Introdução
A música cristã religiosa tem na sua formação uma história de pouco mais de quinze séculos quando o papa Gregório I institucionaliza o canto gregoriano, se tornando modelo para a Europa católica. Porém, foi no século XVI, com os reformadores Martinho Lutero na Alemanha, Úlrico Zuínglio na Suíça de língua alemã e João Calvino em Genebra com a chegada das assim chamada igrejas protestantes, começou a busca na valorização da música nos cultos, dando grande ênfase à educação musical. Nos séculos que se seguiram, vários compositores de diversos países e igrejas aperfeiçoaram a música religiosa, chegando até os nossos dias.
Para embasar nossa trajetória e compreender melhor a música na igreja, não podemos deixar de dar uma “pincelada”, uma visão panorâmica na história da música e sua relação com as principais religiões e culturas, dando maior foco na Europa, no Oriente e obviamente, na América do Norte e no Brasil. Não trataremos em detalhes sobre a música como criação divina e os benefícios reais para a vida do homem com Deus (você pode conferir este outro artigo clicando aqui). Tão pouco iremos tratar das técnicas e notação da música. Vamos tratar da música como um todo, destacando seus influênciadores na sociedade e os principais acontecimentos de cada época.
No primeiro momento, não questionaremos a qualidade ou estilo de cada música, até porque, ao longo deste estudo iremos disponibilizar vários áudios e vídeos para que o leitor possa acompanhar, conhecer e, mentalmente visualizar a “timeline” das modificações culturais e da evolução musical no mundo, principalmente no Brasil, Estados Unidos e Europa. Vamos mostrar trechos de diversos estilos de músicas dentro de suas épocas, fazendo com que o leitor faça uma “viagem no tempo” musical.
Veremos como a música que conhecemos hoje foi (em alguns casos) influenciada negativamente, trazendo grandes prejuízos para a vida espiritual de muitos. Porém, não significa que não nos utilizaremos da base bíblica em certos tópicos ao longo de nosso estudo, até porque seria impossível desassociar uma coisa da outra.
Este estudo finalizará com uma visão dos benefícios de se ouvir uma boa música e os malefícios da música ruim e direcionada, que destrói a alma e o espírito humano. Nosso objetivo é que, ao finalizar a leitura deste estudo, o leitor possa ter uma visão geral do que a música tem feito ao longo dos séculos, e então, fazer suas escolhas. Como o apostolo Paulo escreveu em I Coríntios 6:12, “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas“.
Como a música sempre é a expressão de uma cultura, é possível compreender o desenvolvimento da música refletindo nos vários estágios do desenvolvimento de vários povos nos tempos antigos.
Passaremos rapidamente pela idade antiga (4000 a.C. – 476 d.C.), período que acompanha todas as civilizações da Antiguidade, como os povos mesopotâmicos, hititas, fenícios, hebreus, persas, chineses, gregos e romanos, os povos considerados com maior avanço intelectual de toda a Antiguidade.
Chegaremos na Idade Média (também conhecida como idade das trevas) que se estendeu de 476 a 1453, e o estabelecimento desse período considera a forma como a sociedade da Europa Ocidental desenvolveu-se.
A Idade Moderna (1453-1789) foi a fase de transição do feudalismo para o capitalismo. O “fechamento” de Constantinopla, quando a cidade foi conquistada pelos muçulmanos, levou os europeus a procurarem alternativas para seu comércio e disso veio, em parte, o impulso para as Grandes Navegações. Foi neste período que o poder da Igreja romana começou a ser questionada e a importância da razão começou a sobrepor-se em relação à fé.
A idade contemporânea, a partir de 1789 é a fase atual. Iniciou-se com a Revolução Francesa, acontecimento que transformou radicalmente a sociedade ocidental. As colônias europeias na América conquistaram sua independência, mas os europeus acabaram colonizando a África e Ásia quando a indústria surgiu. O desenvolvimento do capitalismo deu origem a movimentos de contestação que reuniam trabalhadores na defesa de seus interesses contra a intensa exploração realizada pelos burgueses. Isso deu origem a movimentos como o socialismo, que influenciou a humanidade ao ponto de revoluções comunistas acontecerem em várias partes do mundo no século XX, que também ficou marcado por duas grandes guerras mundiais. Porem, mesmo em meio a tudo isso, a música continuava a ter o seu papel importante na história.
A Música no Centro das Atenções
É interessante notar que a Palavra de Deus não nos forneceu um tratado ou um capítulo sobre música na Bíblia. Ela só nos dá um vislumbre do ponto de vista bíblico da música. É preciso recolher informações ao longo dos vários eventos e acontecimentos na história de Israel, por exemplo.
Precisamos desconstruir o conceito de que a música é apenas arte. Geralmente as pessoas colocam em uma mesma caixa mental: música, dança, pintura, escultura, teatro e toda forma de arte que esteja associada na sua memória. Porém, arte está ligado a criações do homem. Ninguém olha algo que Deus criou, como uma linda praia, o sol, as estrelas e chama isso de arte. Pois não foi o homem quem criou. Correto? Quando lemos as escrituras, encontramos algumas afirmações claras sobre quem criou os céus, a terra e tudo que nela há, como em Neemias 9:6, Salmos 24:1; 102:25, porém, existe um versículo que é chave para essa questão, encontra-se descrito no livro de Jó 38:4-7, quando Deus fala:
“Onde você estava quando lancei os alicerces da terra? Responda-me, se é que você sabe tanto. Quem marcou os limites das suas dimensões? Talvez você saiba! E quem estendeu sobre ela a linha de medir? E os seus fundamentos, sobre o que foram postos? E quem colocou sua pedra de esquina, enquanto as estrelas matutinas juntas cantavam e todos os anjos se regozijavam?”
(Jó 38:4-7)
Deus diz que as estrelas cantavam? Se na criação, antes mesmo do homem existir, as estrelas cantavam, significa que já havia música no céu, antes de existir na terra. Esse entendimento, quebra completamente o conceito de que música é arte, pois nessa base bíblica entendemos que a música não nasceu do homem, mas sim de Deus.
Muitas pessoas subestimam o poder da música. A música tem o poder de tocar a alma, mexer com nossas emoções, ativar a nossa fé e mover o mundo espiritual. A música tem muito poder e não é por acaso que o mundo em nossa atualidade investe muito dinheiro neste segmento. A indústria fonográfica obteve no Brasil em 2021, lucro de R$ 2,1 bilhões, segundo a FPI (Federação das Indústrias Fonográficas). Os vídeos musicais em streaming com interatividade, e remunerados por publicidade, como o Youtube e Vevo entre outros, geraram recursos de aproximadamente R$ 403,7 milhões de reais em 2021, subindo 56,2% se comparadas a 2020. No mundo todo o lucro total chega perto dos US$ 400 bilhões (sim, bilhões de dólares que convertido, daria mais de R$ 1,7 trilhões de reais). Se o mundo investe tanto assim em música, e sabemos quem é o príncipe desse mundo, temos que ficar atentos e não podemos de forma alguma banalizar o poder que a música tem, principalmente sobre uma juventude tão fragilizada como a de nossos dias.
Nos Tempos Antigos
– Por volta dos anos 2000 a.C. -331 a.C., surge no Oriente Médio instrumentos como lira, harpa, alaúde, flauta e trombeta. O conhecimento sobre a música da época resume-se ao que se pode deduzir da afinação e das escalas dos instrumentos encontrados, das figuras de tocadores e de rituais.
Durante o período patriarcal, os instrumentos musicais também eram formas importantes de comunicação. Exclamações ou aclamações eram usadas para celebrar, por exemplo, a descoberta de um poço (Números 21:17-18), ou para marcar um pacto com uma tribo, ou um chefe, ou uma causa (Êxodo 17:15; Juízes 7:18). Mais tarde, na história de Israel, durante a sua peregrinação pelo deserto, sinais dados pelas longas trombetas de prata (hatsotserah), feitas com o precioso metal trazido do Egito (Êxodo 12:35-36) e construídas de acordo com as instruções de Deus (Números 10:2), comunicavam as várias atividades do acampamento, tais como reuniões, montagem do acampamento, assembléias, guerra, bem como festas e celebrações (Números 10:3-10).
A música no Egito
No Egito Antigo, ainda em 4.000 a.C., a música era muito presente, configurando um importante elemento religioso. Os egípcios consideravam que essa forma de arte era uma invenção do deus Thoth e que outro deus, Osíris, a utilizou como uma maneira para civilizar o mundo.
A música era empregada para complementar os rituais sagrados em torno da agricultura, que era farta na região. Os instrumentos utilizados eram harpas, flautas, instrumentos de percussão e cítara – que é um instrumento de cordas derivado da lira.
A Música na Mesopotâmia, Ásia e Índia
Na região da Mesopotâmia, localizada entre os rios Tigre e Eufrates, habitavam os povos sumérios, assírios e babilônios. Foram encontradas harpas de 3 a 20 cordas na região onde os sumérios viviam e estima-se que sejam objetos com mais de 5 mil anos. Também foram descobertas cítaras que pertenceram ao povo assírio.
Na Ásia – em torno de 3.000 a.C. – a atividade musical prosperou na Índia e China. Nessas regiões, ela também estava fortemente relacionada à espiritualidade.
O instrumento mais popular entre os chineses era a cítara e o sistema musical utilizado era a escala de cinco tons – pentatônica.
Grécia e Roma
Podemos observar que a cultura musical na Grécia Antiga funcionava como uma espécie de elo entre os homens e as divindades. Tanto que a palavra “música” provém do termo grego mousikē, que significa “a arte das musas”. As musas eram as deusas que guiavam e inspiravam as ciências e as artes.
É importante ressaltar que Pitágoras, grande filósofo grego, foi o responsável por estabelecer relações entre a matemática e a música, descobrindo as notas e os intervalos musicais.
Sabe-se que na Roma Antiga, muitas manifestações artísticas foram heranças da cultura grega, como a pintura e a escultura. Supõe-se, dessa forma, que o mesmo ocorreu com a música. Entretanto, diferente dos gregos, os romanos usufruíam dessa arte de maneira mais ampla e cotidiana.
Na Lei mosaica, era permitido apenas aos sacerdotes tocarem as trombetas (Números 10:8). De forma semelhante, o uso do chifre de carneiro também era limitado a papéis específicos, tais como a sinalização da guerra e dos eventos de culto. O shofar ocupa um lugar de destaque entre os instrumentos de Israel. Cercado de simbolismo religioso e espiritual, a história de seu uso é traçada pela tradição até o sacrifício de Isaque. A primeira referência feita pelas Escrituras (Êxodo 19:19) conecta o shofar com o evento da promulgação da Lei sobre o Monte Sinai. Os dois tipos de trombetas (o shofar e as hatsotserah) tornar-se-iam para os profetas, assim como para a igreja do Novo Testamento, como símbolos do Dia do Senhor (Isaías 58:1; Jeremias 4:5; Ezequiel 33:3-4; Oséias 5:8; Joel 2:1; Amós 2:2; Zacarias 9:14. Veja também Apocalipse 8 e 9; I Crônicas 15:52) e freqüentemente eram associadas com a voz do próprio Senhor (I Tessalonicenses 4:16; Apocalipse 1:10).
