiros, reggae, merengue, forró, maracatu e outros afro-latinos.

Uma das canções conhecidas como um marco na história do axé é “Fricote”, de Luiz Caldas – que na época era líder da banda Acordes Verdes e tinha Carlinhos Brown na percussão. A canção alavancou a carreira do artista e deu popularidade nacional ao gênero.

Muitos nomes e estilos musicais ficaram de foram deste resumo da musica brasileira, mas isso revela mais as nossas limitações, e não diminui em nada a importância que tiveram na época.

O auge do Rock Nacional

A década enfrentava uma transição entre ditadura e democracia, portanto tornou-se propícia para letras contestatórias, liberais e que refletiam a realidade do país naquele momento.

Em 1984, houve o Movimento Diretas Já, que reivindicava a volta das eleições diretas para Presidente da República e que levou milhares de jovens às ruas. O que acarretou, em 1985, no fim do regime militar e na eleição indireta de Tancredo Neves à presidência – que acabou morrendo antes mesmo de assumir o cargo e sendo substituído pelo, então, vice-presidente José Sarney. Só em 1989 foi acontecer a primeira eleição direta para Presidente da República, elegendo Fernando Collor de Mello.

O sentimento, em meio a esse turbilhão de acontecimentos no país, era de revolta e patriotismo. O início da abertura política trouxe consigo também a possibilidade de se fazer música de forma mais simples e direta do que as gerações que enfrentaram a censura faziam, como a Tropicália. Em busca de uma nação melhor e mais justa e inspirados pela explosão do rock mundial, os jovens brasileiros da época buscavam representação, liberdade de expressão e identidade, em meio a uma revolução sociocultural que estava acontecendo.

Este turbilhão fez formar a famosa “Geração 80” do Brasil, com arranjos mais fortes, letras politizadas e que prezavam pela liberdade de expressão. Eram bandas vindas de diversas regiões do país, cada qual com suas singularidades e referências. O interessante é que grande parte delas fazem sucesso até hoje. No entanto, com o passar dos anos e a popularização do gênero no mainstream, o rock nacional acabou se incorporando à MPB (Música Popular Brasileira) e perdendo um pouco das suas características contestatórias.

Porém, em 1985 com o Rock in Rio, criado por Roberto Medina, as bandas de rock nacional começaram a se consolidar e se profissionalizar dentro do cenário musical. O movimento se legitimou ao lado de grupos famosos de metal, como ACDC, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Scorpions e Whitesnake.

As bandas que mais se destacaram neste período foram: Legião Urbana, liderada por Renato Russo, considerado um dos maiores letristas da geração, ao lado de Cazuza; e Capital Inicial, por Dinho Ouro Preto, e Plebe Rude. Magazine de Kid Vinil, Dr. Silvana e CIA, Rádio Táxi, Metrô, Absyntho e muitos outros.

Linha do tempo das músicas nacionais entre 1960 e 2020 (extraído do canal youtube Parada Hits)

A Música Eletrônica

A música eletrônica, nos moldes que conhecemos hoje, começou a ser desenvolvida em 1948, quando o músico francês, Pierre Schaeffer passou a unir instrumentos diferentes e gravações de toca-discos em uma única música, fazendo surgir posteriormente as mixagens sonoras.

Em 1951, a música eletrônica passou a emergir na Alemanha e ali foi criado o primeiro estúdio totalmente dedicado a esse tipo de som. Os alemães Werner Meyer-Eppler, Robert Beyer e Herbert Eimer foram os responsáveis por esse projeto, mas diferente dos franceses que usavam objetos sonoros e instrumentos tradicionais para criarem os sons, eles desenvolviam suas técnicas através de osciladores elétricos.

A popularização da música eletrônica no mundo se deu com o surgimento dos sintetizadores digitais, mas foi a partir do uso de softwares e computadores pessoais que o ritmo virou febre. Graças a esses equipamentos, passou a ser possível utilizar recursos de áudio e emular funcionalidades próprias de instrumentos musicais ou de sintetizadores.
No inicio dos anos 70 o Kraftwerk revolucionou a e-music ao cantar com o vocoder, que trazia à tona as vozes sintéticas. Por isso, eles são considerados como o primeiro grupo de Música Eletrônica pelo quesito inovação, visto que outros artistas vieram antes deles.

Kraftwerk – Das Model (1980).

Os anos 70

Para começar a falar da música dos anos 70, é preciso voltar um ano atrás, ao ano 1969, ao que significou o Woodstock Festival. Foi um ponto culminante imbatível para fechar aquela década em sua versão americana. Rock e psicodelia, tanto nos Estados Unidos quanto na Grã-Bretanha, tornaram-se um em dois. Os hippies pareciam comer tudo, deslocando para sempre a geração que amava a música dos 50. O punk dos anos 70 nos EUA não era o mesmo do que que era no Reino Unido, e nem o glam ou o pop em si, mas de alguma forma era tudo um.

No início dos anos 70, a tendência na música não mudou radicalmente; em vez disso, o fez passo a passo. No entanto, em meados da década de 1970, a posição anterior começou a ser confrontada. A música negra nunca morre, mas o punk nasce e morre, por exemplo, em pouco tempo. Um movimento que, em sua explosão de raiva, não durou muito, embora possamos dizer que nunca morreu completamente, dando origem ao New Wave. Nesta década se destacaram também muitos grupos e cantores com uma pegada mais romântica, baladas e as tão famosas músicas de discoteca ou disco, que teve suas raízes nos clubes de dança voltados para negros, latino-americanos e apreciadores de música psicodélica, além de outras comunidades na cidade de Nova York e Filadélfia. Desta época, podemos destacar: KC & the Sunshine Band, Santa Esmeralda, Donna Summer, Gloria Gaynor, ABBA, Boney M., Bee Giss, Jackson 5. As mais românticas podemos citar também Rita Coolidge, The Hollies, B.J Thomas, The Carpenters, Bread, Harry Nilsson, Elton John, Majority One, Roberta Flack, The Stylistics, Chicago, Kansas, Patrick Hernades.  No rock temos  The Beatles, The Doors, Led Zeppelin, Janis Joplin, Aerosmith e muitos, mais muitos outros, que seria impossível listá-los aqui. Veja abaixo um clip com um pouco das músicas desta época.

Trechos de músicas dos anos 70 (extraído do canal youtube Parada Hits)

O movimento Hippie

movimento hippie surgiu na cidade de São Francisco, na costa oeste dos Estados Unidos, na década de 60.

Os hippies pregavam o amor livre, o respeito à natureza, ao pacifismo e à uma vida mais simples, sem preocupações consumistas. Igualmente, utilizavam o consumo de drogas a fim de abrir a mente e serem mais criativos.

Origem do Movimento Hippie

Hippie

A luta por uma vida menos materialista e a estética floral foram grandes marcas dos hippies

Com a escalada de violência entre Estados Unidos e União Soviética, durante a Guerra Fria, surge um movimento que contesta a violência e o capitalismo: o beat.

A cultura beat questionava os valores tradicionais americanos e ocidentais como a moral, o matrimônio, os padrões de beleza e o estilo de vida baseado no consumismo.
Sua origem remonta a um grupo de escritores que se reuniram nos anos 50 com o objetivo de criar obras literárias e criticar a sociedade americana.

Os principais nomes foram Jack Kerouac, Allen Ginsberg, William Burroughs, Anne Waldman, Elise Cowen, entre outros.

Características da Cultura Hippie

Por esta razão, o movimento hippie encaixa-se na vertente da contracultura, pois discorda da cultura dominante. Ainda acreditavam que o consumo de drogas alucinógenas abria a mente às novas possibilidades criativas.