Além dos sinais e aclamações, a Bíblia também menciona cânticos de triunfo (Êxodo 15:21) ou de vingança e lamentação (Gênesis 4:23-24), para acompanhar e guerra e a vitória. O livro de Números (21:14) faz inclusive referência a uma coleção de cânticos épicos, o “Livro das Guerras do Senhor”, que relata as vitórias do Senhor sobre os inimigos de Israel. Algumas manifestações poético-musicais também são encontradas na Bíblia, como podemos ver na descrição da orquestra de Nabucodonosor II feita por Daniel.
Música da antiguidade bíblica – a.C.
Sendo um povo que apreciava a música rítmica, era difícil um israelita ficar parado ao ouvi-la. Por natureza, eles eram agitados e gostavam de expressar livremente as emoções, tanto as alegrias como as tristezas.
Certa vez o rei Davi dançou perante o Senhor (2 Sm 6.14), e o mesmo fizeram Miriã e um grupo de mulheres (Êx 15.20). No passado, os israelitas costumavam dançar por ocasião dos festivais de colheita (Jz 21.19). Nos tempos neotestamentários, as crianças dançavam nas ruas (Lc 7.32). E, também houve dança na festa de comemoração da volta do Filho Pródigo (Lc 15.25).
Não se sabe exatamente como seriam essas danças, mas provavelmente eram como as danças folclóricas, e não como as de hoje, quando homens e mulheres formam pares para dançar.
Dos Séculos VI a.C aos Tempos de Jesus
Já no Século VI a.C., as referências à música aparecem nos escritos dos filósofos gregos. Há uma vasta produção musical ligada às festividades e ao teatro, e a notação musical é feita com a utilização de letras do alfabeto grego, o que possibilita a recuperação de algumas composições. Pitágoras demonstra proporções numéricas na formação das escalas musicais, na mais antiga menção a uma teoria da música na Grécia.
Nos Séculos V a.C.- IV a.C., período este da Antiguidade clássica, na Grécia, são cantados os ditirambos – coros em honra ao deus Dionísios. Aristogenos de Tarento funda uma nova teoria musical grega, para a qual a base deixa de ser numérica, como o era para os pitagóricos, e passa a levar em conta a experiência auditiva.
Por fim, nos Séculos IV a.C.- I a.C., a teoria e a música grega são compiladas pelos romanos. A tradição musical grega é difundida por escravos vindos da Grécia, que tomam parte em exibições de lutas e espetáculos em anfiteatros.
Já imaginou como era a música no tempo de Jesus? Baseados em anos de intenso estudo e pesquisa, Christopher Moroney e SAVAE (Sant Antonio Vocal Arts Ensemble) recriaram com brilhantismo e criatividade a música que Jesus pode ter ouvido nos templos e sinagogas do primeiro século. (…) A música foi recriada a partir de fragmentos de melodias Hebraicas, música Babilônico-Judaica e canções tradicionais que foram passadas através dos anos desde o tempo de Jesus. Ouçam um trecho:
Canção Grega dos tempos de Jesus, Século I – (Sant Antonio Vocal Arts Ensemble)
No auge do Império Romano, nos dois primeiros séculos da era cristã, muitos documentos relatam a existência de grandes coros e orquestras, grandes festivais e concursos de música. Muitos imperadores foram patronos da música. Com o declínio econômico do império, nos séculos III e parte IV d.C, a produção musical desaparece (GROUT; PALISCA, 2007).
A Idade Média, ou das Trevas
A base da música da Idade Média começa com a proliferação das comunidades cristãs. Suas fontes são a música judaica (os salmos) e a música helênica sobrevivente na Roma antiga. As principais formas musicais são as salmodias e himnodias, cantadas numa única linha melódica, sem acompanhamento. A música não dispõe, então, de uma notação precisa. São utilizados signos fonéticos acompanhados de sinais que indicavam a movimentação melódica.
No século IV d.C, com a rápida expansão do cristianismo, o Vaticano unifica a prática litúrgica romana. Isto porque para a igreja católica a música estava em sua maioria, associada a práticas sociais e rituais pagãos que a Igreja primitiva julgava que deveriam ser eliminados. Assim, afastou-se essa música da Igreja, já que traria abominações ao espírito dos fiéis, e apagou-se por completo a memória dela. Contudo, alguns elementos da prática musical antiga sobreviveram durante a Idade Média e as teorias musicais foram as bases das teorias medievais, integradas à maior parte dos sistemas filosóficos. Vale ressaltar tambem que foi neste período que o papa Gregório I (São Gregório, o Magno) institucionaliza o canto gregoriano, que se torna modelo para a Europa católica.
Canto Bizantino – Alleluia, exapostilarion de l’Office du Mardi Saint.
A partir do século XI quando muitos experimentos foram feitos, criou-se a polifonia e Guido d’Arezzo era um dos principais responsáveis pelo processo de aprendizagem e ensino da música formal. Já no sul da França começaram a aparecer os primeiros trovadores.
No século XII a prática polifônica dá um salto com a música escrita por compositores que atuam na Catedral de Notre-Dame. Eles dispõem de uma notação musical evoluída, em que não só as notas vêm grafadas mas também os ritmos. Destacam-se compositores como Léonin e Pérotin.
Cantiga do Século XII
Já nos séculos XIII a XIV, surge na França a Ars Antiqua (arte antiga) caracterizada pela independência rítmica das melodias e a preocupação de compor uma música sem dissonância.
As obras passam a ser assinadas e surge a figura do compositor. Os principais são Petrus de Cruce e Adam de la Halle (1250-1306). No século XIV, desenvolve-se a ars nova (arte nova), movimento que busca romper com as regras até então aceitas. Em plena crise da Igreja, a música secular predomina sobre a sacra e a atividade de compositores profanos desse período é marcada pelos minnesangers e meistersangers germânicos e pelos trovadores franceses. Suas composições, de cunho popular, incluem canções de amor, canções de cruzadas, lamentações, duelos poético-musicais e baladas. Com maior liberdade de ritmo, aparecem novas formas vocais, como o rondó e o madrigal. Na área religiosa, a novidade são as missas. Um dos principais compositores é Guillaume de Machaut (1300-1377), autor da missa polifônica mais antiga que se conhece: Missa de Notre Dame (1364).
Neste período, surge a polifonia, que consiste na produção de mais sons dentro de uma mesmo música.
Missa de Notre Dame (Kyrie)
As Primeiras Orquestras
O termo orquestra tem origem na Grécia Antiga e remete ao espaço semicircular localizado em frente aos estádios gregos, entre o cenário e a plateia, onde o coro apresentava-se. Mas desde esse período até meados do século XV, pode-se dizer que as apresentações musicais eram performadas por pequenos grupos para entreter a realeza e a nobreza da Idade Média.
A orquestra sinfônica, ou filarmônica como conhecemos atualmente, tem suas origens somente no período renascentista. A primeira fase, chamada de orquestra barroca, começou na segunda metade do século XVI e século XVII foi bastante influenciada pelos italianos.
Ela apresentou as primeiras tentativas de formação de grupos instrumentais autônomos e com padronização da formação, com composições feitas para um número específico de instrumentos como, por exemplo, as orquestras de Giovani Gabrielli e Antônio Vivaldi em Veneza e de Claudio Monteverdi em Florença. Aos poucos, importantes cidades europeias criaram seus próprios teatros e casas de ópera, onde compositores renomados reuniam os melhores talentos da região.
Já no final do século XVIII surgiu a orquestra clássica que introduziu a formação atual das orquestras, bem como novos conceitos de criação dos instrumentos musicais e da forma de tocar em grupos. Esse período também marcou a emergência dos violinos como protagonistas e de compositores famosos como Bach, Handel.
Desde então, as orquestras sofreram poucas alterações substanciais. Durante o século XIX, os instrumentos de sopro tornaram-se bastante populares e houve um aumento na quantidade de instrumentistas participando das orquestras. Já no século XX, o número de membros diminuiu novamente, predominou então a experimentação, ao passo que a participação da percussão cresceu.
O Século XV
O renascimento Científico deve ser entendido dentro do contexto do renascimento Cultural, ocorrido na Europa entre os séculos XV e XVI. Foi um período marcado por grandes avanços nas ciências, possibilitados pelos estudos e experimentos de grandes cientistas. Contudo, o Renascimento também é compreendido pelo período da história europeia caracterizado por um renovado interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte. O Renascimento começou na Itália, no século XIV, e difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI.
Uma das marca do Renascimento em musica foi à inversão da impressão das partituras, a partir de 1473 vários escritores passaram à partitura a técnica inventada por Rothenberg. Em 1468 Ottaviano dei Petrucci tornou-se o primeiro editor de musica tornando assim, a rápida difusão das obras musicais. Música renascentista refere-se à música europeia escrita durante a renascença, ou seja, no período que vai, aproximadamente do ano de 1400 d.C a 1600 d.C. A definição do início do período renascentista é difícil devido à falta de mudanças abruptas no pensamento musical do século XV. Adicionalmente, o processo pelo qual a música adquiriu características renascentistas foi gradual, não havendo um consenso entre os musicólogos, que têm demarcado seu começo.
A escola romana retoma o canto gregoriano na composição polifônica, atendendo às exigências da Contra-Reforma. Seu principal representante é Giovanni Pierluigi da Palestrina, cuja obra é modelo para as escolas posteriores. A independência e o equilíbrio entre as vozes melódicas e a melodia agradável são ressaltados nos tratados de contraponto polifônico de Berardi, no século XVII, e de Fux, já no século XVIII.
Séculos XVI e XVII
Desenvolve-se neste período o madrigal italiano, conjunção perfeita entre música e texto. O madrigal é herdeiro direto das chansons francesas, que já possuíam caráter descritivo e usavam cantos de pássaros, gritos de pregão nas ruas e a narração de batalhas como temática. Baseia-se na prática polifônica e na homofonia nascente. A música, inspirada pelo texto, utiliza-se de recursos sonoros para descrever as cenas que o texto narra. Por seu caráter dramático, o madrigal é o elo entre a música modal medieval e renascentista e a música tonal do barroco, classicismo e romantismo. Seus principais compositores são Luca Marenzio, Andrea Gabrieli, Carlo Gesualdo di Venosa, Claudio Monteverdi e Heinrich Ignaz Franz von Biber. Refletindo a preocupação dos membros da Camerata de Florença em recriar o drama grego antigo com música, Jacopo Peri compõe a primeira ópera -Dafne (1598, partitura extraviada).
Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704) “Missa Alleluja, Kyrie”
Os anos de 1660-1750 foi o período de auge do barroco. Predominava a música vocal-instrumental voltada ao texto a ser cantado. É a época das primeiras óperas, das grandes cantatas e oratórios e da fuga, definindo o início da música tonal.
A polifonia, com as vozes melódicas independentes do coro, cede lugar à homofonia. As melodias são simples, acompanhadas, facilitando a compreensão do texto. A música instrumental, além de pontuar as óperas com passagens instrumentais, surge como linguagem independente, favorecendo o virtuosismo técnico. Floresce a música para órgão, cravo e espineta: O Cravo Bem Temperado e Prelúdios e Fugas para Órgão, de Johann Sebastian Bach; as Sonatas de Domenico Scarlatti.
A música modal medieval e suas variantes dão espaço aos dois modos tonais: o maior e o menor. As alturas – notas – são organizadas em um desses dois modos, a partir de uma das 12 alturas cromáticas (as sete notas mais suas alterações, sustenido ou bemol), as quais dão nome às tonalidades: dó menor, dó maior, ré maior etc.
Século XVIII – O Século das Luzes
Chega a vez do período clássico. O termo “clássico” aqui se aplica ao período da música ocidental entre a segunda metade do século XVIII e o início do século XIX. Nesse contexto, a música dita clássica está diretamente ligada aos ideais da antiga Grécia, quais sejam: a objetividade, o controle emocional, a clareza formal e o respeito pelos princípios estruturais no discurso musical. O Classicismo nasceu a partir de um movimento de ideias vindas do período da Renascença, que teve como princípio a exaltação da beleza antiga.
Um dos mais bem-sucedidos compositores da história, Gioacchino Rossini (1792-1868) surgiu no início do século XIX como o “salvador” da ópera italiana. Lembrado sobretudo por suas célebres aberturas e pelo “Fígaro lá, Fígaro cá” de seu Barbeiro de Sevilha, a importância dele vai muito além desta que é considerada a mais perfeita comédia dos palcos operísticos. A profunda admiração de Rossini pelo compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) levou alguns dos primeiros críticos a considerá-lo “demasiado germânico”. Mas esse tipo de ressalva logo seria esquecido, ante os ritmos saltitantes, a colorida orquestração, as melodias irresistíveis e as árias floreadas: seu som era, acima de tudo, italiano. Rossini compôs 35 óperas em duas décadas, deixando uma identidade musical tão própria e única que é conhecida simplesmente como rossiniana. Em 1829 Rossini produziu sua última ópera, Guillerme Tell.
O movimento iluminista, com seu foco nos ideais humanos e racionais, teve grande influência nessa mudança de valores estéticos, assim como o interesse pela elegância sóbria da arte e arquitetura greco-romana, inspirado em parte pela descoberta das ruínas de Pompéia em 1748. Era uma época de grandes mudanças sociopolíticas, com os efeitos da Revolução Industrial. Surgia uma ampla classe média ávida por consumir arte. As aristocracias da Europa, vítimas das devastações das Guerras Napoleônicas, tinham menos recursos para sustentar músicos, e o velho sistema do mecenato começou a se desintegrar.
Tradicionalmente, os músicos contratados pelas cortes aristocráticas eram considerados servos. Porém, com a difusão dos concertos públicos, passaram a receber dinheiro por suas apresentações, bem como a publicar suas composições, garantindo renda extra. Haydn, por exemplo, era contratado pela nobre família húngara dos Esterházy, mas tinha licença para viajar. Mozart, que era músico do arcebispo de Salzburgo, não gozou dessas benesses e, desmotivado com sua posição servil, mudou-se para Viena e pediu demissão, tornando-se um dos primeiros músicos freelance. Contudo, o mundo da música ainda não podia custear tal ambição, e ele passou por consideráveis dificuldades financeiras. Quando Beethoven mudou-se para Viena em 1794, viveu da riqueza de seus patronos, nunca se vendo obrigado a exercer cargo oficial.
À medida que a música instrumental tornava-se mais popular que a vocal, os compositores foram criando estruturas maiores e capazes de suportar uma audição mais intensa. O resultado foi o “princípio da sonata” (mais conhecido como “forma sonata”), estrutura musical dividida em três seções: a exposição do tema, o desenvolvimento e a recapitulação. O uso desse modelo de composição tornou-se quase sinônimo dos primeiros movimentos não apenas de sonatas, mas também de sinfonias e da maior parte da música instrumental do período. Permanece em uso até hoje. A sinfonia evoluiu da dimensão barroca, em pequena escala, para um imponente gênero musical. Geralmente em quatro movimentos, começa com um majestoso movimento, seguido por um lento. O terceiro movimento, em geral um elegante minueto, evoluiu para um scherzo, que pode ser jovial ou expressar paixão mais irônica e elementar. O finale era um rondó, entremeado, na melodia, em tempos fracos de suas cativantes repetições, por temas contrastantes.
Outros gêneros também foram redefinidos. O concerto em três movimentos tornou-se veículo para um solista único, aliando os ideais de equilíbrio e elegância ao virtuosismo no instrumento, enquanto a sonata desenvolveu-se como composição mais formal para um ou dois instrumentos. A ascensão da música doméstica criou um mercado para novas formas de música de câmara, como o quarteto de cordas – criado por Haydn – e o trio com piano entre outros temas.
As orquestras tornaram-se amplamente padronizada: menores, mas não muito distintas das orquestras de hoje. Com o som mais cheio da orquestra, o papel do baixo contínuo morreu gradualmente; no lugar dele, o primeiro-violino passou a reger a orquestra até ser finalmente substituído por um maestro especialista. As orquestras atuais possuem uma extensão dinâmica bem maior. Nos anos 1740, os recursos sonoros da orquestra de Mannheim, a mais importante da época, causaram sensação, tornando-se um exemplo para toda a escrita sinfônica.
Compositores de Destaque dos Séculos XVII e XVIII
Embora sem a versatilidade musical de seus rivais, Christoph Willibald Gluck (1714-1787) ganhou notável lugar na história da música com as reformas que introduziu na ópera. Ao adotar uma estrutura mais contínua, em que a música obedecia mais à poesia do que ao virtuosismo do cantor, usou caracterização expressiva, enredos simples e planos musicais de grande escala, dando vida a temas e emoções humanas universais. Começando com Orfeo ed Euridice, a obra de Gluck mudou permanentemente as normas líricas, ao mesmo tempo em que causou certa controvérsia, sobretudo na conservadora Paris. Seu grande triunfo veio em 1779, com a ópera Iphigénie en Tauride e sua música profundamente dramática e expressiva.
Nascido na era barroca, e ainda vivo quando Beethoven compôs sua Sinfonia Pastoral, Franz Joseph Haydn (1732-1809) foi uma figura-chave na evolução do estilo clássico. Ao compor uma vasta obra nos limites protetores da corte dos Esterházy e estabelecer formas-padrão para a sinfonia, a sonata e o quarteto de cordas, despontou como uma personalidade internacional que influenciou Mozart e ensinou Beethoven. Rica em efeitos audaciosos, a música de Haydn não deixava de mostrar um lirismo íntimo, como se pode perceber em seu oratório A criação. Compôs o primeiro concerto da história para o recém-inventado trompete de válvulas. Pedra angular para o violoncelo, o Concerto nº 1 é grandioso do começo ao fim, exigindo extrema agilidade nos movimentos externos. Sua monumental Missa Nelson homenageia Lord Nelson, almirante inglês que o compositor conheceu em 1800. Criador do quarteto de cordas, o de nº 63 recebe o título Aurora devido ao violino ascendente que abre a peça. Haydn inovou no gênero sinfônico, sendo famosa a Sinfonia nº 104 em Ré maior, de suas doze Sinfonias de Londres.
Provavelmente o mais prodigioso músico de todos os tempos, as primeiras turnês de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) pela Europa não apenas o tornaram famoso, como o familiarizaram com diversos estilos musicais que ele sintetizou em suas próprias obras cosmopolitas. Único na história da música pela excelência em todas as formas e gêneros e dono de espantosa fluência produtiva, nenhum outro compositor foi tão bem-sucedido em veículos tão distintos e foi o primeiro músico a tentar se firmar como freelance. Embora sua grande paixão tenha sido a ópera, terreno em que deixou importantes inovações, como em sua Flauta Mágica, a primeira ópera genuinamente alemã, Mozart foi o mais brilhante pianista de sua época. Ele levou o concerto para piano a novos patamares de riqueza e virtuosismo, com efeito de longo alcance no século XIX.
Na ópera, a partir das reformas líricas de Gluck, Mozart combinou vigorosa caracterização vocal e seus supremos dons melódicos com uma ênfase na cor e expressividade orquestrais para realizar uma concepção dramática jamais imaginada. Suas descrições de caráter, psicologia e interação humana revelam uma complexidade sutil que confunde as linhas entre opera seria e opera buffa, particularmente em As bodas de Fígaro, Don Giovanni e Così fan tutte. Mozart também escreveu muitas músicas solo e corais, que vão desde o curto moteto Ave verum corpus, peça de serena beleza, ao jubiloso Exsultate, jubilate para soprano e orquestra. Entre as obras corais de grande escala, a Grande Missa em Dó menor e o Requiem exalam atmosfera séria e mais escura. As sinfonias, concertos e obras de câmara de Mozart dão especial atenção ao timbre instrumental, associando-o a sutilezas orquestrais, particularmente ao uso dos sopros. A obra mais famosa de Mozart é a serenata Eine kleine Nachtmusik, mas o ápice de sua evolução sinfônica é representado pela Sinfonia Júpiter.