O hippies protestaram contra a guerra participando de marchas e também se implicaram nos movimentos feministas e de direitos civis aos afro-descendentes, na linha proposta por Martin Luther King.

Com sua defesa à liberdade sexual, também ajudaram a discutir temas referentes à homossexualidade.
Vestiam-se de forma oposta à moda vigente com calças e blusas largas, artigos de estampas florais, faixas nos longos cabelos e o uso barbas grandes para os homens.

Através do consumo de drogas alucinógenas desenvolveram a cultura psicodélica que se caracteriza pelo uso de cores fortes, traços marcados e referências à natureza, especialmente às flores.
Infelizmente, o abuso dessas substâncias tóxicas levaram vários artistas à morte prematura.

Fim do Movimento Hippie

Nos anos 70, várias ideias defendidas pelos hippies foram absorvidas pela sociedade.
Igualmente, alguns dos seus principais representantes como Jimi Hendrix, Jim Morrison e Janis Joplin morreram de overdose. Jonh Lennon, que flertou com o pensamento hippie nos anos 70, foi assassinado em 1980.

Também o fato da família Manson, uma comunidade hippie estabelecida na Califórnia, ter cometido vários assassinatos e roubos, contribuiu para desacreditar em parte deste movimento.
No entanto, os ideais hippies ainda estão presentes através do movimento ecologista, dos não-consumistas, vegetarianos ou veganos, e mesmo nas campanhas por direitos das minorias.

Afinal o que foi o Woodstock de 1969 e 1999?

O festival de Woodstock, ocorrido no verão de 1969, ao longo de três dias intensos, entre 15 e 18 de agosto, numa fazenda no estado de Nova York, foi uma culminação das expressões de massa dos movimentos político-culturais dos anos de 1960, conhecidos generalizadamente pelo conceito de “contracultura”.

Após anos de protestos e de um clima de revolução cultural, o ano de 1969 começou com a posse do presidente republicano Richard Nixon, que frustrava as demandas de fim da guerra, o que tornava esse encontro de jovens mais do que um simples festival de música.

O encontro festivo e rebelde de quase meio milhão de jovens num clima de exaltação das liberdades, recusa da guerra, uso de drogas psicodélicas, nudez e sexualidade desafiadoras foi um evento artístico, político e existencial marcante.

O debate histórico e sociológico sobre esse período e esse termo é enorme, havendo os que identificam uma perspectiva contracultural contínua na história, como um conflito intrínseco a toda e qualquer cultura constituída que possuiria sempre os seus contestadores. Cristãos gnósticos, correntes heréticas, sufistas islâmicos e românticos europeus seriam, assim, manifestações contraculturais em tempos e lugares diversos. Para outros, no entanto, apenas a eclosão do movimento político-cultural ocidental dos anos do segundo pós-guerra, especialmente com raízes estadunidenses, poderia ser chamado de “a contracultura”.

Muitos elementos coincidiram nessa década que viveu uma efervescência inédita de questionamentos dos costumes, da política, da arte e da religião estabelecidas: a fase de crescimento econômico do segundo pós-guerra, o boom de natalidade havido nessa geração, o advento dos contraceptivos em pílulas, a escalada militar da guerra do Vietnã, a influência de religiões orientais como o budismo e o hinduísmo no Ocidente, o uso de drogas psicodélicas, especialmente do LSD, a eclosão do movimento negro, feminista e homossexual, a militância estudantil universitária, as manifestações multitudinárias. A contracultura foi uma espécie de atitude desafiadora, de mentalidade revolucionária, de desejo de realizações imediatas, que perpassou essa geração identificada emblematicamente com a revolta.

Hippies em manifestação contra a guerra do Vietnã, em agosto de 1968 – Foto: Domínio Público/Library of Congress

O encontro festivo e rebelde de quase meio milhão de jovens num clima de exaltação das liberdades, recusa da guerra, uso de drogas psicodélicas, nudez e sexualidade desafiadoras foi um evento artístico, político e existencial marcante e triste.

O festival de Woodstock foi também, não apenas a maior concentração de pessoas dessa época, de forma improvisada e solidária, como se constituiu talvez no maior número de pessoas em uma “viagem de ácido” coletiva e simultânea.

O que fora a tradição dos protestos não violentos sentados na rua, chamados de sit-ins, evoluíram para o que se chamou de be-ins, ou seja, estar juntos como um ato de festa, de revolta, de transe, de congregação, de empatia.

A música e a dança se expressaram efusivamente como um meio coletivo de vivência iniciática e com um conteúdo idílico e pacifista que impediu que houvesse praticamente qualquer incidente ou conflito.

A afirmação hedonista, de uma sexualidade esfuziante, de uma alegria militante, de um uso psiconáutico de drogas expansivas sensoriais, de acordes rítmicos e vertiginosos, se inscreveu numa ética e numa estética hippie de recusa ao projeto industrial-militar que já demonstrava não só seus efeitos genocidas nos bombardeios na Indochina, como sua destrutividade socioambiental. Em oposição ao cenário de terror vivido pela ameaça de destruição nuclear da guerra fria, anunciava-se a busca de um “paraíso agora”.

A contracultura, entretanto, se viu incapaz de formar um polo orgânico de oposição política alternativa nos Estados Unidos. Buscou um nicho institucional na esquerda do Partido Democrata, em cuja Convenção de Chicago, em 1968, tentou influir na escolha de um candidato mais à esquerda, mas fracassou. Os assassinatos, nesse mesmo ano de 1968, de Martin Luther King e de Bob Kennedy, assim como o fuzilamento de estudantes universitários que protestavam contra a guerra, já haviam deixado claro que o chamado establishment não seria abalado facilmente.

Foto: David Wilson/Wikimedia Commons

A eleição do candidato republicano Richard Nixon levou ao aumento da guerra e dos bombardeios, mas também resultou depois na campanha pelo seu impeachment, ocorrido em 1974, que foi uma espécie de revanche da geração de Woodstock, derrotada nas eleições, mas vitoriosa em boa medida, no âmbito dos direitos civis, que tanto em relação às mulheres e aos negros na exigência de direitos iguais, como em relação aos homossexuais, na conquista de seu direito de existência.

Os direitos civis, desde então, se consolidaram no mundo ocidental e até mesmo o proibicionismo das drogas se viu abalado pelas sucessivas legalizações da maconha em muitos estados norte-americanos e, desde 18 de outubro de 2018, em todo o Canadá.

Essas mudanças são um legado das efervescências dos anos sessenta e mantêm um fio de continuidade entre as contraculturas na história ocidental, renovando um romantismo revolucionário que de tempos em tempos volta a reacender paixões coletivas em ciclos de rebelião cultural.

 

No papel, o Woodstock’ 99 foi vendido com a mesma promessa do festival original de 1969 – três dias de música, paz e amor. E de fato, teve sim muita música, mas em matéria de paz e amor… digamos que deixou bastante a desejar.

Hoje, 24 anos depois, o festival é lembrado como um desastre de proporções colossais, marcado por diversos casos de violência sexual, incêndios e uma série de decisões erradas por parte da organização. É também frequentemente apontado como um ponto de virada cultural que sinalizou a morte definitiva de um dos principais símbolos da contracultura, e o momento em que toda a raiva e a frustração da geração pre-millenial explodiu na cara do sistema, com transmissão via pay-per-view.