Ícone da música ocidental, Ludwig van Beethoven (1770-1827) consolidou o conceito popular do artista que, isolado da sociedade, supera a tragédia pessoal para realizar sua missão. Designando-se como Tondichter (em alemão, “poeta do som”), sua música espelhava sua crença no espírito superior do individualismo, ao fazer a expressão pessoal prevalecer sobre a forma tradicional e, assim, pavimentar o caminho para o Romantismo musical. A música invariavelmente intensa de Beethoven toca em todos os pontos da escala emocional, indo da melancolia mais soturna à celebração mais exultante. Sua luta para compor era árdua, com algumas obras levando vários anos em laboriosa gestação. A produção de Beethoven é geralmente divida em três períodos. O primeiro começou depois de sua chegada a Viena, aos 22 anos, e incluem seus Quartetos de cordas op. 18, três concertos para piano, duas sinfonias e as sonatas Ao luar e Patética. A fase intermediária começa em 1803 – um ano depois de ter compreendido a seriedade de sua surdez e ter rejeitado o suicídio para dar ao mundo, como disse, “toda a música que sinto dentro de mim”. Sua primeira manifestação foi a épica Sinfonia Heroica, obra de colossal energia e a mais longa sinfonia até então já escrita. Desse período vêm mais quatro sinfonias, o Concerto para violino, os Concertos para piano nº 4 e 5 e uma ópera, Fidelio. Contudo, seu crescente isolamento pela surdez marcou a mudança para a última fase, explorando modos mais pessoais de expressão. Coroando a produção de Beethoven, a Missa solemnis e a Nona Sinfonia foram inovadoras, combinando escrita sinfônica e coral como nunca antes.
O vídeo acima é um trecho do filme americano “Copying Beethoven” (aqui dublado em italiano) produzido por Michael Taylor e estrelado por Ed Harris (Beethoven) e Diane Kruger (Anna Holtz). Neste trecho Beethoven é o maestro e já surdo rege a orquestra com a ajuda de Anna Holtz que faz mímicas para que ele possa repetir e assim conduzir a orquestra. Assista até o fim. Emocionante!!!
Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741) era o mais velho de sete irmãos. Seu pai, um barbeiro, mas também um talentoso violinista, depois de iniciá-lo na música, matriculou-o, ainda pequeno, na Capela Ducal de São Marcos, para aperfeiçoar seus conhecimentos musicais, e foi também responsável pela sua admissão na orquestra da Basílica de São Marcos, onde Vivaldi despontou como o maior violinista do seu tempo.
Em 1703, Vivaldi foi ordenado padre. Em 1704, foi-lhe dada dispensa da celebração da Eucaristia devido à sua saúde fragilizada (aparentemente sofria de asma), e ele se voltou para o ensino de violino num orfanato de moças – o Ospedale della Pietà, em Veneza. Pouco tempo após assumir suas novas funções, as meninas ganharam seu apreço e sua estima. Vivaldi compôs para elas a maioria dos seus concertos, cantatas e músicas sagradas.
É durante esses anos que Vivaldi escreve grande parte da sua música. Em 1705 é publicada a sua primeira coletânea – as Doze sonatas (Opus 1). Em 1708 é publicada uma segunda coletânea de 12 sonatas para violino e baixo contínuo (Opus 2), mas a fama internacional só seria alcançada com a publicação, em Amsterdam no ano de 1711, de uma coletânea de 12 concertos – “L’estro armonico” (Opus 3), graças ao editor Estienne Roger, com suas novas técnicas de impressão bem mais avançadas do que as dos editores venezianos. L’estro armonico repercutiu por toda a Europa.
Em 1723 Vivaldi publicou seu Opus 8, Il cimento dell’armonia e dell’inventione, coletânea que inclui “As Quatro Estações” e que consistia de doze concertos. Sete desses concertos são descritivos: os quatro primeiros (“La primavera”, “L’estate”, “L’autunno”, “L’inverno”) e mais “La tempesta di mare”, “Il piacere” e “La caccia”. Vivaldi transformou a tradição da música descritiva em um estilo tipicamente italiano, com seu timbre inconfundível, no qual as cordas têm um papel central.
Veja abaixo um trecho de cada estação (primavera, verão, outono e inverno).
Outros mestres merecem destaque na era clássica pela excepcional qualidade de seu legado, como Johann Adolph Hasse (alemão, 1699-1783), Johann Joachim Quantz (alemão, 1697-1773), Johann Christian Bach (alemão, 1735-1782), Johann Albrechtsberger (austríaco, 1736-1809), Karl Ditters von Dittersdorf (austríaco, 1739-1799), Giovanni Paisiello (italiano, 1740-1816), Luigi Boccherini (italiano, 1743-1805), Carl Stamitz (alemão, 1745-1801), Domenico Cimarosa (italiano, 1749-1801), Muzio Clementi (italiano, 1752-1832), Antonio Salieri (italiano, 1750-1825), Luigi Cherubini (italiano, 1760-1842) e Louis Spohr (alemão, 1784-1859).
Século XIX
O movimento cultural que surgiu na Europa foi o Romantismo. A música predominante tinha como qualidades a liberdade e a fluidez, e primava também pela intensidade e vigor emocional. Esse período musical é inaugurado pelo compositor alemão Beethoven – com a Sinfonia nº3 – e passa por nomes como Chopin, Schumann e sua esposa Clara Shumann, Wagner, Verdi, Tchaikovsky, R. Strauss e muitos outros.
Porem, nenhum século alterou tanto as condições de vida na Europa Ocidental quanto o século XIX. No seu inicio um imperador autonomeado levou toda a Europa a um estado de terror. Seu nome, Napoleão Bonaparte.
Embora os monarcas europeus tenham sobrevivido a este imperador, eles não sentavam mais tão confortavelmente em seus tronos como no passado.
Enquanto o século XVIII fora marcado por um relaxamento religioso, o inicio do século XIX presenciou o nascimento de uma nova religiosidade, intensificada pelo Pietismo alemão. Este movimento produziria uma percepção mais cética e materialista, mais precisamente na segunda metade do século, após o estabelecimento da Revolução Industrial no continente.
Em 1815, após a queda de Napoleão, as monarquias da Rússia, Áustria e Prússia construíram a “Sagrada Aliança” para preservar a ordem restaurada e a forma patriarcal de governo. As tendências intelectuais do movimento romântico vinham de encontro aos interesses da Igreja Católica, que observou uma ascendência papal depois da libertação do Papa Pio VII da prisão francesa. Após a restauração da igreja – dissolvida durante a Revolução Francesa – a liderança papal combatia todos os movimentos que questionavam a ordem restaurada.
Tchaikovski (1840 —1893 foi um compositor russo do período romântico, cujas obras estão entre as mais populares do repertório clássico. Primeiro compositor russo a conquistar fama internacional, sua carreira foi impulsionada por sua participação como regente convidado em outros países da Europa e nos Estados Unidos.
Inicialmente as opiniões da crítica a respeito da música de Tchaikovski foram contraditórias. Embora desde cedo ele tivesse encontrado apoiadores, parte da crítica russa considerava a sua música insuficientemente representativa dos valores musicais nativos russos, e expressava a suspeita de que os europeus a apreciavam por conta de seus elementos ocidentais.
Suas obras mais conhecidas incluem os balés O Lago dos Cisnes, O Quebra-Nozes e A Bela Adormecida; a Abertura 1812 e a abertura-fantasia Romeu e Julieta; seus concertos para piano e orquestra e para violino e orquestra; suas quarta, quinta e sexta sinfonias; sua Marcha Eslava; e suas óperas Ievguêni Oniéguin e A Dama de Espadas.
Em meados de 1880 Tchaikovsky fez a abertura de 1812, música em que homenageia os soldados russos que venceram e expulsaram da Rússia o exército de Napoleão em 1812. Foi a 1ª música onde foram introduzidos canhões, sendo assim, à época, só era possível executar essa obra em locais abertos.
Ele a concebeu para que fosse estreada com orquestra, banda de metais, coro e canhões na Praça Vermelha. Uma salva de 16 tiros de canhão encerraria a obra ao repique dos sinos do Kremlin e da Catedral de Cristo Salvador.
Esta foi a primeira orquestra no mundo que surgiu em uma favela. Nasceu como uma orquestra de cordas a partir da iniciativa solidária do maestro Silvio Baccarelli e, hoje, é um dos principais grupos sinfônicos jovens do país. É reconhecida internacionalmente por sua qualidade artística, sendo a única orquestra da América do Sul que teve a oportunidade e a honra de ser regida pelo Maestro Zubin Mehta, patrono do Instituto Baccarelli desde 2005.
A evolução multifacetada nas artes, durante o século XVIII pode ser bem observada no campo musical. A figura de grandes compositores como Beethoven formou um verdadeiro portal para o século XIX especialmente influenciado por Mozart, Haydn e Shubert.
Robert Shummann (1810-1856) e Felix Mendelssohn (1809-1847) representaram o verdadeiro modelo da música romântica. Brahms (1833-1897) deu continuidade à tradição. Paralela a Brahms, entretanto, estava a chamada “nova escola alemã”, exemplificada por Fransz List (1811-1886), Hugo Wolf (1860-1903) e, particularmente, Richard Wagner (1813-1883). A “arte completa” de Wagner, unia todas as artes sob a supremacia do “princípio dramático”. Ele substituiu as formas tradicionais por uma linguagem orquestral de fluxo sinfônico, a “melodia sem fim”, que germinaria de motivos musicais tocados pela orquestra.
Com o advento de Wagner e dos “novos alemães”, um conflito geral desencadeou-se na imprensa musical e entre o publico que advogava as composições convencionais. Ao mesmo tempo, em vários países do leste europeu estava nascendo estilos nacionais baseado na música folclórica local. Muitos compositores importantes formaram seus próprios idiomas musicais baseando-se nas tradições de seus respectivos países. Alguns exemplos são o russo Alexander Borodin (1833-1887) e o Tcheco Antonin Dvorak (1841-1904). Porem, foi Arnold Schoenberg (1874-…) que colocou em prática aquilo que Wagner e outros compositores do século XIX tinham iniciado: a dissolução da tonalidade. Algo que talvez Beethoven acharia improvável.
Não podemos deixar de falar tambem de Richard G. Strauss (1864-1949) compositor e maestro alemão. É considerado como um dos mais destacados representantes da música entre o final da Era Romântica e a primeira metade do século XX. Strauss se notabilizou como maestro na Alemanha e na Áustria. Com Gustav Mahler, é um dos principais representantes do Romantismo alemão tardio, depois de Richard Wagner.
Sua obra mais popular é o poema sinfônico Also sprach Zarathustra (Assim falou Zaratustra, Opus 30, de 1891), inspirado no livro de mesmo nome, do filósofo Friedrich Nietzsche, e cuja introdução foi utilizada pelo cineasta e diretor Stanley Kubrick como tema central do filme 2001: Odisseia no Espaço (1968), hoje muito tocada em casamentos juntamente com a tradicional marcha nupcial de Felix Mendelssohn.
Obviamente e não menos importante, Felix Mendelssohn (1809-1847) teve sua participação importantíssima neste período. Vale portanto ressaltar que em 1826, aos dezessete anos, Mendelssohn escreveu a abertura do “Concerto Op. 21 (Sonho de uma Noite de Verão)“. Quinze anos mais tarde, em 1843, ele acrescentaria à abertura que escrevera anos antes treze peças, incluindo uma importante música de cena, muito conhecida como a famosa “Marcha Nupcial”.
Felix Mendelssohn – Marcha Nupcial (de “Sonhos de uma Noite de Verão”)
Século XX – A explosão de novos ritmos
No século XX, a música ganha nova roupagem e uma grande transformação ocorre com o surgimento do rádio e depois da TV. Novas tecnologias e suportes para a gravação e divulgação musical ajudam a popularizar essa linguagem artística e projetar cantores e compositores, já que eles não dependiam somente dos concertos musicais. Com uma cartela de opções mais variadas, o público começa a ter contato com outros tipos de música. Logo artistas e compositores passam a incorporar novos elementos em suas produções, como instrumentos até então pouco explorados e objetos sonoros. Podemos citar como grandes nomes da música do século XX o brasileiro Heitor Villa-Lobos e o russo Igor Stravinsky entre outros.
No Brasil o século XX foi também um século de ouro para a música brasileira. Após o período pós-guerra, o cenário artístico se preparava para um novo mundo com novos costumes. Com a evolução da tecnologia que nos trouxe vários novos utensílios e instrumentos musicais, como o sintetizador e o início de gravações elétricas, novas formas de criar e experimentar musicalmente também foi possível. Também surgiu a possibilidade de fundir ritmos de diversos outros lugares, como por exemplo, músicas da Europa com os brasileiros, que deram origens a outros novos ritmos como a Tropicália, Manguebeat, entre outros.
Trecho de “Tropicália” (Remasterizado), Caetano Veloso
A popularização da música no Brasil, se deu com a chegada da rádio, na década de 20, pois assim, era mais fácil a socialização dos diversos ritmos que existe no país, que antes era consumido através de nichos. Mas pouco se fala do que era consumido no país no início do século XX.
Como já citamos anteriormente, a música era consumida através de nichos, em lugares específicos. O Samba, Maxixe, Lundu, Xote entre vários outros, eram cultivados pelos povos de classe média, nos grandes salões de festas, sendo considerados pioneiros na música popular brasileira. As mulheres tinham seus espaços no cenário musical aprendendo a tocar piano, por influência da música clássica europeia e muitos desses ritmos surgiram por influência dos descendentes de africanos que viviam no país.
A classe popular não satisfeita por não poder frequentar os lugares apropriados, garantiu seu direito do consumo cultural os adaptando. No Rio de Janeiro, houve uma grande popularização do ritmo “chorinho”, que com grupos instrumentais de pau e corda, era executado com violões, flautas e cavaquinhos, prevalecendo por volta de até os anos de 1917. O frevo também foi adaptado para a comemoração do carnaval de rua, que antes era festejado como nos costumes europeus, com roupas de luxo e máscaras.
Tem-se como grandes referências do início do século grandes nomes, como Chiquinha Gonzaga, primeira pianista do choro, instrumentista e maestra brasileira, que também passeava pelos outros ritmos citados, e Pixinguinha, referência no chorinho carioca.
Chiquinha Gonzaga, “Atraente” (Maria Teresa Madeira, piano)
Nos anos 50 o rádio ainda era o principal veículo de divulgação de músicas e artistas. Sambas-canções, boleros e vozeirões imperavam. Mas o samba, forjado como o símbolo de brasilidade, ainda estava em alta também. Luiz Gonzaga, que começou a década ainda como uma febre com seu Baião e sua sanfona e Dorival Caymmi já se destacavam neste cenário.
Contudo, na metade da década, o Rock’n’Roll que recém-surgira nos Estados Unidos começou a se fazer ouvir por aqui. Os primeiros sucessos internacionais vieram através de Bill Haley, Elvis Presley, Chuck Berry, Little Richard entre outros.
Quase que paralelamente, no ano de 1959, Celly Campello estourou com “Estúpido Cupido”, de N. Sedaka e H. Greenfield, numa versão de Fred Jorge. Celly tambem gravou outros sucessos juntamente com seu irmão Tony, como por exemplo, “Canário” e “Tempo de amar”. Pode-se dizer que, nascia assim, o interesse da indústria musical pelos jovens no Brasil.
Quatro anos antes, especificamente em 1956, quando Tom Jobim se juntou ao poeta Vinicius de Moraes, ao ser convidado para compor a trilha da peça Orfeu da Conceição, a música brasileira deu o seu primeiro sinal de grande mudança. A parceria deu certo e a partir daí eles empreenderam uma renovação na música popular brasileira. Mas o apogeu dos bossanovistas seria mesmo no início da década seguinte. Em 1959, João Gilberto ainda estava apenas se firmando como uma grande estrela. Logo passaria a astro-rei. E além de João Gilberto, outras grandes revelações masculinas na década foram Cauby Peixoto, um verdadeiro fenômeno no mundo das celebridades. E Jhonny Alf, compositor e cantor que fez pérolas consideradas precursoras da Bossa Nova. Sobre o rock brasileiro, ele seguiu com uma crescente na preferência dos jovens e o principal nome que despontou foi o de Roberto Carlos.
Roberto Carlos e a Jovem Guarda
Roberto Carlos é de longe o artista mais bem sucedido da década de 1960. Em alguns momentos chegavam perto, como Wilson Simonal em popularidade, Elis Regina em influência ou Chico Buarque em tietagem. Mesmo assim, Roberto foi um verdadeiro fenômeno. Em menos de 10 anos, foi de artista relegado pela turma da Bossa Nova a maior vendedor de discos do Brasil e Rei da Juventude, coroado no programa do Chacrinha. Sem falar na aclamação pela vitória no Festival de Sanremo, na Itália, em 1968, cantando em italiano.
Ele já vinha conquistando muita fama antes mesmo de ser convidado pela TV Record para apresentar o programa “Jovem Guarda”. Mas, claro que com a audiência dominical de uma grande rede de televisão, a consagração foi definitiva.
O programa durou de 1965 a 1968, quando Roberto deixou a atração. Erasmo Carlos e Wanderléa dividiam a liderança do programa com ele. Porém, outros artistas também ficaram marcados pelas jovens tardes de domingo da Jovem Guarda, como Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Martinha, Vanusa, Leno e Lílian, Golden Boys, Renato e Seus Blue Caps, Os Vips e muitos outros. Sem falar de Ronnie Von e Rosemary, que não eram convidados ao programa, mas se destacavam em outros canais.
Os Festivais de Música Popular Brasileira e o surgimento da MPB
A moral de Roberto Carlos era tamanha que ele podia participar dos Festivais de Música Popular Brasileira. Porém, ele precisava dar uma pausa em seu estilo roqueiro e cantar músicas condizentes com o evento. Isso porque os artistas dos festivais abominavam o que era feito na Jovem Guarda, acreditavam que eram uns alienados que faziam músicas meramente comerciais, com forte influência cultural dos Estados Unidos (corresponsáveis pela ditadura).
Os Festivais de Música Brasileira começaram, de fato, em 1965 e avançaram pelos anos iniciais da década seguinte. TV Excelsior, TV Record e TV Globo tiveram um festival pra chamar de seu no período. As competições eram acirradas, agitavam a opinião pública, formavam-se torcidas e consagravam jovens artistas.
Os compositores mais marcantes em seguidas participações dos Festivais foram Chico Buarque, Edu Lobo, Geraldo Vandré, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Capinam, Nelson Motta, Dori Caymmi, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Milton Nascimento, por exemplo. E dentre os intérpretes, houve grandes momentos de Elis Regina, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Elza Soares, Claudia, entre outros.
Além dos Festivais, muitos desses artistas participavam de outros programas de televisão, como o Fino da Bossa, liderado por Jair Rodrigues e Elis Regina. Na briga pela audiência, o principal rival era Roberto e a galera da Jovem Guarda.
Foi por conta dessa rivalidade “engajados x alienados” que surgiu a sigla MPB. Afinal, em tese, o que os roqueiros do iê-iê-iê faziam também era música popular brasileira. Mas os engajados procuravam criar uma arte genuinamente brasileira. Moderna, mas atenta às tradições culturais e às raízes regionais de expressão popular do nosso país. Era preciso, então, marcar uma posição, algo que os diferenciasse. Assim, foi surgindo a ideia de dizer MPB, em caixa-alta, como a sigla de um partido político. MPB era sinônimo de Música Popular Brasileira de verdade, com letra maiúscula. O termo pegou, e, hoje em dia, quando se fala de música popular brasileira, nos remetemos somente a MPB. O que entendemos ser um terrível equívoco.
O Tropicalismo
Em termos dialéticos, a síntese do impasse viria com o Tropicalismo. Caetano e Gil, também determinantemente influenciados pela Bossa Nova, lideraram um movimento que pretendia subverter as normas estéticas da MPB tradicional. Tudo sem negar os cânones brasileiros e enaltecendo o papel de João Gilberto. Mas legitimando a obra de um Roberto Carlos, ou mesmo do que era considerado “cringe” (vergonhoso) à época. Incluindo tudo mais que vinha de fora, inclusive da cultura pop norte-americana. Era um acinte, pois pra termos uma ideia, não podia nem ter guitarra num Festival de MPB.
Juntaram-se a Gil e Caetano, Gal Costa, Tom Zé, Os Mutantes (Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias) Capinan, Torquato Neto, Radamés Gnattali, e até mesmo Nara Leão, avalizando as propostas do grupo. A repercussão das atitudes, das músicas e das apresentações/performances dos tropicalistas foi grande. Entre polêmicas e desafetos, não deu tempo de saber o que viria pela frente. Depois do Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968 (o golpe militar dentro do golpe), a Ditadura prendeu Caetano e Gil. Depois eles foram exilados e só voltariam ao país em 1972.
A música “brega”
Enquanto isso, havia aqueles que não sentiam a diferença entre um regime ditatorial e um democrático. Não disputavam os holofotes com os artistas engajados, mas buscavam um espaço na Jovem Guarda. Eles eram ignorados pelas classes média e alta e por conta disso passaram a ser chamados de bregas. Foi o caso de Waldick Soriano, Sérgio Reis, Reginaldo Rossi, Jane e Herondy, Nelson Ned e tantos outros que se lançaram para o sucesso em diferentes momentos nos anos 60 e 70.
Trecho de “Não se Vá”, Jane e Herondy
A música caipira-sertaneja
Foi em 1929 que surgiu a primeira música sertaneja como se conhece hoje. Ela nasceu a partir de gravações feitas pelo jornalista e escritor Cornélio Pires de “causos” e fragmentos de cantos tradicionais rurais do interior paulista, sul e triângulo mineiros, sudeste goiano e mato grossense.
Ela utilizada a viola caipira, gaita e também instrumentos regionais. Assim, os seus temas englobavam um Brasil rural, assim como a vida do homem caipira e a beleza das paisagens.