Pôster de Desastre Total: Woodstock’ 99

Desastre Total: Woodstock ’99, série em três episódios produzida pela Netflix, narra a inacreditável saga de erros do festival por meio de entrevistas com jornalistas, produtores (incluindo Michael Lang, criador do Woodstock original), gente que trabalhou no evento e alguns dos artistas que se apresentaram. Dizer que a tragédia foi anunciada é pouco – da escolha do local à contratação da equipe de segurança, praticamente todas as decisões da organização sinalizavam um desastre iminente.

Basta contar que no segundo dos três dias do festival já não havia mais água potável disponível, os banheiros químicos estavam imprestáveis, e a coleta de lixo havia sido interrompida. Pra piorar, o clima também não ajudava: 37ºC na cabeça e sem um pé de sombra a vista. A partir daí, a frustração do público e as cagadas da organização escalaram numa sequência de eventos que resultou em mais de mil feridos, quatro casos de estupro confirmados (sem contar muitos outros que não foram reportados) e pelo menos três mortes relacionadas aos eventos do festival.

Embalado pelo clima de antecipação da virada do milênio e pela comoção popular em torno do então recente atentado de Columbine, o Woodstock’ 99 tentou se promover como um retorno às raízes contraculturais do Woodstock de 1969, mas acabou deixando um gosto amargo no fim do século que viu nascer a cultura jovem. Foi uma demonstração clara e evidente de que os ideais de liberdade, cooperativismo e paz tão caros às gerações anteriores havia sido cooptado pelas grandes corporações.

A música, a fama e as drogas que matam

Problemas pessoais, cobranças externas ou agendas repletas de compromissos. São diversas as questões que motivam o consumo de substâncias que possam trazer algum “alívio”. Muitas fazem tão mal à saúde que marcam gerações e nos fazem lembrar de artistas que tiveram overdose ou que, por conta destas malditas drogas – lícitas ou ilícitas, perderam suas vidas por algum outro motivo relacionado.

Quando a ajuda ocorre a tempo, promovendo a recuperação do dependente químico, os efeitos negativos tendem a ser reduzidos a lembranças. Mas, infelizmente o uso contínuo destas substâncias ao longo dos últimos 50 anos, tem levado muitos cantores famosos a uma morte triste, sozinho e sem Deus. Abaixo, listamos alguns tristes exemplos:

Judy Garland

Conhecida americana atriz e cantora que morreu de acidente tipo overdose de drogas na idade de 47 anos, em 1969. Ao longo de sua carreira ela estava em uma guerra constante com sua vida pessoal, drogas e álcool. Considerada artista versátil premiada com vários prêmios importantes, incluindo um Grammy postumamente em 1997. Também reconhecida como uma das melhores atrizes do cinema americano. Judy Garland obteve papel marcante no filme: O Mágico de Oz.

Billie Holiday

Billie Holiday foi estrela do jazz que nasceu no dia 17 de Abril de 1917, na Pensilvânia, Estados Unidos. As únicas habilidades vocais, que tinha tirado da influência de instrumentais em Jazz, ajudou a dar forma à expressão do gênero.
Durante a carreira de Billie Holiday foram registrados até doze álbuns dentro do período de sete anos. Cantora bem sucedida que dominou o mercado durante e depois da própria época. Ela estava financeiramente arruinada por causa de vícios e morreu de insuficiência cardíaca em 1959.

Jimi Hendrix

James Marshall Jimi Hendrix nasceu no dia 27 de novembro de 1942, em Seattle, Washington. Considerado por alguns como o melhor guitarrista de todos os tempos. Um dos mais influentes músicos dentro do mundo do rock, antes e depois da própria época – que durou pouco mais do que três anos.
Ele morreu com a idade de 27 anos. Apesar da morte está envolta de controvérsias, com suspeitas até mesmo de teoria da conspiração, acredita-se que tenha morrido em virtude da overdose de drogas. Não se pode ignorar o fato de que Hendrix era bem-conhecido por usar drogas psicodélicas denominadas LSD.

Janis Joplin

Janis Joplin nasceu em 19 de janeiro de 1943 e morreu no dia 4 Outubro de 1970. Ela nasceu no estado do Texas, EUA. Joplin era conhecida por fãs e colegas nos atos da fase elétrica apoiada por voz única e poderosa. Conhecida como a rainha do Rock N’ Roll.
Classificada entre as 100 maiores artistas de todos os tempos. Morreu de overdose com heroína, hábito com o qual ela lutou durante quase toda a vida. Em frequência era fotografada com outros músicos da época que também eram conhecidos por abusar das drogas, como Jimi Hendrix, por exemplo.

Jim Morrison

O enigmático homem de frente da banda de rock / blues americano The DOORS, Jim Morrison, era notório problema policial, embora fosse imensamente popular entre os fãs.
Homem de frente que tinha grande senso de observação e sabia trabalhar com as multidões para a direção que ele escolhia. As travessuras selvagens no palco só foram superadas pela mistura psicodélicas de blues e rock que a banda conseguiu colocar para fora. A dependência constante em drogas e álcool causou morte de Morrison prematura na idade de 27 anos. Nasceu em 08 de dezembro de 1943 e morreu no dia 03 de julho de 1971.

Elvis Presley        

Elvis Aaron Presley não era apenas um cantor popular, mas sim ícone cultural da juventude e conhecido no mundo musical como “rei”. Nasceu no Mississipi, em 08 de janeiro de 1935, morreu no dia 16 de agosto de 1977 devido ao constante uso de drogas e álcool.
Elvis era também ator conhecido da época e estrelou vários sucessos de bilheteria. Ele está entre os cantores pop mais renomados de todos os tempos e ganhou inúmeros prêmios. O mito foi tão grande que até os dias de hoje pessoas acreditam que o rei está vivo.

Amy Winehouse

Amy Winehouse foi conhecida cantora e compositora. Morreu de overdose com droga e álcool em julho de 2011. Era artista talentosa e não teve carreira longa, considerando o fato de que morreu em idade de 28 anos. Amy Winehouse está classificada no topo da lista dos Top100 WOMEN in Music. Os álbuns possuem maiores recordes de venda em território britânico. A artista recebia fortes críticas positivas em virtude das apresentações em cima do palco.

Whitney Houston

Whitney Houston foi uma das mais premiadas vozes do sexo feminino de todos os tempos. Ela também atuou no cenário de Hollywood como atriz de sucesso e produtora de filmes. Morreu com a idade de 48 anos por causa acidental de overdose que a levou a se afogar dentro da banheira. Tem posição de destaque na lista de figuras POP de toda a memória do gênero musical. A história conta que Whitney se esforçava contra o problema de abuso de drogas ao longo da vida, chegando inclusive a participar de programas de reabilitação.

Kurt Cobain

Em 08 de abril de 1994, o corpo de Cobain foi descoberto na sua casa em Washington por um eletricista chamado Gary Smith, que tinha chegado a instalar o sistema de segurança. Para além de pequena quantidade de sangue saindo da orelha de Cobain, o eletricista relatou não ter visto nenhum sinal visível de trauma. Mas tarde foi encontrada a arma de fogo que teria sido usado no suposto suicídio, junto com remédios e bebidas alcoólicas.

Chorão

O cantor e compositor da banda Charlie Brown Jr. era um ídolo para muitos jovens dos anos 1990. Por isso, sua morte, em 2013, quando Chorão tinha apenas 42 anos, chocou o Brasil inteiro.
De acordo com o exame toxicológico, o cantor tinha 4,714 microgramas de droga por mililitro de sangue. Na época, a esposa de Chorão disse que o músico lutava contra a depressão por muito tempo.