A partir disso o gênero continuou crescendo, e com o surgimento do rádio ele se expandiu por todo o Brasil. Diante disso grandes nomes foram criados como Tonico e Tinoco, Vieira e Vieirinha e Alvarenga e Ranchinho.
A partir da segunda metade dos anos 60, música caipira começou a ter traços mais românticos bem como começou a ficar mais parecida com o que conhecemos hoje como sertanejo. O estilo começou a evoluir com a introdução de elementos harmônicos da guarânia, polca paraguaia e o mariachi mexicano. Além dos instrumentos que compõem outros ritmos como a harpa e o acordeão. Os nomes mais conhecidos desta faze são as Irmãs Galvão, Irmãs Castro, Sergio Reis (que migrou da Jovem Guarda), bem como os famosos João Mineiro e Marciano, Trio Parada Dura, Milionário e José Rico entre outros.
Trecho de “Viva a Vida”, Milionário e José Rico
Já dos anos 80 em diante, a música sertaneja foi marcada pela introdução da Guitarra Elétrica.
Base de orquestra bem como o rock, foram incorporadas ao estilo. Além da alternação de solos e duetos com canções em ritmos de balada que falavam sobre o amor. E dentre os nomes mais famosos pela popularização desta fase foi Leandro e Leonardo, Chitãozinho e Xororó, Zezé Di Camargo e Luciano, Rick e Renner entre muitos outros.
Trecho de “Ainda ontem chorei de Saudade”, João Mineiro e Marciano
Com a crescente popularização da música sertaneja o ritmo ganhou novos moldes como a “sofrencia” e cantores(as) solos, alcançando os jovens universitários. Como resultado ele foi chamado de sertanejo universitário, ou basicamente o sertanejo do século XXI.
Entre os principais nomes estão a dupla Jorge e Mateus, Marilia Mendonça, Fernando e Sorocaba, Luan Santana, Gustavo Lima e outros.
Músicas Infantis
Os grupos de música infantil, embalados pelo sucesso dos programas de TV do gênero e dos desenhos animados, acompanhados pela indústria de brinquedos e sob grande influência do New Wave, como Balão Mágico, Trem da Alegria e Xuxa, também deixaram sua marca, são lembrados até hoje pela geração anos 80/90.
A lambada e o Axé Music
Lambada é a mistura do Carimbó paraense com a música metálica e eletrônica do Caribe. O grupo Kaoma lançou, em 1989, o hit “Lambada (Chorando se foi)”, considerado o boom do gênero, sendo sucesso em diversas partes do mundo. Aqui no Brasil o cantor Beto Barbosa se tornou um dos mais representativos emplacando vários hits do gênero.
A lambada tinha, como principal característica, os casais abraçados dançando um ritmo acelerado com giros e acrobacias, o que gerou muitos shows e concursos de dança pelo mundo.
O Axé Music surgiu na Bahia, diretamente ligado ao carnaval de Salvador, e se espalhou pelo país no final da década de 80. É uma mistura de ritmos e, dentre eles podemos citar o frevo pernambucano, ritmos afro-brasileiros, reggae, merengue, forró, maracatu e outros afro-latinos.
Uma das canções conhecidas como um marco na história do axé é “Fricote”, de Luiz Caldas – que na época era líder da banda Acordes Verdes e tinha Carlinhos Brown na percussão. A canção alavancou a carreira do artista e deu popularidade nacional ao gênero.
Muitos nomes e estilos musicais ficaram de foram deste resumo da musica brasileira, mas isso revela mais as nossas limitações, e não diminui em nada a importância que tiveram na época.
O auge do Rock Nacional
A década enfrentava uma transição entre ditadura e democracia, portanto tornou-se propícia para letras contestatórias, liberais e que refletiam a realidade do país naquele momento.
Em 1984, houve o Movimento Diretas Já, que reivindicava a volta das eleições diretas para Presidente da República e que levou milhares de jovens às ruas. O que acarretou, em 1985, no fim do regime militar e na eleição indireta de Tancredo Neves à presidência – que acabou morrendo antes mesmo de assumir o cargo e sendo substituído pelo, então, vice-presidente José Sarney. Só em 1989 foi acontecer a primeira eleição direta para Presidente da República, elegendo Fernando Collor de Mello.
O sentimento, em meio a esse turbilhão de acontecimentos no país, era de revolta e patriotismo. O início da abertura política trouxe consigo também a possibilidade de se fazer música de forma mais simples e direta do que as gerações que enfrentaram a censura faziam, como a Tropicália. Em busca de uma nação melhor e mais justa e inspirados pela explosão do rock mundial, os jovens brasileiros da época buscavam representação, liberdade de expressão e identidade, em meio a uma revolução sociocultural que estava acontecendo.
Este turbilhão fez formar a famosa “Geração 80” do Brasil, com arranjos mais fortes, letras politizadas e que prezavam pela liberdade de expressão. Eram bandas vindas de diversas regiões do país, cada qual com suas singularidades e referências. O interessante é que grande parte delas fazem sucesso até hoje. No entanto, com o passar dos anos e a popularização do gênero no mainstream, o rock nacional acabou se incorporando à MPB (Música Popular Brasileira) e perdendo um pouco das suas características contestatórias.
Porém, em 1985 com o Rock in Rio, criado por Roberto Medina, as bandas de rock nacional começaram a se consolidar e se profissionalizar dentro do cenário musical. O movimento se legitimou ao lado de grupos famosos de metal, como ACDC, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Scorpions e Whitesnake.
As bandas que mais se destacaram neste período foram: Legião Urbana, liderada por Renato Russo, considerado um dos maiores letristas da geração, ao lado de Cazuza; e Capital Inicial, por Dinho Ouro Preto, e Plebe Rude. Magazine de Kid Vinil, Dr. Silvana e CIA, Rádio Táxi, Metrô, Absyntho e muitos outros.
Os anos 70
Para começar a falar da música dos anos 70, é preciso voltar um ano atrás, ao ano 1969, ao que significou o Woodstock Festival. Foi um ponto culminante imbatível para fechar aquela década em sua versão americana. Rock e psicodelia, tanto nos Estados Unidos quanto na Grã-Bretanha, tornaram-se um em dois. Os hippies pareciam comer tudo, deslocando para sempre a geração que amava a música dos 50. O punk dos anos 70 nos EUA não era o mesmo do que que era no Reino Unido, e nem o glam ou o pop em si, mas de alguma forma era tudo um.
No início dos anos 70, a tendência na música não mudou radicalmente; em vez disso, o fez passo a passo. No entanto, em meados da década de 1970, a posição anterior começou a ser confrontada. A música negra nunca morre, mas o punk nasce e morre, por exemplo, em pouco tempo. Um movimento que, em sua explosão de raiva, não durou muito, embora possamos dizer que nunca morreu completamente, dando origem ao New Wave. Nesta década se destacaram também muitos grupos e cantores com uma pegada mais romântica, baladas e as tão famosas músicas de discoteca ou disco, que teve suas raízes nos clubes de dança voltados para negros, latino-americanos e apreciadores de música psicodélica, além de outras comunidades na cidade de Nova York e Filadélfia. Desta época, podemos destacar: KC & the Sunshine Band, Santa Esmeralda, Donna Summer, Gloria Gaynor, ABBA, Boney M., Bee Giss, Jackson 5. As mais românticas podemos citar também Rita Coolidge, The Hollies, B.J Thomas, The Carpenters, Bread, Harry Nilsson, Elton John, Majority One, Roberta Flack, The Stylistics, Chicago, Kansas, Patrick Hernades. No rock temos The Beatles, The Doors, Led Zeppelin, Janis Joplin, Aerosmith e muitos, mais muitos outros, que seria impossível listá-los aqui. Veja abaixo um clip com um pouco das músicas desta época.
Anos 80 – Uma década de Ouro
Um fato que não tem como ser negado é que as músicas dos anos 80 se tornaram uma referência no mundo todo; foi também a década mais reverenciada no cinema e na TV. Havia uma certa inocência que fazia a gente produzir coisas muito simples, e a simplicidade sempre ajuda o público a responder àquelas produções. Nos anos 80 a ideia era simplesmente se divertir. Dizem que foi a década que não terminou.
O uso da tecnologia que já vinha sendo experimentada nos anos 70 se tornou mais acessível aos novos artistas nos anos 80, bem como os instrumentos musicais e, com o crescimento econômico, comprar discos de vinil e fitas K7 ficou mais fácil.
A experimentação corria solta, bandas reinventavam o uso de instrumentos convencionais, os integrantes usavam roupas e penteados com cortes extravagantes, numa clara apologia à fuga de regras, o que de certa forma atingiu o estilo musical.
Foi a década da música eletrônica e da moda colorida e futurista. Nesta época, a New Wave e o Synth-Pop se tornaram os gêneros musicais mais populares, assim como toda a estrutura da Dance Music. Entre as bandas de sucesso na época expoentes destes gêneros estavam: Alphaville, A-ha, Depeche Mode, Tears for Fears, Cindy Lauper, Duran Duran, New Order, Rick Astley, Erasure, Eurythmics, Pet Shop Boys, Human League e Milli Vanilli.
Michael Jackson foi definitivamente o maior ícone da década de 1980, com imagem e estilos marcantes. Seu famoso álbum de 1982, Thriller, tornou-se o álbum mais vendido de todos os tempos.
Madonna foi a maior estrela e símbolo feminino dos anos 80, com os primeiros anos da carreira marcados por controvérsias e aplicações de tendências ao mainstream, da sonoridade dançante à moda.
Como o termo Disco havia saído de moda nos primeiros anos da década, gêneros como Pós-Disco, Ítalo Disco, Euro Disco e Dance-pop tornaram-se mais populares com representantes como Baltimora, Laura Branigan, Gazebo, Spagna, Savage, Desireless, Bad Boys Blue, Modern Talking, etc.
Muitos hits foram embalados pelo cinema principalmente com a grande popularidade dos filmes de dança como Flashdance, Footloose e Dirty Dancing.
A ascensão do Pop favoreceu o surgimento das populares Boy Bands da década, Menudo e New Kids on The Block, além de ter impulsionado a música romântica através de artistas como Whitney Houston, Air Supply, Bryan Adams, Roxette, etc.
Rock Internacional
Logo no início dos anos 80 surgiu no underground a subcultura gótica na Inglaterra, derivada do gênero Pós-punk (com raízes no Punk Rock, porém mais introvertido, complexo e melancólico) de bandas como The Cure, Joy Division e Talking Heads.
O Heavy Metal, junto com o movimento New Wave of British Heavy Metal, recebeu inúmeras vertentes ainda mais rápidas e pesadas, como o popular Thrash Metal, consagrando bandas como Iron Maiden, Metallica, Slayer, Megadeth, Judas Priest e Anthrax.