Michael Jackson

Às vezes a overdose pode acontecer não por culpa da própria pessoa, como foi o caso do Rei do Pop. Michael Jackson morreu aos 50 anos por conta de uma intoxicação severa de propofol e benzodiazepina.
Essas drogas foram dadas a ele via Conrad Murray, seu médico pessoal. Depois de um tempo, o médico foi considerado culpado pela morte de Michael por homicídio involuntário. Ele cumpriu dois anos de uma sentença de quatro anos.

Elis Regina

Até hoje Elis é considerada uma das maiores cantoras da música brasileira. Justamente por isso que o dia 19 de janeiro de 1982 ficou marcado na história como sendo o dia que o país perdeu uma das suas grandes vozes.
Elis foi encontrada desacordada em sua casa pelo seu namorado, Samuel MacDowell. Embora a cantora não tivesse um histórico de uso de drogas, o laudo médio legal de sua morte apontou que a causa da morte da cantora foi uma overdose por cocaína e álcool. Na época em que Elis morreu ela tinha 36 anos de idade.

Prince

Grandes estrelas muitas vezes pagam o preço da fama da pior maneira possível. Prince era e ainda é um dos artistas mais conhecidos e relevantes da música. Justamente por isso, ele passou vários anos de sua vida fazendo incontáveis shows. Por conta disso, o cantor estava usando opioides bem poderosos para tentar anestesiar a dor do seu corpo.
Infelizmente, Prince morreu aos 57 anos por conta de uma overdose acidental de fentanil. Ele é um opioide sintético 50 vezes mais poderoso do que a heroína.

Anos 80 – Uma década de Ouro 

Um fato que não tem como ser negado é que as músicas dos anos 80 se tornaram uma referência no mundo todo; foi também a década mais reverenciada no cinema e na TV. Havia uma certa inocência que fazia a gente produzir coisas muito simples, e a simplicidade sempre ajuda o público a responder àquelas produções. Nos anos 80 a ideia era simplesmente se divertir. Dizem que foi a década que não terminou.

O uso da tecnologia que já vinha sendo experimentada nos anos 70 se tornou mais acessível aos novos artistas nos anos 80, bem como os instrumentos musicais e, com o crescimento econômico, comprar discos de vinil e fitas K7 ficou mais fácil.
A experimentação corria solta, bandas reinventavam o uso de instrumentos convencionais, os integrantes usavam roupas e penteados com cortes extravagantes, numa clara apologia à fuga de regras, o que de certa forma atingiu o estilo musical.

Foi a década da música eletrônica e da moda colorida e futurista. Nesta época, a New Wave e o Synth-Pop se tornaram os gêneros musicais mais populares, assim como toda a estrutura da Dance Music. Entre as bandas de sucesso na época expoentes destes gêneros estavam: Alphaville, A-ha, Depeche Mode, Tears for Fears, Cindy Lauper, Duran Duran, New Order, Rick Astley, Erasure, Eurythmics, Pet Shop BoysHuman League e Milli Vanilli.

Michael Jackson foi definitivamente o maior ícone da década de 1980, com imagem e estilos marcantes. Seu famoso álbum de 1982, Thriller, tornou-se o álbum mais vendido de todos os tempos.
Madonna foi a maior estrela e símbolo feminino dos anos 80, com os primeiros anos da carreira marcados por controvérsias e aplicações de tendências ao mainstream, da sonoridade dançante à moda.

Como o termo Disco havia saído de moda nos primeiros anos da década, gêneros como Pós-Disco, Ítalo Disco, Euro Disco e Dance-pop tornaram-se mais populares com representantes como Baltimora, Laura Branigan, Gazebo, Spagna, Savage, Desireless, Bad Boys Blue, Modern Talking, etc.
Muitos hits foram embalados pelo cinema principalmente com a grande popularidade dos filmes de dança como Flashdance, Footloose e Dirty Dancing.

Músicas dos anos 1980 a 1989 (extraido percialmente do canal youtube Parada Hits, editado por JP)

 

A ascensão do Pop favoreceu o surgimento das populares Boy Bands da década, Menudo e New Kids on The Blockalém de ter impulsionado a música romântica através de artistas como Whitney Houston, Air Supply, Bryan Adams, Roxette, etc.

Rock Internacional

Logo no início dos anos 80 surgiu no underground a subcultura gótica na Inglaterra, derivada do gênero Pós-punk (com raízes no Punk Rock, porém mais introvertido, complexo e melancólico) de bandas como The Cure, Joy Division e Talking Heads.

Heavy Metal, junto com o movimento New Wave of British Heavy Metal, recebeu inúmeras vertentes ainda mais rápidas e pesadas, como o popular Thrash Metal, consagrando bandas como Iron Maiden, Metallica, Slayer, Megadeth, Judas Priest e Anthrax.

Conservando as raízes do Hard Rock merecem destaque os longos períodos de sucesso que tiveram as bandas Bon Jovi, Van Halen, AC/DC, Guns n’ Roses, Def Leppard, Twisted Sister, Whitesnake e Scorpions.
Em meados dos anos 80, foi criado o Sepultura, tido por alguns como a maior banda de Heavy Metal brasileira.

Inúmeras bandas consagradas de Rock Pop surgiram nos anos 80 como Queen, U2, The Police, The Smiths e outras já vindas de décadas passadas tiveram seu auge nos anos 80 como Tina Turner Dire Straits.

Rap e Hip Hop

Afrika Bambaataa, produtor musical e DJ estadunidense, além de ter inovado os paradigmas do Electro, também é reconhecido como sendo o padrinho do Hip Hop. Foi o primeiro a utilizar o termo e dar as bases técnica e artística para o ritmo, formando assim uma nova cultura que se expandia nos bairros negros e latinos da cidade de Nova Iorque e que congregava DJs, MCs, Writers (grafiteiros), B.boys B.Girls (dançarinos de Breaking). Podemos ver um pouco disso no clip da música Buffalo Gals (1982) de Malcoln McLaren.

Malcoln McLaren, “Buffalo Gals” 1982.

 

Grupos como Public Enemy, Grandmaster Flash and the Furious Five, Run-DMC e MC Hammer chegaram a figurar entre os “100 Maiores Artistas de Todos os Tempos” pela Revista Rolling Stones.

Surgiam com isso, os grupos de rap nacional tendo como precursores os frequentadores das reuniões da cultura Hip Hop no Brasil no fim da década: Ndee Naldinho, Thaíde e os membros do RZO e do Racionais MC’s.

House Music

Foi nos anos 80 que surgiu a vertente da música que mais originou variantes, a House Music. Inspirada em experimentações de batidas dos anos 70, principalmente da Disco Music, teve como principais representantes: Lee Marrow, Inner City, Capella, Black Box e claro, o Acid House de Bomb The Bass, S’Express e M.A.R.R.S. entre outros.

Freestyle

Um ritmo que ganhou grande popularidade foi o Freestyle (conhecido também por Miami Bass ou Funk Melody). Iniciado pelo Afrika Bambaataa em sua faixa “Planet Rock” sob bases da música eletrônica e da Disco Music dos anos 70 e posteriormente eternizados por artistas como Noel, Stevie B., The Cover Girls, Lil Suzy, Company B., Information Society, Shannon, The Voice in Fashion Kon Kan.

Afrika Bambaataa, “Planet Rock” 1982.

 

Vale ressaltar que as danças urbanas como o freestyle, hip hop, funk, street dance tem como referência as praticas que surgem de contextos de periferia e do choque cultural. Elas são criadas com base em ideias de lutas e protestos. Racismo e viol~encia policial são frequentes. Veja abaixo o clip Grandmaster Flash e Furious Five – The Message traduzido.

Grandmaster Flash e Furious Five, “The Message” 1982, traduzido.

Cinema

O cinema foi provavelmente a indústria mais afetada nesse período de tempo, que serviu de base para a criação do cinema que temos hoje. Nessa época, o público estava se tornando mais ativo no cinema do que anteriormente era, sendo assim, uma mudança começou a ocorrer. Uma nova geração foi se criando, então os filmes começaram a ser moldados a partir de suas preferências e gostos. Portanto, podemos dizer que foi bem aí que o cinema começou a entender seu público alvo.

De volta para o futuro

Foi nessa de década que o público começou a ter voz ativa. Então os filmes de maior lucro, eram os que faziam sucesso entre os adolescentes. Sabendo disso, criou-se novos estilos, que mais tarde se tornariam um gênero próprio do cinema. A fama dos filmes da época foi tanta que hoje em dia se consolidaram como clássicos, dentre eles temos ‘De Volta Para o Futuro’, ‘E.T.:O Extraterrestre’, ‘Os Caça-Fantasmas’, ‘O Clube dos Cinco’, ‘Curtindo a Vida Adoidado’, ‘O Exterminador do Futuro’, ‘Star Wars: O Império Contra-Ataca’, ‘Indiana Jones: O Templo da Perdição’, ‘Dirty Dancing’, ‘Gremlins ‘, ‘Robocop’, entre outros, que são inspirações até hoje.

Anos 90

Falando em música nos anos 90, logo vem à mente a MTV. Ela surgiu oficialmente nos Estados Unidos em 1981 e foi importante veículo para vários artistas. De Michael Jackson a Guns and Roses, muitos aproveitaram ao máximo a versatilidade do formato videoclipe.

No Brasil ela aterrissou uma década depois, no dia 20 de outubro de 1990. A partir de então o resto é história. Se antes o sonho de qualquer banda de garagem era gravar um disco, depois que a MTV entrou em cena o sonho ganhou mais um item: gravar também um clipe. Além disso, quem queria ficar por dentro das notícias da música pop ligava a televisão e sintonizava na MTV.

O impacto da Music Television na música pop dos anos 90 foi enorme. Artistas das antigas (como o Aerosmith) encontraram um novo público quando investiram na linguagem dos clipes, já os novos artistas (como o Nirvana) agarraram o formato com unhas e dentes.

Esta década forneceu um cenário musical muito diverso, com o surgimento e consolidação de muitos novos gêneros e subgêneros musicais.
Por exemplo, no Brasil, se de um lado tínhamos o rock seguindo a linha de crescimento dos anos 1980, do outro, o funk começava a ganhar espaço no mainstream e o pagode se consolidava como o gênero musical que marcou a década no país.
Do lado do sertanejo, enquanto isso, o sertanejo romântico entrava em seu auge, com artistas como Zezé Di Camargo & Luciano e Bruno & Marrone.
Já no cenário internacional, em especial nos Estados Unidos e Europa, o rock tomava várias formas, com o rock alternativo, o grunge, o skate punk, o heavy metal e o hard rock.

Já do lado do pop, artistas como Britney Spears, Celine Dion, Backstreet Boys, Mariah Carey, Whitney Houston, Michael Jackson, Madonna e Spice Girls que foi o boom dos anos 90 e marcaram a década.

Spice Girls – Viva Forever – 1998. É amplamente considerado pela critica, como o melhor trabalho das Spice Girls em sua carreira. Segundo o diretor, a metáfora do clip não trata da morte física mas sim, da inocência e a juventude. Na sua interpretação, “a música pop é sempre sobre sexo e amor e quando se começa a se interessar por isso, deixa-se os brinquedos de lado”.

Enquanto isso, no continente asiático tínhamos o fenômeno do Japanese Rock, o início do J-pop e o começo do Asian Pop, que levaria a consolidação do K-pop nos anos posteriores.

Cinema

A década de 90 até que foi um período interessante em se tratando de filmes. Ela rendeu uma considerável quantidade de clássicos, obras marcantes que, se não ganharam o Oscar, pelo menos deixaram a sua marca indelével na cultura pop.

Quando falamos em filmes, Forrest Gump, Jurassic Park, Ghost, Titanic e Pulp Fiction são apenas alguns nomes de uma lista imensa.

Televisão

A televisão sempre foi importante para a cultura pop, lançando tendências e influenciando comportamentos. Durante a década de 80 e 90 praticamente não havia lar que não tivesse uma televisão na sala funcionando quase 24h por dia.

Nos anos 90 o entretenimento televisivo rendeu séries que garantiam para as emissoras algo muito valioso na época: a audiência.
A década de 90 revelou algumas séries que foram assistidas por milhões de espectadores que, mesmo nos digitais tempos atuais, ainda conquistam alguns fãs neófitos. Podemos citar algumas como: Arquivo X, Simpsons, Friends, Seinfeld, Barrados no Baile, Anos Incríveis, Law & Order,  Lois & Clark, The Nanny, Plantão Médico entre outras.

O mundo dos trilhas sonoras

Trilha sonoras são nada além do que a aplicação da música e dos sons na construção de uma história. A tecnologia mudou constantemente no século dos filmes projetados, é verdade. Mas a filosofia quase sempre foi a mesma: o áudio casa com a imagem e serve para te transportar para dentro daquela cena, seja em um roteiro de comédia, ação, aventura ou um musical.

De início, a aplicação da música nos filmes ficava restrita às trilhas musicais, posteriormente dando lugar para a mistura com as vozes. Elas eram tratadas com a mesma estética. Quando não havia diálogo, a música preenchia o buraco.

A apreciação alternativa de uma cena, guiada pelo áudio, não existia um século atrás, quando Thomas Edison decidiu sincronizar a exibição de imagens ao áudio de um fonógrafo. Na época, parte dos espectadores argumentavam que a voz pudesse nem sempre ser o foco da narrativa, já que isso poderia acarretar em uma “teatralização” do filme. Por que ir ao cinema se eles podiam ter uma experiência equivalente, com pessoas reais, no teatro?

Em meio a isso, há o nascimento do cinema com música, que levaria a filmes como O Nascimento de uma Nação, drama americano da Guerra Civil, até The Broadway Melody de 1929, o primeiro grande musical falado. Entre os anos 1930 e 1960, Hollywood viu o crescimento dos musicais, período que é tratado como a Era de Ouro. À época, Carmen Miranda, Frank Sinatra, Fred Astaire e Judy Garland estavam no auge de suas carreiras nas telonas.

Miklós Rózsa,1959 Ben-Hur Themes by John Wilson Orchestra 2013

Alguns críticos dizem que os gêneros musicais do cinema” foram formados, em paralelo aos filmes musicais, nesse mesmo período. A origem dos clichês de terror, por exemplo, pode ser notada em A Noiva de Frankenstein, de 1935. Em meados dos anos 1960, tivemos mais exemplos criativos. 007 contra o Satânico Dr. No, o primeiro de James Bond, utilizou a canção do grupo The John Barry Seven – nossa referência atual para filmes de espião.

Nesta mesma época, os filmes western (velho-oeste) também evocavam o espírito aventureiro, e o maestro Ennio Morricone foi o maior destaque deste período. A Conquista do Oeste é um primeiro grande exemplo, mas você provavelmente vai se lembrar mais do tema de Três Homens em Conflito, que veio quatro anos depois. Ennio Morricone. Compositor, arranjador e maestro italiano que escreveu músicas em diversos estilos. Morricone compôs mais de 400 partituras para cinema e televisão como também: A Missão, Cinema Paradiso, Kill Bill Vol. 2, Era Uma Vez na América, Os Intocáveis,  Os Oito Odiados e muitos outros.