Conservando as raízes do Hard Rock merecem destaque os longos períodos de sucesso que tiveram as bandas Bon Jovi, Van Halen, AC/DC, Guns n’ Roses, Def Leppard, Twisted Sister, Whitesnake e Scorpions.
Em meados dos anos 80, foi criado o Sepultura, tido por alguns como a maior banda de Heavy Metal brasileira.
Inúmeras bandas consagradas de Rock e Pop surgiram nos anos 80 como Queen, U2, The Police, The Smiths e outras já vindas de décadas passadas tiveram seu auge nos anos 80 como Tina Turner e Dire Straits.
Rap e Hip Hop
Afrika Bambaataa, produtor musical e DJ estadunidense, além de ter inovado os paradigmas do Electro, também é reconhecido como sendo o padrinho do Hip Hop. Foi o primeiro a utilizar o termo e dar as bases técnica e artística para o ritmo, formando assim uma nova cultura que se expandia nos bairros negros e latinos da cidade de Nova Iorque e que congregava DJs, MCs, Writers (grafiteiros), B.boys e B.Girls (dançarinos de Breaking). Podemos ver um pouco disso no clip da música Buffalo Gals (1982) de Malcoln McLaren.
Grupos como Public Enemy, Grandmaster Flash and the Furious Five, Run-DMC e MC Hammer chegaram a figurar entre os “100 Maiores Artistas de Todos os Tempos” pela Revista Rolling Stones.
Surgiam com isso, os grupos de rap nacional tendo como precursores os frequentadores das reuniões da cultura Hip Hop no Brasil no fim da década: Ndee Naldinho, Thaíde e os membros do RZO e do Racionais MC’s.
House Music
Foi nos anos 80 que surgiu a vertente da música que mais originou variantes, a House Music. Inspirada em experimentações de batidas dos anos 70, principalmente da Disco Music, teve como principais representantes: Lee Marrow, Inner City, Capella, Black Box e claro, o Acid House de Bomb The Bass, S’Express e M.A.R.R.S. entre outros.
Freestyle
Um ritmo que ganhou grande popularidade foi o Freestyle (conhecido também por Miami Bass ou Funk Melody). Iniciado pelo Afrika Bambaataa em sua faixa “Planet Rock” sob bases da música eletrônica e da Disco Music dos anos 70 e posteriormente eternizados por artistas como Noel, Stevie B., The Cover Girls, Lil Suzy, Company B., Information Society, Shannon, The Voice in Fashion e Kon Kan.
Vale ressaltar que as danças urbanas como o freestyle, hip hop, funk, street dance tem como referência as praticas que surgem de contextos de periferia e do choque cultural. Elas são criadas com base em ideias de lutas e protestos. Racismo e viol~encia policial são frequentes. Veja abaixo o clip Grandmaster Flash e Furious Five – The Message traduzido.
Cinema
O cinema foi provavelmente a indústria mais afetada nesse período de tempo, que serviu de base para a criação do cinema que temos hoje. Nessa época, o público estava se tornando mais ativo no cinema do que anteriormente era, sendo assim, uma mudança começou a ocorrer. Uma nova geração foi se criando, então os filmes começaram a ser moldados a partir de suas preferências e gostos. Portanto, podemos dizer que foi bem aí que o cinema começou a entender seu público alvo.
Foi nessa de década que o público começou a ter voz ativa. Então os filmes de maior lucro, eram os que faziam sucesso entre os adolescentes. Sabendo disso, criou-se novos estilos, que mais tarde se tornariam um gênero próprio do cinema. A fama dos filmes da época foi tanta que hoje em dia se consolidaram como clássicos, dentre eles temos ‘De Volta Para o Futuro’, ‘E.T.:O Extraterrestre’, ‘Os Caça-Fantasmas’, ‘O Clube dos Cinco’, ‘Curtindo a Vida Adoidado’, ‘O Exterminador do Futuro’, ‘Star Wars: O Império Contra-Ataca’, ‘Indiana Jones: O Templo da Perdição’, ‘Dirty Dancing’, ‘Gremlins ‘, ‘Robocop’, entre outros, que são inspirações até hoje.
Anos 90
Falando em música nos anos 90, logo vem à mente a MTV. Ela surgiu oficialmente nos Estados Unidos em 1981 e foi importante veículo para vários artistas. De Michael Jackson a Guns and Roses, muitos aproveitaram ao máximo a versatilidade do formato videoclipe.
No Brasil ela aterrissou uma década depois, no dia 20 de outubro de 1990. A partir de então o resto é história. Se antes o sonho de qualquer banda de garagem era gravar um disco, depois que a MTV entrou em cena o sonho ganhou mais um item: gravar também um clipe. Além disso, quem queria ficar por dentro das notícias da música pop ligava a televisão e sintonizava na MTV.
O impacto da Music Television na música pop dos anos 90 foi enorme. Artistas das antigas (como o Aerosmith) encontraram um novo público quando investiram na linguagem dos clipes, já os novos artistas (como o Nirvana) agarraram o formato com unhas e dentes.
Esta década forneceu um cenário musical muito diverso, com o surgimento e consolidação de muitos novos gêneros e subgêneros musicais.
Por exemplo, no Brasil, se de um lado tínhamos o rock seguindo a linha de crescimento dos anos 1980, do outro, o funk começava a ganhar espaço no mainstream e o pagode se consolidava como o gênero musical que marcou a década no país.
Do lado do sertanejo, enquanto isso, o sertanejo romântico entrava em seu auge, com artistas como Zezé Di Camargo & Luciano e Bruno & Marrone.
Já no cenário internacional, em especial nos Estados Unidos e Europa, o rock tomava várias formas, com o rock alternativo, o grunge, o skate punk, o heavy metal e o hard rock.
Já do lado do pop, artistas como Britney Spears, Celine Dion, Backstreet Boys, Mariah Carey, Whitney Houston, Michael Jackson, Madonna e Spice Girls que foi o boom dos anos 90 e marcaram a década.
Enquanto isso, no continente asiático tínhamos o fenômeno do Japanese Rock, o início do J-pop e o começo do Asian Pop, que levaria a consolidação do K-pop nos anos posteriores.
Cinema
A década de 90 até que foi um período interessante em se tratando de filmes. Ela rendeu uma considerável quantidade de clássicos, obras marcantes que, se não ganharam o Oscar, pelo menos deixaram a sua marca indelével na cultura pop.
Quando falamos em filmes, Forrest Gump, Jurassic Park, Ghost, Titanic e Pulp Fiction são apenas alguns nomes de uma lista imensa.
Televisão
A televisão sempre foi importante para a cultura pop, lançando tendências e influenciando comportamentos. Durante a década de 80 e 90 praticamente não havia lar que não tivesse uma televisão na sala funcionando quase 24h por dia.
Nos anos 90 o entretenimento televisivo rendeu séries que garantiam para as emissoras algo muito valioso na época: a audiência.
A década de 90 revelou algumas séries que foram assistidas por milhões de espectadores que, mesmo nos digitais tempos atuais, ainda conquistam alguns fãs neófitos. Podemos citar algumas como: Arquivo X, Simpsons, Friends, Seinfeld, Barrados no Baile, Anos Incríveis, Law & Order, Lois & Clark, The Nanny, Plantão Médico entre outras.
Seculo XXI
Ao contrário dos anos 90 em que a sociedade se manteve fiel aos mesmos gêneros musicais, os ritmos e a nova forma de se ouvir música influenciaram bastante as pessoas durante os anos 2000 e ainda continuam a evoluir. Os cds acabaram perdendo força com o lançamento dos MP3 players, se tornando cada vez mais frequente adquirir música a partir de downloads e redes sociais. Apesar disso, a década marcou também a volta de mídias antigas, como no ano de 2008, onde as vendas de discos de vinil aumentaram, cerca de 1,9 milhões de unidades foram vendidas, sendo um número superior à qualquer ano no mercado fonográfico desde 1991. A utilização da internet aumentou muito a medida em que os anos se passavam ao longo da década. Contudo, esse aumento acabou potencializando a popularização dos downloads ilegais de músicas protegidas por direitos autorais, causando uma certa tensão entre a indústria musical e o público e gerando dúvidas sobre a popularidade das músicas nas paradas de sucesso.
O som virtual surgiu com a popularização da internet nos anos 90 e a interface de comunicação acaba tendo papel fundamental nos métodos de transmitir a informação pela internet. O mp3 (como já citamos) surge como um algoritmo que reduz drasticamente o tamanho do arquivo de áudio e, consequentemente, sua qualidade. Entretanto, essa perda era muito menos importante para os ouvintes do que a capacidade de ouvir e trocar músicas online com o mundo todo.
Em pouco tempo a internet se transformou no pesadelo das gravadoras, iniciando aí, de forma estrondosa, a pirataria digital e o declínio dos selos. Além da pirataria, a internet, pela primeira vez, permitia o contato entre o artista e o público, ou a troca de informação de um músico russo com um ouvinte no interior do Brasil.
Com a evolução dos sites, blogs e redes sociais, o mercado viu seu público consumidor se alterar completamente. Novos maneiras de consumir a música ampliaram também a criação musical. Álbuns que antes eram tradicionalmente vendidos, passam a dar lugar a singles e EPs lançados com maior frequência e distribuídos por sites de streaming.
Toda essa evolução também modificou os tipos de músicas criadas. Elementos eletrônicos, sons mais digitais, sintetizadores, ferramentas de distorção e correção sonora se tornaram mais presentes na música atual. O mercado da música eletrônica, que até 30 anos atrás não era tão disseminado, hoje é tendência mundial, permitindo inclusive músicas eletrônicas ocuparem as primeiras posições em vendas no mundo todo.
A música que antes só podia ser apreciada se ouvida ao vivo, em moldes mais clássicos e acústicos, hoje, é possível ser apreciada em qualquer lugar, como no celular, ou também ser totalmente produzida em um computador.
Toda instantaneidade musical em que vivemos tornou as músicas com prazos de validade, além de ter gerado uma certa homogeneidade criativa.
O Youtube hoje é o termômetro da música, de uma forma tão significativa como a Billboard (Revista semanal estadunidense da Prometheus Global Media fundada em 1894, especializada em informações sobre a indústria musical) foi nas últimas décadas. Embora a tendência seja de um mercado cada vez mais voltado para a portabilidade, com cada vez mais concorrência e, automaticamente, com carreiras mais passageiras, precisamos esperar para descobrir o que o futuro reserva para a indústria fonográfica. Vale lembrar que plataformas como Deezer e Spotify somam juntas mais de 100 milhões de músicas disponíveis para usuários da versão gratuita e pagantes.