Três Homens em Conflito (Tema Principal & Êxtase do Ouro) – The Mission (Thema Principal & Finale)

Por incrível que pareça, foi somente em 1970 que surgiu o primeiro cargo oficial de “fazedor” de trilhas. Walter Murch precisou pensar na captação, edição e mixagem para o filme de ficção científica THX 1138. Quando trabalhou em O Poderoso Chefão, dois anos depois, começou a tratar o áudio como um complemento à imagem. Esse olhar está por trás da criação da inconfundível valsa que é assinatura do filme, e que, depois, viraria sinônimo da máfia e do contraste entre italianos e norte-americanos.

Antes de Christopher Nolan ter seus filmes de ficção científica dos anos 2000/2010 temperados pela música de Hans Zimmer, outra parceria memorável da sétima arte é entre Steven Spielberg e John Williams. A dupla começou no primeiro filme de Spielberg, Louca Escapada, mas só ficou mais evidente na melodia de Contatos Imediatos do Terceiro Grau.

John Williams Medley – 24 themas de diversos Compositores. Imperdível!

Williams, então, viria a criar algumas das trilhas mais memoráveis do cinema com o diretor: os temas de E.T. O ExtraterrestreJurassic ParkLista de SchindlerIndiana Jones e Tubarão são alguns exemplos. Depois disso, ele viria a trabalhar com outros cineastas (inclusive com George Lucas, introduzido pelo amigo Spielberg) e faria as músicas de Esqueceram de MimStar WarsSupermanHarry Potter e dezenas de outros títulos e franquias.

O inventor de temas tão populares merece todo o prestígio por sua criatividade, mas poucos fazem a associação com clichês subconscientes que dependem exclusivamente de nossa formação cultural. John Williams reaproveitou muitos padrões de música clássica e de outros compositores para o cinema, de gerações antes dele.

Voltando aos clichês, nada impressiona pegarmos Tchaikovsky no balé Quebra-Nozes, em 1892, e associarmos ao Natal ou à magia. O mesmo instrumento foi utilizado no tema de Harry Potter, escolha consciente de Williams, e Esqueceram de Mim virou um clássico natalino em parte por seu tema. Em outros filmes, como Em Cada Coração um Pecado, vemos a coragem impressa na abertura de Star Wars.

Com ou sem clichês, George Lucas e Spielberg não foram nenhum caso especial ao direcionar (e dirigir) o “tom” de seus filmes. Décadas atrás, Stanley Kubrick optou por usar a introdução de Also Sprach Zarathustra (de Richard Strauss, feita em 1896) como parte da trilha de 2001já mostrado acima no capitulo 11 sobre os compositores do século XIX ao invés de uma composição original de Alex North, o mesmo compositor de Spartacus.

Bernard Herrmann, outro compositor renomado, era parceiro de Alfred Hitchcock em suas produções, como Um Corpo que CaiO Homem Que Sabia Demais Intriga Internacional.

Os diretores dos anos 1980, principalmente os que ficaram famosos na “Era MTV”, como John Landis, David Fincher e Spike Jonze, apostaram em intercalar a produção de longa-metragens e clipes musicais.

Sobre diretores dos últimos anos que manipulam a música de formas criativas, pode-se citar Edgar Wright, um dos poucos que usa o casamento das trilhas e de ação física para criar comédia, especialmente em Todo Mundo Quase Morto. Um exemplo clássico europeu levantado por Dan é Jean-Luc Godard. Em particular, há uma cena de destaque na carreira do cineasta, gravada em um take único, de Banda à Parte.

Na última década, um compositor sueco muito particular fez sucesso dentro e fora de Hollywood. Ludwig Göransson, vencedor do Oscar pelas músicas de Pantera Negra, tem uma relativamente curta para seus 36 anos de idade, mas já conseguiu evoluir as ideias de John Williams no universo de Star Wars com as músicas de Mandalorian.

O trabalho do hoje renomado Hans Zimmer não era o mesmo nos anos 1980. Antes de compor os inconfundíveis hinos modernos de O Rei Leão, Gladiator, Piratas do Caribe e vários filmes da DC (inclusive dirigidos Christopher Nolan, além dos filmes do Batman), ele criou as músicas de Conduzindo Miss Daisy e Dias de Trovão, ambos esquecidos no tempo.

Hans Zimmer & Lisa Gerrard – Gladiator Theme

Pirates of the Caribbean Suite by Hans Zimmer. Imperdível, assista até o final!

Softwares facilitam a compreensão dos compositores em um domínio multi instrumentista, pois não é necessário entender “fisicamente” como tocar certo instrumento, basta programar e ajustar o ambiente virtual conforme necessário. John Williams já falou sobre como seus primeiros dez anos de carreira foram basicamente conversas regulares com músicos de estúdio, a respeito de qual registro funcionaria para eles, se é fácil tocar em diferentes tons, e coisas do tipo.

Vários novos compositores têm se destacado nos últimos anos com lindas canções para filmes e séries de televisão. Entre eles podemos destacar Brian Tyler; Compositor, maestro, arranjador e produtor musical americano, mais conhecido por suas trilhas sonoras para filmes, televisão e videogames. Em sua carreira de 24 anos, Tyler marcou Partition, Transformers: Prime, Eagle Eye, trilogia The Expendables, Iron Man 3, Avengers: Age of Ultron com Piotr Olszewski, Now You See Me, e Crazy Rich Asians, entre outros.

Brian Tyler, Thor: The Dark World

Brian Tyler, Theme Formula 1

Ele também reorganizou a fanfarra atual do logotipo da Universal Pictures, originalmente composta por Jerry Goldsmith, para o 100º aniversário da Universal Pictures, que estreou com The Lorax (2012). Ele compôs o logotipo da Marvel Studios de 2013–2016, que estreou com Thor: The Dark World (2013), que também compôs a trilha sonora do filme. Ele compôs o tema NFL Sunday Countdown para a ESPN e o tema da Fórmula 1 (também usado na Fórmula 2 e na Fórmula 3). Ele marcou sete episódios da franquia Velozes e Furiosos, e a trilha sonora da série de TV da Paramount, Yellowstone. Por seu trabalho como compositor de filmes, ele ganhou o IFMCA Awards 2014 Composer of the Year.

Redeeming Love (Amor e redenção), Composed & Conducted by Brian Tyler & Gil Shaham

Um dos seus últimos trabalhos agora em 2022 foi a produção musical de Redeeming Love (Amor e redenção), filme que recomendo assistirem e Super Mário Bross em 2023.

Parte deste texto foi extraído do site: bitniks

Seculo XXI

Ao contrário dos anos 90 em que a sociedade se manteve fiel aos mesmos gêneros musicais, os ritmos e a nova forma de se ouvir música influenciaram bastante as pessoas durante os anos 2000 e ainda continuam a evoluir. Os cds acabaram perdendo força com o lançamento dos MP3 players, se tornando cada vez mais frequente adquirir música a partir de downloads e redes sociais. Apesar disso, a década marcou também a volta de mídias antigas, como no ano de 2008, onde as vendas de discos de vinil aumentaram, cerca de 1,9 milhões de unidades foram vendidas, sendo um número superior à qualquer ano no mercado fonográfico desde 1991. A utilização da internet aumentou muito a medida em que os anos se passavam ao longo da década. Contudo, esse aumento acabou potencializando a popularização dos downloads ilegais de músicas protegidas por direitos autorais, causando uma certa tensão entre a indústria musical e o público e gerando dúvidas sobre a popularidade das músicas nas paradas de sucesso.

O som virtual surgiu com a popularização da internet nos anos 90 e a interface de comunicação acaba tendo papel fundamental nos métodos de transmitir a informação pela internet. O mp3 (como já citamos) surge como um algoritmo que reduz drasticamente o tamanho do arquivo de áudio e, consequentemente, sua qualidade. Entretanto, essa perda era muito menos importante para os ouvintes do que a capacidade de ouvir e trocar músicas online com o mundo todo.

Em pouco tempo a internet se transformou no pesadelo das gravadoras, iniciando aí, de forma estrondosa, a pirataria digital e o declínio dos selos. Além da pirataria, a internet, pela primeira vez, permitia o contato entre o artista e o público, ou a troca de informação de um músico russo com um ouvinte no interior do Brasil.

Com a evolução dos sites, blogs e redes sociais, o mercado viu seu público consumidor se alterar completamente. Novos maneiras de consumir a música ampliaram também a criação musical. Álbuns que antes eram tradicionalmente vendidos, passam a dar lugar a singles e EPs lançados com maior frequência e distribuídos por sites de streaming.

Toda essa evolução também modificou os tipos de músicas criadas. Elementos eletrônicos, sons mais digitais, sintetizadores, ferramentas de distorção e correção sonora se tornaram mais presentes na música atual. O mercado da música eletrônica, que até 30 anos atrás não era tão disseminado, hoje é tendência mundial, permitindo inclusive músicas eletrônicas ocuparem as primeiras posições em vendas no mundo todo.

A música que antes só podia ser apreciada se ouvida ao vivo, em moldes mais clássicos e acústicos, hoje, é possível ser apreciada em qualquer lugar, como no celular, ou também ser totalmente produzida em um computador.

Toda instantaneidade musical em que vivemos tornou as músicas com prazos de validade, além de ter gerado uma certa homogeneidade criativa.

A Evolução Musical

O Youtube hoje é o termômetro da música, de uma forma tão significativa como a Billboard (Revista semanal estadunidense da Prometheus Global Media fundada em 1894, especializada em informações sobre a indústria musical) foi nas últimas décadas. Embora a tendência seja de um mercado cada vez mais voltado para a portabilidade, com cada vez mais concorrência e, automaticamente, com carreiras mais passageiras, precisamos esperar para descobrir o que o futuro reserva para a indústria fonográfica. Vale lembrar que plataformas como  Deezer e Spotify somam juntas mais de 100 milhões de músicas disponíveis para usuários da versão gratuita e pagantes.
As plataformas sustentam que todas as milhões de faixas estão disponíveis no mundo todo. Isso sem contar o Youtube que sozinho tem batido recorde em visualizações de seus vídeos, tais como:

1. “Despacito” de Luis Fonsi – 7,57 bilhões de visualizações;
2. “Shape of You” de Ed Sheeran – 5,48 bilhões de visualizações;
3. “See You Again” de Wiz Khalifa – 5,29 bilhões de visualizações;
4. “Uptown Funk” de M. Ronson, com Bruno Mars – 4,32 bilhões de visualizações;
5. “Gangnam Style” por Psy – 4,21 bilhões de visualizações.

Um Breve Esclarecimento

Em nossa linha do tempo, procuramos destacar vários estilos musicais e, claro, muitos não foram incluídos. Uns por conta de espaço e outros por opção mesmo. As músicas dos anos 2010 em diante preferimos não fazer menção devido ao alto conteúdo apelativo sexual que estas a incorporaram. Sabemos que ainda persiste muita coisa boa, mas como o nosso foco até aqui é o de mostrar uma linha do tempo geral da música que chega até nós, não há necessidade de dar visibilidade a cantores(as) que com suas músicas estimulam de forma explícita ao sexo – não que em outras épocas isso não existia também.

Sobre a música, é fato incontestável que nenhuma outra arte possui uma resposta mais efetiva na promoção do equilíbrio fisiológico, emocional e espiritual (baseado na bíblia, claro). Ou seja, a música traz bem-estar físico e psíquico àqueles que podem apreciá-la e estudá-la. E como mencionado, ela ainda colabora para o desenvolvimento saudável das pessoas. Seu caráter lúdico também permite que seja utilizada como ferramenta de aprendizagem. Fazer parte de um coral, ou aprender um instrumento são atividades que vão ter efeitos complementares na inclusão das pessoas enquanto cidadão. Por fim, a cultura musical vai alargar nossa visão de mundo, promovendo este bem tão em falta em nossos dias: a tolerância e a paz interior – quando direcionada à Deus.
A música atua em diversos momentos de nossas vidas. Veja alguns exemplos:

1. Quando estamos amando, a música nos deixa mais românticos.
2. Quando estamos sozinhos, a música é a nossa companheira.
3. Quando estamos no meio de amigos, a música nos une ainda mais.
4. Quando estamos manifestando nossa fé́, a música é adoração.
5. Quando estamos felizes, a música nos alegra.
6. Quando estamos tristes, a música pode nos consolar e nos confortar da
dor que sentimos.

7. Quando tratamos com as diferenças, a música pode nos tornar iguais em
um só sentimento.

A Música Gospel e sua origem

Bem resumido, as primeiras canções do que hoje conhecemos como Gospel foram influenciadas pela igreja afro-americana e seus corais. Nessa linha, os temas estavam ligados ao Evangelho, incluindo-se os ensinamentos de Deus, a vinda do Messias ao mundo e a aclamação ao Espírito Santo.

O Negro Spirituals, talvez um dos estilos antigos de música negra que na realidade teve aproximação do Gospel. O ponto de tal história curta é a música que passou da igreja afro-americana e serviu de inspiração para os corais modernos, o Gospel contemporâneo da atualidade que é a Música Cristã Contemporânea, artistas do estilo Rhythm & Blues, sem contar mais estilos da música do gênero.

Muitos dizem que o estilo Gospel foi fundado com o hino “There Will Be Peace in the Valley”, o compositor Thomas A. Dorsey é visto como o pai da Música Gospel. Originalmente, a canção foi composta em 1939 para a cantora Mahalia Jackson, mas depois ganhou versões de Sam Cooke e Elvis Presley.

No começo da carreira, Thomas se apresentava pianista de destaque do Blues, popular por Georgia Tom. Ele iniciou a escrever Gospel após ouvir Charles A. Tindley em convenção dos músicos ocorrida em Filadélfia, e então, ao abandonar as letras de maior agressividade de mais músicas, ele não largou o ritmo do Jazz bastante semelhante ao de Tindley.

Foi responsabilidade de Dorsey a fundação da Convenção Nacional de Corais Gospel norte-americana, no ano 1932, organização que tem existência até dias atuais em origem do estilo gospel dos EUA. Em paralelo, a Música Cristã Negra inspirou muitos outros artistas, como: Mahalia Jackson, a rainha do Gospel, James Cleveland, o rei da Música Gospel, Sallie Martin, a mãe do Gospel, Larry Norman, o pai do Rock Cristão, Andraé Edward Crouch, o pai da Música Cristã Contemporânea.

Um grande divulgador deste gênero foi Elvis Presley, inclusive chegou a ganhar o GRAMMYs três vezes. Ele amava esse tipo de música, assim como o rock” n” roll, o blues e o country. Dentre suas produções, destacam-se quatro álbuns gospel:”Peace in The Valley” (1957), “His Hand in Mine” (1960), “How great Thou Art” (1967) e “He Touched Me” (1972). Ele é considerado por muitos como um dos maiores representantes da Música Gospel Estadunidense.