As plataformas sustentam que todas as milhões de faixas estão disponíveis no mundo todo. Isso sem contar o Youtube que sozinho tem batido recorde em visualizações de seus vídeos, tais como:
1. “Despacito” de Luis Fonsi – 7,57 bilhões de visualizações;
2. “Shape of You” de Ed Sheeran – 5,48 bilhões de visualizações;
3. “See You Again” de Wiz Khalifa – 5,29 bilhões de visualizações;
4. “Uptown Funk” de M. Ronson, com Bruno Mars – 4,32 bilhões de visualizações;
5. “Gangnam Style” por Psy – 4,21 bilhões de visualizações.
A Música Gospel e sua origem
Bem resumido, as primeiras canções do que hoje conhecemos como Gospel foram influenciadas pela igreja afro-americana e seus corais. Nessa linha, os temas estavam ligados ao Evangelho, incluindo-se os ensinamentos de Deus, a vinda do Messias ao mundo e a aclamação ao Espírito Santo.
O Negro Spirituals, talvez um dos estilos antigos de música negra que na realidade teve aproximação do Gospel. O ponto de tal história curta é a música que passou da igreja afro-americana e serviu de inspiração para os corais modernos, o Gospel contemporâneo da atualidade que é a Música Cristã Contemporânea, artistas do estilo Rhythm & Blues, sem contar mais estilos da música do gênero.
Muitos dizem que o estilo Gospel foi fundado com o hino “There Will Be Peace in the Valley”, o compositor Thomas A. Dorsey é visto como o pai da Música Gospel. Originalmente, a canção foi composta em 1939 para a cantora Mahalia Jackson, mas depois ganhou versões de Sam Cooke e Elvis Presley.
No começo da carreira, Thomas se apresentava pianista de destaque do Blues, popular por Georgia Tom. Ele iniciou a escrever Gospel após ouvir Charles A. Tindley em convenção dos músicos ocorrida em Filadélfia, e então, ao abandonar as letras de maior agressividade de mais músicas, ele não largou o ritmo do Jazz bastante semelhante ao de Tindley.
Foi responsabilidade de Dorsey a fundação da Convenção Nacional de Corais Gospel norte-americana, no ano 1932, organização que tem existência até dias atuais em origem do estilo gospel dos EUA. Em paralelo, a Música Cristã Negra inspirou muitos outros artistas, como: Mahalia Jackson, a rainha do Gospel, James Cleveland, o rei da Música Gospel, Sallie Martin, a mãe do Gospel, Larry Norman, o pai do Rock Cristão, Andraé Edward Crouch, o pai da Música Cristã Contemporânea.
Um grande divulgador deste gênero foi Elvis Presley, inclusive chegou a ganhar o GRAMMYs três vezes. Ele amava esse tipo de música, assim como o rock” n” roll, o blues e o country. Dentre suas produções, destacam-se quatro álbuns gospel:”Peace in The Valley” (1957), “His Hand in Mine” (1960), “How great Thou Art” (1967) e “He Touched Me” (1972). Ele é considerado por muitos como um dos maiores representantes da Música Gospel Estadunidense.
Após essa abertura, outros nomes se destacaram, como Mahalia Jackson, que protagonizou o funeral de Martin Luther King com a música de Dorsey, “Take My Hand, Precious Lord” (Segure minha mão, Precioso Pai); Clara Ward, Edwin Hawkings Singers, cantor do tão famoso e conhecido “Happy Day”, e James Cleveland, reconhecido por muitos como o “Rei do Gospel, não por ter uma voz melodiosa, mas por seu carisma e grande audiência. Ele foi o responsável por fundar a maior convenção Gospel do Mundo, a Gospel Music Workshop of América.
Como exemplo, podemos destacar: Al Green, Michael W. Smith, Petra, Amy Grant, Kirk Franklin, Maverick City Music, Sandi Patty, Aretha Franklin, Lauren Daigle entre outros.
O Gospel no Brasil
No Brasil, a Música Gospel – que também chamamos de evangélica, chegou através de missionários batistas e presbiterianos americanos. Algumas igrejas aqui adotaram o estilo tradicional deste gênero e traduziram os hinários para a língua portuguesa, como o Cantor Cristão e a Harpa Cristã. Contudo, o estilo só veio se concretizar mesmo na década de 80, mas com um sentido moderno e bem diferente do tradicional.
Destacamos aqui alguns artistas da Música Gospel Brasileira em diversos estilos: Aline Barros, Cícero Nogueira, Feliciano Amaral, Luiz de Carvalho, Matheus Iensen e Irmãs Falavinha, Oficina G3, Cassiane, Raiz Coral, Arautos do Rei, Ludmila Ferber, Cristina Mel, Renascer Praise, Fernanda Brum, Prisma Brasil, Vitorino Silva, Asaph Borba – Life , Ademar de Campos, Koinonya, Grupo Integração, Vencedores por Cristo, Grupo Mensagem, Ana Paula Valadão, Voz da Verdade, Guiomar Victor, Anderson freire dentre muitos outros. Sobre estes grupos e cantores, falaremos amis adiante.
Vale lembrar que a primeira gravação de uma música evangélica ocorreu em 1901, em São Paulo, pelo cantor José Celestino de Aguiar, antes mesmo de uma gravação secular. Na ocasião ele gravou a música Se nos Cega o Sol Ardente. Outro cantor evangélico, José D’Araújo Coutinho Júnior, de São Paulo dos Agudos- SP, na mesma época, gravou uma música de um coral com um cilindro usado. Porém, foi por volta de 1970 que realmente as gravadoras evangélicas começaram a se firmar no Brasil. A exemplo disso é a gravadora Califórnia, que não era exclusivamente do segmento cristão, mas que, por diversos motivos e interesses, investia na música gospel. Só para ter uma idéia, esta gravadora lançou cerca de 400 títulos evangélicos.
A popularização da música gospel ocorre especialmente nos anos 80, quando alguns cantores e bandas como Asaph Borba, Ademar de Campos, Grupo Logos, Sérgio Pimenta, Shirley Carvalhaes, Vencedores por Cristo, Voz da Verdade, Koynonia fazem, do movimento, algo notório no país.
Nos anos 90 e 2000, surge a música de adoração, artistas como Aline Barros, Ana Paula Valadão, Cristina Mel, David Quilan, Denise Cerqueira, Eyshila, Fernanda Brum e Soraya Moraes representam bem essa vertente, devido aos louvores ministrados nas igrejas, levando o público a um estado reflexivo, de gratidão a Deus.
No mesmo período a música pentecostal, sem dúvida, foi uma das vertentes musicais dentro gospel que mais se destacou, principalmente pela composição das letras de linguagem simples, acentuadamente voltadas para as necessidades espirituais, emocionais e materiais do ser humano, com o emprego de expressões como: azeite quente, varão de fogo, receba o mistério, receba a tua benção, entre outras, muito comuns nos ambientes propícios à manifestação do dito “pentecostes”.
Geralmente, os cantores pentecostais são conhecidos como “cantores do fogo”, em clara referência ao livro de Atos em seu capítulo 2. As mensagens das músicas pentecostais evangélicas, inicialmente, já manifestavam vocação para o imediatismo humano, dando ênfase à teologia da prosperidade, que prega curas instantâneas, restaurações emocionais e bênçãos. Logo, essa vertente da música evangélica, trouxe mais espontaneidade na expressão da fé, o que, de certo modo, é sua característica mais peculiar – o contato direto com o sagrado. Os cantores que mais se destacaram neste seguimento foram: Cassiane, Damares, Elaine de Jesus, Eliane Silva, Mara Lima, Jozyanne, Lauriete, Rose Nascimento, Paula André, Elias Silva e Shirley Carvalhaes. Estes representaram bem essa vertente, devido aos louvores ministrados nas igrejas, levando o público a um estado de elevação espiritual e de fé, com canções que normalmente relatam fatos bíblicos de milagres e curas.
Crescimento e mudança de mentalidade no gospel atual
Com o crescimento da população evangélica no Brasil, a música gospel tem se destacado com maior relevância. Isso tem colaborado para que a qualidade das canções, dos grupos, cantores e conjuntos mudassem sua trajetória, que até então deveria ser sempre a de olhar para cima, para Cristo, passou a ser mais voltada para o homem e para as coisas terrenas.
Hoje infelizmente está se produzindo muita música gospel para entreter, para agradar o gosto deste ou daquele freguês” o que em alguns casos acaba desvirtuando o propósito da música dentro do Evangelho.
É lamentável que alguns cantores não têm sido tratados como “adoradores, ministros”, e sim, como “atores, o que torna a música gospel o produto de um “show, onde se faz algo para arrancar aplauso, para glória humana e totalmente ao contrário do que Cristo nos ensina.
A música que agrada a Deus tem algumas características distintas. 1º: a sua origem é divina. O Salmo 40:3 diz ‘e me pôs nos lábios um novo cântico’. Essa música [gospel] precisa vir de Deus, precisa emanar das Escrituras, precisa expressar as verdades cristãs, não pode ser uma música com enganos por erros teológicos; 2º: essa música tem um propósito. É um hino de louvor ao nosso Deus. Essa música vem do céu, e retorna para o céu. Ela vem de Deus, e retorna para Deus.
Em entrevista recente ao podcast “Papo com Clê”, apresentado pelo produtor musical Clemente Magalhães, Sérgio Lopes, cantor super conceituado no Brasil inteiro devido às suas composições poéticas e melódicas, com letras profundas e bem elaboradas. Segundo ele (o que nós concordamos plenamente), a música gospel da década de 80 é bem diferente da música gospel atual.
“A música religiosa mudou muito, é bem diferente daquela que era feita na década de 80. Naquela época era mais focada em questões mais ligadas a dogmas e doutrinas. Hoje, a música gospel é mais focada na questão da autoajuda, ajudando pessoas a encontrarem respostas para seus problemas”, explicou”.
O que de fato nos consola, é que Cristo não mudou e nunca mudará. Muitos estilos vêm e vão. Mudam-se as culturas, os métodos e as vezes até a forma. Porém, musica real, cristã que fala do amor de Cristo, que transforma e salva o pecador, esta nunca deixou de existir. Permanecerá até que o nosso Cristo venha buscar a sua Igreja.
Vamos tentar traçar uma linha com os melhores e mais conceituados músicos que fizeram diferença – e ainda fazem, no tão almejado meio gospel da música. Obviamente não conseguiremos falar de todos, mas nos esforçaremos para falar dos principais. Estar ou não estar nesta lista, pode não significar ser pior ou melhor, tudo é uma questão de espaço, ponto de vista e interpretação. Até porque seria impossível citar todos.