Após essa abertura, outros nomes se destacaram, como Mahalia Jackson, que protagonizou o funeral de Martin Luther King com a música de Dorsey, “Take My Hand, Precious Lord” (Segure minha mão, Precioso Pai); Clara Ward, Edwin Hawkings Singers, cantor do tão famoso e conhecido “Happy Day”, e James Cleveland, reconhecido por muitos como o “Rei do Gospel, não por ter uma voz melodiosa, mas por seu carisma e grande audiência. Ele foi o responsável por fundar a maior convenção Gospel do Mundo, a Gospel Music Workshop of América.
Como exemplo, podemos destacar: Al Green, Michael W. Smith, Petra, Amy Grant, Kirk Franklin, Maverick City Music, Sandi Patty, Aretha Franklin, Lauren Daigle entre outros.

O Gospel no Brasil

No Brasil, a Música Gospel – que também chamamos de evangélica, chegou através de missionários batistas e presbiterianos americanos. Algumas igrejas aqui adotaram o estilo tradicional deste gênero e traduziram os hinários para a língua portuguesa, como o Cantor Cristão e a Harpa Cristã. Contudo, o estilo só veio se concretizar mesmo na década de 80, mas com um sentido moderno e bem diferente do tradicional.

Destacamos aqui alguns artistas da Música Gospel Brasileira em diversos estilos: Aline Barros, Cícero Nogueira, Feliciano Amaral, Luiz de Carvalho, Matheus Iensen e Irmãs Falavinha, Oficina G3, Cassiane, Raiz Coral, Arautos do Rei, Ludmila Ferber, Cristina Mel, Renascer Praise, Fernanda Brum, Prisma Brasil, Vitorino Silva, Asaph Borba – Life , Ademar de Campos, Koinonya, Grupo Integração, Vencedores por Cristo, Grupo Mensagem, Ana Paula Valadão, Voz da Verdade, Guiomar Victor, Anderson freire dentre muitos outros. Sobre estes grupos e cantores, falaremos amis adiante.

Conjunto Novo Alvorecer, 1969 – Grav. Califórnia

Vale lembrar que a primeira gravação de uma música evangélica ocorreu em 1901, em São Paulo, pelo cantor José Celestino de Aguiar, antes mesmo de uma gravação secular. Na ocasião ele gravou a música Se nos Cega o Sol Ardente. Outro cantor evangélico, José D’Araújo Coutinho Júnior, de São Paulo dos Agudos- SP, na mesma época, gravou uma música de um coral com um cilindro usado. Porém, foi por volta de 1970 que realmente as gravadoras evangélicas começaram a se firmar no Brasil. A exemplo disso é a gravadora Califórnia, que não era exclusivamente do segmento cristão, mas que, por diversos motivos e interesses, investia na música gospel. Só para ter uma idéia, esta gravadora lançou cerca de 400 títulos evangélicos.

A popularização da música gospel ocorre especialmente nos anos 80, quando alguns cantores e bandas como Asaph Borba, Ademar de Campos, Grupo Logos, Sérgio Pimenta, Shirley Carvalhaes, Vencedores por Cristo, Voz da Verdade, Koynonia fazem, do movimento, algo notório no país.

Nos anos 90 e 2000, surge a música de adoração, artistas como Aline Barros, Ana Paula Valadão, Cristina Mel, David Quilan, Denise Cerqueira, Eyshila, Fernanda Brum e Soraya Moraes representam bem essa vertente, devido aos louvores ministrados nas igrejas, levando o público a um estado reflexivo, de gratidão a Deus.

No mesmo período a música pentecostal, sem dúvida, foi uma das vertentes musicais dentro gospel que mais se destacou, principalmente pela composição das letras de linguagem simples, acentuadamente voltadas para as necessidades espirituais, emocionais e materiais do ser humano, com o emprego de expressões como: azeite quente, varão de fogo, receba o mistério, receba a tua benção, entre outras, muito comuns nos ambientes propícios à manifestação do dito “pentecostes”.

Geralmente, os cantores pentecostais são conhecidos como “cantores do fogo”, em clara referência ao livro de Atos em seu capítulo 2. As mensagens das músicas pentecostais evangélicas, inicialmente, já manifestavam vocação para o imediatismo humano, dando ênfase à teologia da prosperidade, que prega curas instantâneas, restaurações emocionais e bênçãos. Logo, essa vertente da música evangélica, trouxe mais espontaneidade na expressão da fé, o que, de certo modo, é sua característica mais peculiar – o contato direto com o sagrado. Os cantores que mais se destacaram neste seguimento foram: Cassiane, Damares, Elaine de Jesus, Eliane Silva, Mara Lima, Jozyanne, Lauriete, Rose Nascimento, Paula André, Elias Silva e Shirley Carvalhaes. Estes representaram bem essa vertente, devido aos louvores ministrados nas igrejas, levando o público a um estado de elevação espiritual e de fé, com canções que normalmente relatam fatos bíblicos de milagres e curas.

Crescimento e mudança de mentalidade no gospel atual

Com o crescimento da população evangélica no Brasil, a música gospel tem se destacado com maior relevância. Isso tem colaborado para que a qualidade das canções, dos grupos, cantores e conjuntos mudassem sua trajetória, que até então deveria ser sempre a de olhar para cima, para Cristo, passou a ser mais voltada para o homem e para as coisas terrenas.

Hoje infelizmente está se produzindo muita música gospel para entreter, para agradar o gosto deste ou daquele freguês” o que em alguns casos acaba desvirtuando o propósito da música dentro do Evangelho.
É lamentável que alguns cantores não têm sido tratados como “adoradores, ministros”, e sim, como “atores, o que torna a música gospel o produto de um “show, onde se faz algo para arrancar aplauso, para glória humana e totalmente ao contrário do que Cristo nos ensina.

A música que agrada a Deus tem algumas características distintas. 1º: a sua origem é divina. O Salmo 40:3 diz ‘e me pôs nos lábios um novo cântico’. Essa música [gospel] precisa vir de Deus, precisa emanar das Escrituras, precisa expressar as verdades cristãs, não pode ser uma música com enganos por erros teológicos; 2º: essa música tem um propósito. É um hino de louvor ao nosso Deus. Essa música vem do céu, e retorna para o céu. Ela vem de Deus, e retorna para Deus.

Em entrevista recente ao podcast “Papo com Clê”, apresentado pelo produtor musical Clemente Magalhães, Sérgio Lopes, cantor super conceituado no Brasil inteiro devido às suas composições poéticas e melódicas, com letras profundas e bem elaboradas. Segundo ele (o que nós concordamos plenamente), a música gospel da década de 80 é bem diferente da música gospel atual.

A música religiosa mudou muito, é bem diferente daquela que era feita na década de 80. Naquela época era mais focada em questões mais ligadas a dogmas e doutrinas. Hoje, a música gospel é mais focada na questão da autoajuda, ajudando pessoas a encontrarem respostas para seus problemas”, explicou”.

O que de fato nos consola, é que Cristo não mudou e nunca mudará. Muitos estilos vêm e vão. Mudam-se as culturas, os métodos e as vezes até a forma. Porém, musica real, cristã que fala do amor de Cristo, que transforma e salva o pecador, esta nunca deixou de existir. Permanecerá até que o nosso Cristo venha buscar a sua Igreja.

Vamos tentar traçar uma linha com os melhores e mais conceituados músicos que fizeram diferença – e ainda fazem, no tão almejado meio gospel da música. Obviamente não conseguiremos falar de todos, mas nos esforçaremos para falar dos principais. Estar ou não estar nesta lista, pode não significar ser pior ou melhor, tudo é uma questão de espaço, ponto de vista e interpretação. Até porque seria impossível citar todos.

Assine Grátis

- Notificações de novos artigos

- Acesso total ao conteúdo premium

Últimos Artigos

spot_img
spot_img

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui